Pregação baseada em 1 Ts 1.1-10
Um dos maiores desafios no mundo artístico é a imitação. Para ter uma boa imitação é necessário muito talento. Se comprarmos uma cópia barata de uma grande obra de arte com facilidade poderemos diferenciá-la do original. Quanto mais trabalho, mais arte, mais dedicação e cuidado, maior a dificuldade para diferenciar a peça original da cópia. Disso é que vive o mundo da pirataria de produtos. Mas, Paulo não nos chama a sermos piratas. Pelo contrário nos convida a partir da ação do Espírito Santo a sermos imitadores de Cristo e dos bons exemplos de pessoas que encontrarmos em nossa vida.
Apesar de que existam pessoas que gostem de copiar certos aspectos de outras, ninguém quer ser uma cópia barata. Todos os seres humanos querem ser únicos e se destacar. O principal pensamento é querer estar por cima dos outros e ser admirado pelas outras pessoas. A ênfase está em se mesmo. O foco está centrado na própria pessoa. O Apóstolo nos convida a trocar de perspectiva, pois será melhor para nós e para as pessoas que estão ao nosso redor.
Eu me deleito ao observar profissionais que imitam, sejam comediantes ou mimos. Falemos primeiro dos comediantes. Esses geralmente são pessoas que estudam muito o modelo a seguir, vem horas de gravações para aprender gestos, posturas, forma de falar. Um bom comediante que imita parece que se converte magicamente naquele que procura imitar. Com certeza a sua mente já procurou diversos exemplos do que estou falando. Tenho escutado vários profissionais dizer que não é fácil imitar com exatidão outra pessoa. Isso requer um grande esforço, esforço de esquecer-se quem se é e ao mesmo tempo esforço de lembrar como é a outra pessoa. Pois gestos, forma de falar e até a forma de pensar fazem parte do ser da outra pessoa. Por uns minutos, o comediante deixa de ser ele para, através da imitação, personificar uma pessoa que já existe. Isso requer um maior esforço do que criar um personagem inventado, pois é alguém que podemos ver e comparar. Se imitar outro ser humano requer muito estudo e dedicação, imaginem imitar a Cristo. Precisamos perseverar e sempre lembrar qual é o modelo a seguir. Precisamos redefinir nossos gestos, nossas posturas, até nossa forma de falar e de pensar. Isso toma o tempo e o esforço de uma vida inteira.
Mais do que ver comediantes imitando uma pessoa famosa, prefiro ver os mimos em ação. Pois, um mimo na rua não tem muito tempo para estudar a outra pessoa. Meio no improviso, com reflexos rápidos e sem palavras, o mimo cativa ao público. Tem um mimo chamado Karcocha que é muito engraçado. Com um humor leve e cotidiano faz o público ir de gargalhada em gargalhada. Seja numa rua na Europa ou numa praça da América Latina ao encontrar-se com pessoas, o mimo rapidamente cria uma situação engraçada. Geralmente o Karcocha inicia copiando o jeito de andar da outra pessoa e pouco a pouco a faz interagir com ele, convertendo até o idoso sério numa criança brincalhona. O mimo consegue com agilidade colocar-se nos sapatos da outra pessoa (não de forma literal, ainda que já tenha visto situações onde quiseram trocar de calçado). A mudança de perspectiva inicia após uns segundos, pois do contrário perde a graça. Assim também em nossa vida, a imitação dos bons modelos não deveria demorar muito. Pois, não podemos fazer esperar as situações que urgem. Muitas vezes, devemos agir aqui e agora. Por isso é importante prestar atenção aos detalhes, é importante ter uma bagagem básica de conhecimento cristão, de ética cristã, para diante das novidades que nos traz a vida podermos agir como Cristo o faria ou como tantas outras pessoas que são exemplos para nós na fé.
Prezados irmãos somos convidados, prezadas irmãs somos convidadas a sermos imitadores de Cristo e dos seus discípulos para que, a partir de nós, mais pessoas possam ver o amor de Deus neste mundo que tanto o precisa. Amém.