A Igreja em Tempos de Coronavírus



ID: 3207

O que tem a ver a Reforma com epidemia?

07/10/2020


Pedirei a Deus para, misericordiosamente, proteger-nos. Então farei vapor, ajudarei a purificar o ar, a administrar remédios e a tomá-los. Evitarei lugares e pessoas onde minha presença não é necessária para não ficar contaminado e, assim, porventura infligir e poluir outros e, portanto, causar a morte como resultado da minha negligência. Se Deus quiser me levar, ele certamente me levará e eu terei feito o que ele esperava de mim e, portanto, não sou responsável pela minha própria morte ou pela morte de outros. Se meu próximo precisar de mim, não evitarei o lugar ou a pessoa, mas irei livremente conforme declarado acima. Veja que essa é uma fé que teme a Deus, porque não é ousada nem insensata e não tenta a Deus.

extrato da Carta “Se alguém pode fugir de uma praga mortal!” escrita por Martin Lutero ao Rev. Dr. Johannes Hess

 Nos anos de 1527 e 1535, Wittenberg foi tomada pela peste. A maior parte da população saiu da cidade. [...] A família Lutero, no entanto permaneceu na cidade. Hospedaram e cuidaram de doentes em sua casa e, logicamente, a maior responsabilidade estava sobre os ombros de Katharina. Tem-se notícias de que algumas pessoas que estavam aos seus cuidados conseguiram resistir à doença.

Katharina von Bora: uma biografia, de Heloísa Gralow Dalferth, p. 44

    Na época da Reforma, a pandemia da peste bubônica assolava a Europa. Fazia com que cidades e vilas inteiras migrassem, procurando manter-se com vida. Diante da falta de conhecimento pleno sobre o processo da pandemia muitas pessoas procuravam fugir, enquanto outras entendiam a doença como castigo divino.
   Com Lutero, podemos observar uma nova perspectiva diante da pandemia. Não é só fugir e salvar o próprio pescoço, nem ficar quieto acreditando num poder divino que não permitirá que a doença ataque. Lutero procura ser coerente entre a sua fé e o seu agir. Não cometer loucuras dizendo que Deus está junto, nem fazendo que conta que a situação do próximo não lhe corresponde. Ainda que Lutero vivia acreditando estar perto do fim do mundo (pelas inúmeras guerras, fomes e doenças), mesmo assim ele procura ajudar naquilo que foi necessário.
   Podemos viver também hoje nesse espírito da Reforma, sermos conscientes das nossas limitações, mas também de nossos deveres. Não fazendo de conta que a Covid-19 não existe, mas também não nos encerrando numa bolha sem importar com o que acontece ao nosso redor. Procurar ações de cuidado próprio (uso de máscara, álcool, distanciamento social) e ao mesmo tempo ações que melhorem a vida do próximo (rede de favores, doações, ajudas, cestas básicas, atendimento a doentes) com certeza seria parte das recomendações do Reformador para os nossos dias.
   Mas Lutero e Katharina não vivem mais, cabe a cada um de nós, pessoas cristãs de confissão luterana no século 21, encontrar o caminho para vivermos “uma fé que teme a Deus, porque não é ousada nem insensata e não tenta a Deus”.

Pastor José Kowalska
 


Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Rio de Janeiro - Bom Samaritano (Ipanema-RJ)
Área: Missão / Nível: Missão - Coronavírus
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 59387

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A vida cristã não consiste em sermos piedosos, mas em nos tornarmos piedosos. Não em sermos saudáveis, mas em sermos curados. Não importa o ser, mas o tornar-se. A vida cristã não é descanso, mas um constante exercitar-se.
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