CANTO: Porque Deus amou o mundo (CD Não Temas faixa 19)
ACOLHIDA
Sexta-feira Santa, e aqui estamos sem poder nos reunir. Assim como os seguidores e seguidoras de Jesus estavam amedrontados com tudo o que estava acontecendo... julgamento, cruz, grito de dor, morte... aqui estamos também temendo o que está lá fora, temendo o que virá... A palavra que vem para nós neste dia, segundo as Senhas Diárias são palavras do apóstolo Paulo em sua primeira carta aos Coríntios, no capítulo 1, versículo 18. Paulo escreve e testemunha: “A mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus”. A cruz parece ser o ponto final, mas para Deus é o início de um novo tempo. Coloquemo-nos na presença do Deus da Vida, na certeza da sua presença nestes tempos e nos caminhos que seguiremos como seres humanos... Amém!
ORAÇÃO
Oremos: Deus de Amor e infinita misericórdia. Tu enviaste teu Filho para nos reconciliar contigo. Reconhecemos que ele revelou imenso amor, quando se sujeitou a sofrer traição, abandono e morte, e morte de cruz. Pedimos-te que esta singela celebração nos auxilie a refletir sobre os acontecimentos da Sexta-Feira da Paixão, fatos que revelam o teu amor imensurável pela humanidade, também nestes tempos sombrios. Por Cristo Jesus, nosso irmão e Salvador, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, para sempre. Amém.
CANTO: Meu irmão tu precisas falar (170 LCI)
LEITURA BÍBLICA: Mateus 27.27-56
REFLEXÃO
Estamos percorrendo os caminhos da Semana Santa, logo estaremos vivendo o tempo pascal. Neste tempo percorremos a cada ano o caminho da cruz. E neste ano, mais do que em qualquer outro ano, sentimos profundamente a dor da cruz, a dor do desamparo.
Ao nos deparar com a cruz, sobretudo nestes tempos sombrios, não há como não escutar os gritos de Jesus: Deus meu, Deus meu por que me desamparaste? (Mateus 27. 46). São palavras fortes que expressam o mais profundo dos sentimentos do Filho de Deus. Sentimentos esses que não estão apenas presentes no momento da cruz, mas que na verdade caminham com Cristo a cada passo dado em Jerusalém.
Logo em sua chegada, Jesus é recebido como rei pela multidão. Todos se alegram, estendem seus mantos e ramos no chão para receber aquele que vem em nome de Deus, mas na verdade Cristo está sozinho. Ele sabe da euforia no momento da vitória, mas também sabe que está sozinho no caminho até a cruz.
O sentimento de desamparo também se faz presente quando em lágrimas Cristo olha para Jerusalém e percebe que seu povo não quer saber dos profetas e dos mensageiros e mensageiras de Deus; se faz presente quando sabe que haverá um traidor, um dos seus apóstolos o negará e todos fugirão e ficarão atordoados e perdidos; se faz presente, como nunca, no Jardim do Getsêmani, quando abre seu coração a três de seus apóstolos e diz: Sinto no coração uma tristeza tão grande, que parece que vai me matar. Fiquem aqui vigiando comigo (Mateus 26.38). Jesus também percebe a fragilidade de seus apóstolos. Ninguém consegue vigiar, todos dormem. O sentimento de desamparo se faz presente no sofrimento físico das chicotadas, nos espinhos em sua cabeça, no peso da cruz, nos pregos em seu corpo. Está presente nas palavras “crucifica-o, crucifica-o”. Está presente nas palavras de humilhação das pessoas que assistem o absurdo da tortura, o absurdo da cruz.
Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Na verdade, estas palavras são o grito de Jesus em nosso lugar. Alguém certa vez disse: “A voz de Jesus na cruz é a voz de todas as pessoas às quais só resta mais clamar a Deus”. Sim, é o grito de todas as pessoas que se sentem desamparadas, se sentem abandonadas pelas pessoas e por Deus. É o nosso grito nestes tempos sombrios. É o grito de quem vive a realidade da violência, do preconceito, da marginalização. É o grito das pessoas despojadas de bens e de dignidade. Grito sufocado na garganta por medo daquilo que poderá vir a acontecer. Grito que clama por um mundo melhor, por esperança em um novo amanhecer onde o sol da justiça brilhará. Grito de clamor sim, mas na certeza que Deus nos ouve e quer preencher o nosso coração com a esperança de tempos melhores, com a esperança de um novo amanhecer, o amanhecer da ressurreição.
