Pregação baseada em Mateus 27.33-50 e Salmo 22
Na Sexta-feira da Paixão, a morte se faz presente com toda a sua exuberância. Mostra a sua real face, tortura, sofrimento, dor. Em Jesus, os temores mais profundos das pessoas se fazem presentes. Os torturadores do Senhor demonstram como os seres humanos podem cair baixo. A crucifixão é um dos muitos inventos que a perversidade humana tem criado para fazer sofrer. Mesmo sabendo tudo isso, Jesus se solidariza com todas aquelas pessoas que ainda hoje sofrem. Aqueles que sofrem por inúmeras torturas, físicas, psicológicas ou até sociais. Jesus na cruz se solidariza com aquelas pessoas que não tem o que comer, onde dormir, não tem cuidados básicos nem atenção médica. Jesus se solidariza com o jovem que teme pela violência urbana, com a mãe que não sabe como dar comida a seus filhos, com o idoso que não tem como esticar ainda mais a sua aposentadoria. Jesus se solidariza também com as pessoas que sofrem pelo Covid-19 e com aqueles que estão lutando para cuidar dos doentes. A morte ronda, mas Jesus se coloca firme ao lado das pessoas que sofrem.
A morte desestrutura, os discípulos fogem, Pedro que jurou lealdade até o fim, terminou negando Jesus. Diante da morte, só as mulheres e o jovem discípulo amado têm coragem suficiente para aguentar até o fim. É difícil não arredar diante da morte. Poucos tem essa força, ainda nos dias de hoje. Isso é o que tem demonstrado a pandemia para nós. Mesmo que nós não o desejamos, a morte faz parte da nossa existência.
Hoje é um dia pesado, lembramos o sacrifício de Cristo na cruz. Mas também porque estamos vivendo dias turbulentos. Um simples vírus colocou em xeque nossa sociedade. Queremos fugir, fazer de conta que não é verdade, porém o vírus que pode ser letal está ali. Assim como a cruz, o vírus é sinal de limitação para a existência humana. Somos limitados e disso não podemos fugir.
Diante do seu destino, Jesus lembrou que a morte não em a última palavra e por isso, clamou a Deus Pai. Em momentos difíceis, nós também podemos saber que não estamos sozinhos, não estamos sozinhas. Jesus passou pela morte para que nós não desesperemos. Nós acreditamos também que a morte não tem a última palavra. Sabemos que depois desta turva Sexta-feira da Paixão virá o Domingo da Páscoa. Sabemos que Jesus saiu vitorioso da morte. Firmemo-nos em nosso Senhor e sigamos no serviço e amor cristão. Que Deus nos ajude. Amém.