Que a paz de Deus, a confiança no amor de Jesus Cristo e o discernimento do Espírito Santo estejam com você, minha irmã e meu irmão! Amém.
Numa das crônicas do teólogo e escritor Rubem Alves, ele fala sobre o sentido das cartas de amor. Ele diz que as cartas de amor não são escritas para dar notícias, mas “para que mãos separadas se toquem, ao tocarem a mesma folha de papel”!
Eu acredito que essas palavras de Rubem Alves podem não fazer sentido para a maioria das pessoas que entraram na adolescência ou na juventude nos últimos 20 anos, portanto, na era digital, e que aprenderam a se comunicar apenas através de e-mails, mensagens instantâneas e redes sociais.
Quem teve que se comunicar na distância antes da era digital ou quem nunca se adaptou às novas tecnologias lembrará do tempo que tomava o processo de rascunhar uma carta, à mão, depois passá-la a limpo, colocar num envelope e levar ao correio para postar. Eu, sempre que passava a limpo uma carta, reescrevia algumas partes, pesava bem a força das palavras e, não raras vezes, tinha que passar a limpo de novo o que havia escrito. E, de fato, que alegria dava receber uma carta de alguém por quem se nutria muito afeto ou amor!
Eu não sei como isso foi pra você que, assim como eu, também viveu esse processo de transição entre a comunicação manual e a eletrônica. Eu confesso que, inicialmente, fiquei empolgada com a possibilidade de escrever cartas no computador e, depois de apenas apertar um botão, saber que já estariam na caixa postal da pessoa a que se destinava. E, hoje, então, a gente escreve no celular ou faz chamadas de vídeo com pessoas em qualquer parte do mundo, onde exista acesso à internet!
Apesar das vantagens da comunicação digital, no entanto, não posso deixar de reconhecer o quanto se perdeu em termos de cuidado no uso desses meios. Com frequência, quando não maiormente, escreve-se errado, não se revisa o que se escreve e não se pesa a escolha das palavras. Nossas mensagens escritas são menos refletidas e, por isso, nem sempre cuidadosas. Muito pior, é quando não lemos direito uma mensagem recebida, nem checamos se ela é verdadeira, e já encaminhamos para outras pessoas.
Ter cuidado requer investimento de tempo. Mas tempo virou sinônimo de dinheiro e, numa sociedade onde temos sido convencidos da importância de se viver em função do dinheiro corremos o risco de não usar o nosso tempo com coisas que não deem dinheiro. Então é preciso nos lembrarmos, sempre de novo, do que é essencial na vida de quem professa a fé cristã: confiar em Deus acima de tudo e devotar todo o nosso amor a Deus e a nossos semelhantes.
Em tempos em que desejaríamos poder tocar mais as pessoas e ser tocadas, não podendo fazê-lo com o toque das mãos e dos braços, precisamos usar com mais sensibilidade os meios que nos restam para mostrar cuidado e afeição.
Fiquemos com estas palavras do apóstolo Paulo: “Sejam amáveis com todos. O Senhor virá logo. Não se preocupem com nada, mas em todas as orações peçam a Deus o que vocês precisam e orem sempre com o coração agradecido. E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus” (Fp 4.5-7).
Que Deus assim nos ajude e nos dê a Sua paz. Amém.