A Igreja em Tempos de Coronavírus



ID: 3207

Mesmo em meio às dificuldades - Culto 20/06 Paróquia Bom Samaritano, Ipanema, Rio de Janeiro/RJ

Culto on-line 2 Coríntios 6.1-13

19/06/2021


Pregação baseada em 2 Coríntios 6.1-13

Antes de ler esse texto de Paulo, é preciso respirar fundo, pegar fôlego e ir. Ainda que a leitura tenha sido feita de forma pausada, parece tudo tão rápido. Que vida, com altos e baixos! E se ficamos dentro do pensamento do Apóstolo: ele vai fundo e cada vez mais fundo; assim como também sobe e está com o astral mais alto cada vez. No início, há tribulações, medo, perseguições, até espancamento, prisão e infâmia. Mas também, existe muita coisa boa: gentiliza, amor incondicional e reconhecimento. Ficando rico, sem mesmo ter nada, estando alegre diante das infelicidades. Uau! Que vida difícil e complicada. Como pode tudo isso entrar na vida de uma pessoa só? Como ele pode suportar tudo isso?

O Apóstolo Paulo não é um coach que ensina a manter a postura não importando o que acontece consigo. Não é alguém estoico que suporta tudo sem queixa alguma, sem sentir-se afetado. Paulo é diferente. Assim como é diferente a forma como fala das coisas que vêm até ele. Ele demonstra que sim é afetado, que é levado até além das suas forças. É exatamente isso que o Apóstolo não quer deixar de lado. Ele não faz de conta que tudo está bem, pois não o está. Os cristãos em Corinto deveriam saber disso, não só por consideração ao Paulo, mas por seu próprio bem e o bem da comunidade de fé. Do contrário, não somente se estaria enganando a si mesmo, mas as pessoas que estavam nessa situação e no fim enganando a Deus.

Paulo age desse jeito por uma simples razão: essa é a única forma de ser um servo do Senhor. Por causa de Cristo, é que Paulo entrou em tais situações de aflição, perseguição e sofrimento. Assim, a sua vida reflete o caminho e o destino do seu Senhor, o crucificado, aquele que escolheu o difícil caminho da obediência.

Paulo não escolheu isto por vontade própria. Ele não é um masoquista que se tortura a si mesmo, assim como também Jesus não o foi. A diferença é que não evita a dificuldade, uma vez identificado o caminho. Paulo não é um Super-homem que mostra os seus superpoderes. Não é assim, não ele. Paulo é um simples ser humano no caminho colocado por Deus.

Será que nós queremos uma vida assim como a do Paulo? Devemos nos fazer essa pergunta, pois temos que ter certeza sobre a razão do nosso viver. Queremos viver uma vida falsa? Que agrada a todas as pessoas que encontrarmos? Uma vida que bajula ou puxa-saco para sobreviver? Ou queremos sentir-nos vivos, sujeitos da nossa existência apesar dos fracassos, decepções e sofrimentos que os demais colocam em cima de nós pelo simples fato de sermos coerentes com a nossa vida? É preciso ter claridade, pois o caminho que escolhermos levará para destinos diferentes.

Paulo teve certeza, a sua vida estava relacionada com aquele que ele chamava de Senhor, o homem da cruz. Em meio à morte que a cruz traz, brota uma força que faz a diferença. Ainda que essa força não garanta o sucesso externo, ela permite viver em meio à aflição. Paulo sabe, e nós também deveríamos de saber, não é dele que surge essa força. Mas, como uma vez lhe foi dito: “A minha graça é o que basta para você, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Dietrich Bonhoeffer provavelmente tem uma experiência semelhante em mente quando diz: Acredito que Deus quer nos dar tanta resiliência quanto precisamos em qualquer adversidade. Mas ele não nos dá isso antecipadamente, para que não confiemos em nós mesmos, mas somente nele.

Pessoas cristãs não vivem apenas de êxitos, Deus sabe que não. Paulo não prometeu isso, nem mesmo sob o poder da graça. De qualquer forma, Paulo lembra que mesmo em meio a tanta desgraça podemos encontrar algo bom. Mesmo moribundo, Paulo encontrou novo ânimo para viver. Ainda que tenham existido pessoas maldosas que procuraram através de fofocas machucar o Apóstolo, estavam lá pessoas agradecidas porque receberam a Palavra de Deus através da boca de Paulo.

Para terminar, quero lembrar a última nota de Lutero, quem no leito de morte, rabiscou num pedaço de papel: “Somos mendigos, isso é verdade”. E ainda que ele não tenha escrito, somos tão ricos, pela graça de Deus. Amém.
 


Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Rio de Janeiro - Bom Samaritano (Ipanema-RJ)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Missão / Nível: Missão - Coronavírus
Testamento: Novo / Livro: Coríntios II / Capitulo: 6 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 13
Natureza do Texto: Liturgia
Perfil do Texto: Celebração
ID: 63358
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