“Dá-me a conhecer, Senhor, o meu fim e qual a soma dos meus dias, para que eu reconheça a minha fragilidade” Salmo 39.4
Desde março de 2020 o mundo vive dias incertos e difíceis. Mais uma vez, ao longo de sua história, a humanidade é confrontada com a realidade de uma pandemia. Todas as pandemias trouxeram muita dor, sofrimento e perdas. A pandemia da COVID-19 não tem sido diferente. A diferença, no entanto, é que vivemos num mundo que avançou muito tecnologicamente desde a última pandemia, no início do século XX. Há um grande desenvolvimento científico desde então. A medicina é um grande exemplo disso, trazendo tratamentos e medicamentos para uma série de enfermidades, que assolam a população. Inclusive, as vacinas contra a COVID-19, são provas disso.
Contudo, há um aspecto que não mudou. Apesar de todo o desenvolvimento científico, apesar de ver tantos tratamentos de saúde serem possíveis, o ser humano continua o mesmo, frágil, mortal e indefeso. Nem os mais modernos recursos tecnológicos e medicinais impedem o vírus ou qualquer outra doença de atingir o ser humano. Hoje somos reféns de um vírus invisível, que não escolhe quem deseja contaminar. Diante desta realidade trágica, a Palavra de Deus nos ensina a não nos desesperarmos.
Se tem algo que a pandemia da COVID-19 tem ensinado para o ser humano é o reconhecimento de sua finitude, de sua fragilidade. E é exatamente isso que o Salmo 39 nos quer fazer enxergar. O salmista não se desespera diante de sua situação e condição humana. Mas clama a Deus. Ele não está suplicando para saber o dia e a hora de sua morte, mas que Deus lhe dê sempre de novo a consciência de sua finitude e fragilidade, para poder viver diante da presença de Deus. Saber que somos mortais não nos leva ao desespero. Pelo contrário, nos leva ao reconhecimento da nossa fragilidade e a confessar, assim como o salmista: “E eu, Senhor o que espero? Tu és a minha esperança” (v.7). Quem reconhece a sua fragilidade diante de Deus, pode viver com esperança também em meio a uma pandemia, pois quem tem a última palavra sobre a nossa vida não é um vírus, mas o próprio Deus, o doador da vida! É por isso, que Jesus Cristo assumiu a nossa fragilidade e ressuscitou dentre os mortos para nos trazer a vida eterna (João 3.16).
Prof. Dr. Roger Marcel Wanke
Diretor Geral da Faculdade Luterana de Teologia
São Bento do Sul