Examinem todas as coisas, retenham o que é bom.
Abstenham-se de toda forma de mal.
1 Tessalonicenses 5.21s.
Nem a pandemia da Covid-19 perdoou o carnaval carioca. A Sapucaí não teve os famosos desfiles das escolas de samba, nem os tradicionais blocos festejaram pelas ruas. Uma situação totalmente atípica para uma cidade que vive com fervor o carnaval. Mas, como isso é possível? Não será talvez um exagero?
O carnaval, que antecede a quaresma, era por muitos anos o último suspiro antes da rigidez imposta pela religião. Nada de festas, alegrias ou celebrações. Depois da Quarta-Feira de Cinzas tudo devia girar em torno do caminho de Jesus à cruz e da necessidade das pessoas se arrependerem e mudarem para melhor a sua vida.
A pandemia não permitiu esse último suspiro. Estamos em tempo de reflexão desde março de 2020, quando foram impostas limitações e indicados os cuidados necessários para evitar a disseminação de uma doença que ainda hoje guia o ritmo das pessoas. Mas assim como a pandemia mudou a vida, também demostrou como as pessoas agem de formas diferentes em situações além do considerado normal. Quase a diário, as pessoas são confrontadas com opiniões diferentes. Como agir diante desse panorama?
Tenho escutado de diversos estudiosos que as crises aceleram os processos. No caso da pandemia, acredito que ajudou a mostrar a cruel realidade em que a sociedade brasileira e carioca se encontra. Nestes tempos de pós-verdades na sociedade líquida, as pessoas são confrontadas com enunciados contraditórios: usar ou não a máscara, vacinar-se ou não, escutar a ciência médica ou acreditar em outras fontes, viver a vida com plena liberdade ou com certas limitações. O que antes parecia ser uma certeza, ganhou um grande signo de interrogação.
Quem diz a sua verdade até que apresenta argumentos, mesmo que não consigam ser sustentados. Tem político e não político furando fila pela vacina, pois querem cuidar da vida (neste caso da própria vida). Quem pode ser contra da preservação da vida? Mas, e se esse cuidado é tão egoísta que não se importa de pular a vez? Será que ainda é correto?
Até existem frontes diferentes naquilo que deveria ser um dos maiores anseios dos cristãos luteranos, o ecumenismo sendo vivenciado. A Campanha da Fraternidade, que este ano é ecumênica, está sendo questionada. Ela que quer fazer pontes e permitir diálogos, também foi politizada. Será que é correto?
Poderia continuar a escrever e relatar diversos fatos que hoje são questionados e diante dos quais as pessoas tomam posição e até cavam as suas trincheiras para defender e machucar quem ousa em pensar diferente. Porém, isso seria colocar o dedo na ferida, algo que talvez já tenha feito com esses singelos exemplos. A minha intenção é somente alertar, e para você que se diz pessoa batizada seguidora de Cristo fica a exortação do Apostolo Paulo: Examinem todas as coisas, retenham o que é bom. Abstenham-se de toda forma de mal.