Com este grito, Jesus assume na cruz a nossa situação humana de pessoas frágeis, pecadoras, desamparadas e solitárias. Em Jesus, Deus demonstra que não nos deixa desamparados e desamparadas, mas nos carrega em seus braços. Ele vence a morte para nos possibilitar vida. A partir da cruz todo desamparo por pior que seja não pode mais nos separar de Deus. Lemos no relato sobre a crucificação, conforme o Evangelista Mateus no capítulo 27, versículo 51: “Então a cortina do Templo se rasgou em dois pedaços, de cima até embaixo...”. Sim! Nada mais pode nos separar do amor de Deus. Nada mais pode estar entre eu e Deus, entre você e Deus, entre nós e Deus...
Logo depois de Jesus demonstrar todo sentimento humano de desamparo, logo depois de sua morte, nós ouvimos o testemunho dos soldados romanos: De fato, este homem era o Filho de Deus! (Mateus 27.54). A partir da morte e ressurreição de Jesus não somos mais pessoas solitárias e desamparadas. Deus conhece a nossa dor, o nosso sentimento de desamparo. Deus nos carrega e nos ampara por mais difícil e escura que sejam os caminhos que estamos trilhando. Neste tempo que não sabemos o que pensar e em que acreditar, uma coisa é certa: a presença amorosa e fiel de nosso Deus, que em Cristo se tornou gente como a gente e pelo Espirito Santo, está e sempre estará conosco. Pense nisso, conjugue o verbo esperançar a cada dia. Esperançar nos coloca em movimento a serviço da Vida, vida para todas as pessoas... e tenha um tempo pascal abençoado! Amém!
CANTO: Grandioso és tu (623 LCI)
ORAÇÃO
Oremos: Deus de Amor, nós te agradecemos por tua misericórdia. Em ti podemos refugiar-nos em nossas fraquezas, nossas angústias, nossas culpas. Tu não rejeitas, quando humildes chegamos a ti. Por isto louvamos teu nome e prometemos levar adiante teu amor a fim de aumentar a alegria em nosso mundo. Fortalece-nos para que possamos nos ajudar mutuamente, sobretudo nestes tempos em que estamos vivendo.
Em Jesus, assumiste a cruz para estar perto de todas as pessoas que têm uma cruz a carregar em sua vida. Morreste para não deixar sozinhas as pessoas que morrem. Te entregaste para envergonhar as pessoas que te viam como um inimigo. Nós te agradecemos que, em Jesus, enfrentaste a cruz. É o sinal do quanto Tu nos amas. Vieste para eliminar o que nos separa de Ti, para trazer paz a este nosso mundo. Ajuda-nos para que também saibamos superar barreiras e abismos que existem entre as pessoas e entre grupos.
Por causa da tua cruz nos comprometemos a diminuir os conflitos do mundo, a reduzir o número de cruzes, a combater o sofrimento. Assim, pedimos-te pelas pessoas famintas de vida e de pão, pelas vítimas de violência, pelas pessoas solitárias, pelas pessoas injustiçadas, pelas pessoas doentes e enlutadas. Pedimos por todos e todas nós que hoje não podemos nos encontrar e se abraçar. Fortalece a nossa fé e a nossa esperança, e dá-nos paciência e amor nestes tempos de reclusão.
Nós te pedimos por tua Igreja. Fortalece-a em seu testemunho e em seu serviço nestes tempos onde o encontrar-se não é possível. Que a cruz de Cristo, teu filho, seja contínua lembrança e inspiração para a paz, a justiça e a ação da reconciliação em nosso mundo.
Escuta Deus, a nossa oração, também aquela que o nosso coração grita neste momento, quando juntos oramos:
CANTO: Pai Nosso (Ernaini Luis)
BÊNÇÃO
Que Deus te abençoe e te proteja;
que Deus guarde teu caminhar;
que Deus te olhe com amor e mostre sua bondade;
que esteja ao teu lado sempre, de noite e de dia;
que te olhe com amor e te conceda a paz. Amém!
CANTO: Senhor, porque me guarda (610 LCI)