Continuamos na Quaresma, tempo de revisar e de deixar-nos guiar pela Palavra de Deus. A quem você segue? Quais ensinamentos você considera corretos? Será que você realmente deve guiar a sua vida a partir deles? Sobre isso, falaremos no culto de hoje.
Pregação baseada em Êxodo 20.1-17
Lá na Venezuela, num vilarejo muito pobre, a igreja luterana tinha um trabalho missionário. O que mais gostávamos de lá era partilhar a Palavra de Deus com as crianças. Numa casa transformada em igreja, juntávamos crianças para ajudá-las com reforço escolar, mas também tínhamos ensino do Catecismo Menor e Culto Infantil. Entre as mais de cem crianças que participavam das atividades, estava o Adrian. Ele era muito curioso e desde bebê participava junto conosco. Mas, a sua curiosidade era tão grande que um dia descobriu uma tomada que não estava muito bem protegida. Eu vi ele, quando justo estava por enfiar o dedo na tomada, chamei a sua atenção e disse que isso não era bom, que ele não podia fazer isso. Ele me olhou e assentiu com a cabeça. Eu virei o rosto e cinco segundos depois, ali estava ele com o dedinho próximo à tomada. Desta vez, usei um tom de voz mais forte e ordenei: Vai para outro lado, você não pode enfiar o seu dedo ali, é perigoso, pode levar choque. Ao que o menino de 3 anos respondeu com um pequeno choro e foi procurar uma das suas irmãs. Eu fiquei tranquilo pensando em como proteger melhor aquela tomada, assim que terminássemos as atividades com as crianças daquele dia. Mas, tive um susto ao escutar um grito. Apesar dos olhares atentos, Adrian tinha conseguido enfiar seu dedo na tomada. Corremos para ver se ele não estava gravemente machucado, por sorte ele só tinha sentido um pequeno choque. Dali em diante, ele nunca mais procurara brincar com tomada alguma. A partir daí, o Adrian aprendeu a seguir as indicações que pediam para ele ter cuidado. Por que conto este fato que aconteceu já fazem uns 15 anos? Porque justamente nós não gostamos de ser mandados, não queremos ordens nem limitações, nem que estas procurem preservar a nossa vida.
Na leitura bíblica de hoje, fomos lembrados dos dez mandamentos na versão que encontramos em Êxodo. Mas, existem muitos outros mandamentos na Bíblia, só na Torá (nos cinco primeiros livros) são seiscentos treze, sendo trezentos sessenta e cinco proibições, ou seja, “você não deve fazer isso” e duzentos quarenta e oito preceitos positivos, ou seja, “você sim deve fazer aquilo”. Por que lembrar com tanta insistência nesses dez mandamentos e não nos outros seiscentos e três? Será porque alguns desses são normas específicas para a vida no Israel daquele tempo, talvez porque algumas dessas indicações são só para serem cumpridas em determinados contextos. Os Dez Mandamentos são parte da base geral da legislação de muitos lugares do mundo, por exemplo, não se aceita a possibilidade de simplesmente assassinar uma pessoa porque sim, nem de tomar a propriedade do outro por simples desejo.
Nós, normalmente, não gostamos de termos a nossa liberdade cerceada. Queremos viver de acordo com a nossa vontade e a nossa sabedoria que nos permite supostamente uma melhor existência. Mas, sem limitações ficamos perdidos em nossa vida como sociedade, como igreja, como família e até como pessoa. Podemos ver os mandamentos não como formas de dificultar a nossa autonomia, mas como balizas para a vida, indicativos para uma melhor convivência e vivência.
Lembro das minhas aulas de direção e da dificuldade que tinha de poder entender a utilidade das balizas. Eu questionava, para que ter isso ali? Ao que o meu instrutor respondia, imagina que fosso outro carro, você gostaria de bater nele e ter que pagar o conserto? As balizas estavam ali para que eu pudesse aprender a utilizar o meu carro sem esmagar outra coisa. A pior parte do meu teste de direção, que realizei na Ilha do Fundo, foram justamente as balizas. Tinha medo de encostar numa delas e perder a oportunidade de ganhar a minha habilitação. Graças a Deus, meu professor foi muito bom e consegui aprender direitinho a não bater o meu carro.
Assim, prezados irmãos e prezadas irmãs. Deus nos deu os mandamentos, estes dez que foram lidos, assim como tantos outros que Jesus nos ensinou, não para que soframos e nos sintamos ruim. São justamente guias para uma melhor existência. O Adrian aprendeu o significado de cuidado, não enfie o dedo na tomada, da pior forma. Eu até agora nunca bati em outro carro, porque cuido das indicações ao meu redor enquanto dirijo. Com certeza você lembrará de outras situações em que indicativos, mandamentos foram muito bons para você e para as pessoas ao seu redor.
Para terminar a pregação quero exortar a cada um, cada uma de vocês que possam lembrar desta boa vontade de Deus quando surgirem em sua vida mandamentos, ordens que procuram preservar a vida. Um exemplo bem simples é o uso da máscara que protege boca e nariz, um artigo simples, mas muito necessário neste tempo de pandemia. Se bem utilizadas, as máscaras não machucam, nem fazer sentir falta de ar, ao contrário cuidam e protegem a sua vida e das pessoas que estão ao seu redor.
Que Deus nos ajude a dar atenção aos mandamentos. Amém.
Bênção e envio
Abençoados sejam vocês, que confiam no Senhor e depositam sua esperança em Deus.
Que vocês sejam como uma árvore plantada junto às águas, que estende suas raízes para o ribeiro. Quando vier o calor, vocês não temem, pois as suas folhas permanecem verdes.
Que vocês não se aflijam no ano da sequidão, nem deixem de dar frutos.
Abençoados sejam vocês em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Sigamos em paz, permanecendo firmes contra o mal que se estende pelo mundo.
