A Igreja em Tempos de Coronavírus



ID: 3207

Dia de todos os Santos e Finados - O que luteranos ensinam sobre isso?

31/10/2020

 

Efésios 2.1-10
Estimados radio-ouvintes da https://radiowebluteranos.com
Irmãos e irmãs:

Para a Igreja cristã hoje, dia 01 de novembro, é o dia de todos os santos. Mas, o que nós luteranos e luteranas temos a ver com os santos da igreja católica?

Um dos documentos da Igreja Luterana – A Confissão de Augsburgo de 1529, no seu artigo 21 diz o seguinte:
A respeito da veneração aos santos os nossos – os seguidores de Lutero - ensinam que se deve guardar a memória, a fim de que se fortaleça a nossa fé, quando vemos, de que modo obtiveram a graça e, igualmente, como receberam auxílio por sua fé. Da mesma forma, ensinam que as suas boas obras nos sirvam de exemplo, permanecendo cada qual; em sua vocação.

Não é contudo possível provar pela Escritura que se deva invocar os santos ou que deles se implore auxílio. Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e as pessoas: Cristo Jesus. (1 Tm 2.5)

Portanto, nós luteranos e luteranas não invocamos os santos como intercessores junto a Deus. Mas nós os respeitamos como pessoas que viveram e ensinaram coisas importantes sobre a fé.

Por isso, nossa tarefa é conhecer e aprender com a vida e os ensinamentos das pessoas que a igreja católica chama de santos.
Por exemplo: Certamente nos inspiramos com a vida de São Francisco de Assis no seu amor pelos pobre e no seu cuidado com a Natureza. Mas, além dele muitos outros também nos podem inspirar, como por exemplo, São João Crisóstomo, que viveu na Turquia entre os anos de 348 e 407 d.C.
Ele foi um dos maiores pregadores da igreja primitiva, por isso era chamado de Crisóstomo, que em grego significa Boca de ouro. Ele tratava os textos bíblicos de forma metódica, verso por verso, geralmente entrando em grande nível de detalhe. Ele se preocupava em ser compreendido por leigos, utilizando para isso divertidas analogias ou exemplos práticos. Por exemplo, sobre o verdadeiro jejum, texto de Isaias capítulo 58, ele dizia que de nada adiante jejuar de comida, se com a nossa boca continuamos devorando os nossos irmãos e irmãs. “A honra do jejum consiste não na abstinência da comida, mas em evitar as ações pecaminosas; quem limita o seu jejum apenas à abstinência de carnes, o desonra, dizia São João Crisóstomo.

Por isso, ao invés de combater a imagem das pessoas que a igreja católica romana chama de “Santos”, nós como luteranos e luteranas devemos fortalecer a nossa fé com a fé dessas pessoas e com seu exemplo de vida cristã. Eles devem ser honrados entre nós, devemos mantê-los em nossa memória.
Martim Lutero também enfatizou que a graça de Deus nos santifica. Que não precisamos morrer fisicamente para ser santificados. A graça de Deus veio a esse mundo em Jesus Cristo e permanece presente entre nós. Deus deseja nos abençoar com essa sua graça para que nós possamos viver a nossa vida como pessoas santificadas, como pessoas que refletem em suas vidas, a vontade e o amor de Deus. Deus deseja que nós sejamos um testemunho vivo do amor de Cristo. A nossa maneira de falar, de agir e de expressar a nossa fé em Deus pode levar as pessoas a conhecer a vontade de Deus.

No entanto, Martim Lutero estava convencido que uma pessoa sem a graça de Deus reflete apenas a imagem do Mal. Mas Lutero também sabia que o Mal também entrou na igreja, por isso, muitas pessoas dentro da igreja também podem refletir a imagem do Mal. Para resistir ao Mal precisamos da presença contínua de Deus e da atuação dos seus anjos em nossa vida. Nas suas orações pela manhã e à noite Lutero orava assim: “… pois confio a mim, meu corpo e minha alma, e tudo em tuas mãos. Teu santo anjo esteja comigo, para que o mau adversário não se apodere de mim. Amém.”
Perguntar como os outros nos enxergam, pode ser incomodo. Por isso, tem pessoas que dizem que não devemos nos incomodar com o que os outros pensam da gente. Mas, assim como nós temos um conceito sobre outras pessoas, que tipo de conceito as pessoas têm sobre mim? Como as outras pessoas me veem? uma pessoa tranquila, uma pessoa inquieta, uma pessoa em quem se pode confiar, ou uma pessoa falsa? Uma pessoa que consegue se colocar na situação dos outros, ou uma pessoa que julga o mundo por si mesmo? Uma coisa interessante na questão dos santos, com poucas exceções – a maioria dos santos são lembrados não pelo dia do seu nascimento, mas pelo dia da sua morte. O dia do santo, é o dia de sua morte. O dia em que ele foi morar no céu.

E isso nos leva a pensar sobre o dia de amanhã – dia 02 de novembro - o dia dos Finados. Celebrar o dia dos Finados, depende muito da cultura de cada povo. Por exemplo, nas Comunidades indígenas do Equador, o dia de Finados era o dia de reunir a família no cemitério para um piquenique. Colocava-se uma toalha bem bonita sobre o túmulo do familiar falecido e sobre a toalha muita comida e bebida. Era o dia de lembrar a importância da pessoa falecida na vida da família. E essa importância não terminava com a sua morte. No dia de Finados, os vivos continuavam conversando com a pessoa falecida, contavam que as crianças andam um pouco rebeldes, que o Joãozinho está tirando nota baixa, que a Mariazinha não quer obedecer a sua mãe. O dia dos Finados era o dia de conversar com os mortos sobre como está a nossa vida antes da morte.

Também nós aqui no Brasil costumamos nos reunir nos cemitérios no dia dos Finados. Nesse dia rememorarmos as pessoas que amamos e que faleceram. Falamos daquilo que marca a nossa lembrança. Nesse ano, temos muitas memórias de pessoas que foram embora de maneira muito rápida, levadas pelo covid-19.

Portanto, o Dia de Finados é um dia de saudade, mas não é um dia de completa tristeza. No dia de Finados devemos falar de como foi a vida da pessoa falecida, mas devemos também considerar que o dia de sua morte, foi o dia em que ela foi morar no céu.

A partir de Jesus, a morte já não tem mais a última palavra. Sim, ela continua a última inimiga, mas já não tem mais todo o poder. Jesus venceu a morte com a sua morte e ressurreição. A fé em Jesus Cristo me faz ter a certeza de que – pela graça de Deus - no momento de nossa morte nós somos recebidos por Deus. A morte nos leva para as mãos amorosas e consoladoras do Senhor. Essa certeza acalma a dor do meu coração, enxuga as minhas lágrimas, me conforta e me fortalece para conviver com a saudade, a ausência e os vazios que surgiram em minha vida.

E finalmente, o dia de Finados nos convida a olhar para nossa própria finitude e transitoriedade. Por isso, que esses dias de todos os Santos e de Finados, nos ajudem a falar sobre a nossa vida, antes da morte, sobre a necessidade que cada um(a) de nós tem de alinhavar a sua vida com os ensinamentos de Cristo.

Deus deseja nos santificar para que sejamos pessoas cristãs de boa fé e de boas obras. E que depois de nossa morte, as pessoas possam ter em nós uma inspiração positiva as suas vidas.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo......
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Paranapanema / Paróquia: Curitiba - Igreja de Cristo
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Missão / Nível: Missão - Coronavírus
Área: Comunicação / Nível: Comunicação - Programas de Rádio
Testamento: Novo / Livro: Efésios / Capitulo: 2 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 10
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 59726
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