Acolhida
Como é bom poder celebrar culto a Deus, mesmo que não seja presencial, mas com ajuda da tecnologia. O convite de Deus soa no nosso ouvido e nosso coração percebe o chamado: “Venham a mim todos os que estão cansados de carregar o peso do seu fardo. Eu lhes darei descanso. Ofereço-lhes repouso e forças para resistir”. Temos certeza disso, pois às pessoas enlutadas, ele consola. Às desanimadas, ele leva novo ânimo. Às enfermas, ele fortalece. Cada um e cada uma Deus carrega na palma da sua mão. Assim é e assim age Deus que nos chama para este momento de culto.
Pregação baseada em Marcos 8.31-38
Prezados irmãos e prezadas irmãs,
Para entender melhor o texto de hoje, é necessário retroceder uns poucos versículos e lembrar o que Jesus pergunta aos discípulos: “Que dizem que eu sou?” Ao que Pedro responde sem duvidar: “Tu és o Cristo”. Diante dessa resposta, Jesus indica que essa verdade não deve ser espalhada.
Com isso em mente, agora sim, entremos no texto do Evangelho de Marcos deste domingo: O Filho do Homem deve sofrer e ser rejeitado, Jesus fala isso abertamente. Por primeira vez, Marcos não sussurra sobre o sofrimento e morte de Jesus. Por que isto?
Lembremos que agora estamos em território desconhecido. Antes sempre foi ensinado entre sussurros aos discípulos. Eles queriam gritar a multidão que Jesus é o Messias esperado, mas isso não era permitido e agora que Jesus conta sobre o seu futuro sofrimento, todo mundo tem que escutar.
No início é complicado, assim como Pedro xinga Jesus, nós também não conseguimos sempre entender as coisas logo de cara. Pedro foi chamado de Satanás. Isso deve ter sido difícil de escutar, mas com certeza entendeu que estava lidando de jeito errado com aquilo que Jesus estava ensinando. Quantas vezes, nós também devemos levar xingão para entender? Jesus tem que falar: “porque você não leva em consideração as coisas de Deus, e sim as dos homens”. Será que Pedro estava ocupando a sua mente nas coisas erradas? Será que a sua insistência não procurava mais satisfazer as suas vontades pessoais e menos daquilo que Deus queria em Jesus?
Eis que aparece o problema, que leva a Jesus juntar o povo e falar ainda mais alto para que todos escutem: “Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Negar-se a si mesmo, no caso de Pedro, significa renunciar as suas próprias ideias sobre Messias, mas também seus desejos e vontades.
Quantos deixam de lado seus interesses, suas vontades por um bem maior? Que mãe não perde suas horas do sono noturno para cuidar a sua criança? O que Jesus fala é coisa semelhante: Seguir significa negar-se a si mesmo, significa não satisfazer nossos próprios desejos, mas os de Deus.
Quaresma é visto muitas vezes como tempo de abnegação, tempo em que alguns de nós escolhemos pequenas coisas que deixamos de lado. São “7 semanas sem!”, como a Igreja na Alemanha fala. Isso pode ser uma prática muito didática para dar-nos conta daquilo que nos escraviza.
O que você vai deixar de lado nesta Quaresma? Aproveite a oportunidade, experimente deixar alguma coisa, por exemplo, aquele doce que você tanto gosta ou de olhar o celular a cada cinco segundos. Se você o deixa de lado, se você renuncia a ele irá dar-se conta de quanto poder aquilo tinha sobre você. Mas, não estou pensando só nisso, quero lembrar também o egocentrismo que vivemos nos dias de hoje. Nos idolatramos a nós mesmos. Colocamos em primeiro lugar a nós mesmos, as nossas necessidades, nossos desejos, nossas vontades, nossas ideias, isso é o que realmente importa. Vivemos em uma cultura com um gigantesco problema de autoestima. Não saboreamos mais as coisas de Deus, mas as coisas humanas. E não duvide, na vida de muita gente as coisas humanas têm o controle.
Não pode ser assim se seguimos a Cristo. Lembrem o que ele disse: “Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Ao fazer isso, como podem observar, nos é dado um privilégio, a alegria de caminhar com Cristo. O Cristo de quem o jugo é suave, e o fardo é leve. Então e só então começaremos a desfrutar, não das coisas egoístas dos nossos corações, mas das coisas de Deus. Amém.
