A Igreja em Tempos de Coronavírus



ID: 3207

A paz de Cristo - Culto 18/04/2021 Paróquia Bom Samaritano Ipanema, Rio de Janeiro/RJ

Culto on-line Lucas 24.36-48

17/04/2021


Acolhida
“Tu me tens ensinado os caminhos que levam à vida, e a tua presença me encherá de alegria.” (Atos 2.28)
Com estas palavras de Atos, capítulo dois, queremos acolher vocês que através deste meio buscam a Palavra de Deus, querem fortalecer a sua fé e lembram que não estão sozinhos, sozinhas na caminhada como povo de Deus. Por isso, também queremos saudar a todas as pessoas que não são membros da Paróquia Bom Samaritano, mas sim de alguma outra paróquia do Núcleo Rio de Janeiro ou que por algum outro motivo chegaram até este vídeo.
Que Deus em sua graça nos permita louvar e agradecer a ele por tudo o que tem feito.

Pregação baseada em Lucas 24.36-48
Todos os sentimentos que giram ao redor da morte e ressurreição de Jesus estão longe de gerar fé. O túmulo vazio deu origem ao medo, ao espanto, ao tremor. A aparição do Ressuscitado naquela sala fechada, pelo que diz o texto do evangelho de hoje, também produziu medo, susto, inquietação, dúvidas... Mas, nós não podemos julgar. Provavelmente também passaríamos pela mesma experiência.
Ainda que Jesus tivesse dito várias vezes que ia morrer e ressuscitar, os discípulos não conseguiram entender, pois tudo isso estava além da sua compreensão. Sejamos sinceros, uma coisa é escutar ou falar sobre um assunto, outra muito diferente é vivenciar aquilo. A ressurreição de Jesus não foi um fato corriqueiro. Naquele momento, os discípulos só podiam aceitar e compreender desde a fé. Nós também! A razão serve no máximo para aproximar-nos daquilo que cremos. Mas, somente pela fé podemos apropriar-nos do presente divino. Por isso, foi necessário que o Ressuscitado se apresentasse, revelasse quem era, desse provas, que falasse ao coração daqueles discípulos incrédulos para que pudessem acordar do sonho no qual a morte os tinha envolvido.
O relato que escutamos, nos coloca em algum lugar de Jerusalém onde os discípulos que tinham ido a Emaús contavam aos onze apóstolos a experiência que tiveram no caminho, e como reconheceram Jesus ao partir do pão. Admirados, incrédulos estavam quando Jesus se apresenta em meio a eles e infunde paz, lhes transmite confiança, para assim fazer retroceder o pânico que tinha se apoderado deles. Mostra as suas mãos, os seus pés. Os convida a ver a suas feridas, a tocar nas marcas do seu corpo, assim, como pede comida.
Aceitar essa realidade os leva através de um processo de crescimento e de superação, seus sentimentos agora são outros (alegria, surpresa). Mas, mesmo assim custavam a acreditar. Não conseguiam assimilar tamanho milagre. Era muito bom para ser real. A inquietação dos discípulos parece maior do que a paz que Jesus lhes deu.
A serenidade de Jesus em lidar com a situação surpreende. Tanta dúvida, tanto questionamento não é para reclamar, é para mostrar que Jesus entende os seus medos, a sua desconfiança, as suas dúvidas. Jesus entende a situação pela qual estão passando e procura uma forma de levar aqueles assustados discípulos a um convencimento pleno para que possam se transformar em testemunhas.
Um teólogo escocês, William Barclay, uma vez escreveu sobre Tomé, o apóstolo que duvida de Jesus: “Existe mais fé numa dúvida honesta do que na metade dos credos”. Às vezes, é preciso passar pela dúvida para fortalecer a fé. Não acontece conosco quanto intentamos racionalizar a fé, quanto tentamos analisar aquilo que parece inacreditável ou impossível? Chegamos até a perguntar: Será verdade?
Mas, Cristo ajuda aos apóstolos e ajuda a nós para crescermos na fé. Uma fé que sai a reluzir quando Tomé, depois de ter certeza de que era realmente Jesus, disse: Meu Senhor e meu Deus! E daí ninguém o deteve.
Como se transforma tanto medo em coragem? Qual a chave para tamanha transformação? A paz que Jesus lhes trouxe. A paz que vai além de todo entendimento. A paz que vai além de uma simples situação de não-guerra. A paz que permite uma recomposição do ser humano. A paz que faz sermos quem realmente nós somos ou deveríamos ser.
Uma paz que opera milagres tão grandes como a transformação de um punhado de homens temerosos em destemidos anunciadores de um novo tempo. Uma paz que permite novo entendimento sobre a relação de Deus com os seres humanos e por isso também uma nova visão sobre as relações humanas. Os discípulos finalmente entenderam Jesus, entenderam as Escrituras. Os seus olhos foram abertos. Os seus corações ardiam em seus peitos. Eles viram como as promessas de Deus foram cumpridas em Cristo.
E a chave para tudo isso estava na morte e ressurreição de Jesus. Muita coisa começava a ter sentido e razão de ser. O caminho abriu-se a sua frente, a clausura perde poder. Eles não somente começam a entender. A paz permite que o medo desapareça e a fé cresça.
Agora sim, o Apóstolo Paulo pode dizer: “Se Cristo não tivesse ressuscitado, nada teríamos para anunciar, e vocês nada teriam para crer”. É pela fé que alcançamos o perdão, é por fé que Deus nos liberta de culpa. É por fé que podemos viver novamente... Essa é a mensagem que os discípulos devem proclamar aos quatro ventos.
Hoje, nós, seguidores de Cristo, podemos estar gratos porque aquelas pessoas corajosas não calaram. Não ficaram quietos diante dos poderes de morte que existiam no mundo daquela época. Hoje, nós somos convidados a também sentir a paz que Jesus Cristo nos dá. E ainda que o medo e a dúvida venham sobre nós, que possamos escutar aquela afirmação e promessa de Jesus: Que a paz esteja com vocês! Amém.
 

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