“...fui eu que ensinei o meu povo a andar; eu os segurei nos meus braços. Com laços de amor e de carinho eu os trouxe para perto de mim; eu os segurei nos braços, como quem pega uma criança no colo. Eu me inclinei e lhes dei de comer.” (Os 11. 3 – 4).
Representando as mais de 1800 comunidades e os 18 sínodos da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, nos reunimos em Santa Maria de Jetibá, no estado do Espírito Santo, nos dias 16 a 20 de outubro, para a realização do nosso XXIII Concílio. Juntamente com representantes de igrejas co-irmãs do país e do exterior, experimentamos, de forma concreta, desde a nossa chegada, o carinho e o colo que Deus nos oferece, expresso numa acolhida calorosa. Nos impressionamos e nos emocionamos com a afetividade, a musicalidade, espiritualidade, a riqueza cultural e a coragem dos evangélicos de confissão luterana que ousaram buscar, entre as montanhas da serra do mar, o seu lugar para viver e constituir comunidade.
Inspirados por este ambiente favorável e pelas celebrações envolventes, analisamos a caminhada da IECLB nos últimos anos e planejamos passos para o futuro. Pudemos constatar com alegria que estamos crescendo na compreensão da tarefa missionária da nossa Igreja. Sinais claros, nesse sentido, são o aumento dos campos de trabalho, o incremento da formação com ênfase missionária, a maturidade na discussão das diferenças teológicas e, especialmente, o grande número de lideranças e pessoas das comunidades que colocam os seus dons a serviço de Deus no meio onde vivem. Os desafios colocados para a nova presidência da Igreja, eleita neste Concílio, são o aprofundamento e a continuidade do plano de ação missionária, o testemunho público da nossa fé na sociedade, a proposição de iniciativas que fortaleçam a unidade da IECLB e a atenção continuada com a formação de obreiros, obreiras e lideranças.
Entre as decisões tomadas por este Concílio, destacamos a nova regulamentação dos quatro ministérios reconhecidos pela IECLB, ou seja, pastoral, catequético, diaconal e missionário. Esta diversidade quer vir ao encontro do testemunho integral do Evangelho nas paróquias e comunidades. O guia prático Nossa Fé Nossa Vida foi reformulado, com a recomendação de que seja amplamente estudado nas comunidades, especialmente com grupos de lideranças e presbíteros. Além disso, após vários anos de estudo e experiência em comunidades, o Concílio se posicionou, de forma unânime, no sentido de que não devemos excluir a participação das crianças na Ceia do Senhor. Material para estudos e orientação ainda será enviado às comunidades e paróquias.
Contudo, as alegrias e os avanços que sentimos neste Concílio, não nos permitiram esquecer as enormes dificuldades que o mundo está vivendo. Nos inquietam as guerras que estão acontecendo e as que estão sendo pensadas, a violência sob todas as suas formas, a miséria e a exclusão decorrentes da globalização. Nos preocupa e desafia a delicada situação na qual o nosso País se encontra. Sabemos que estes aspectos atingem o povo brasileiro e por isso também os membros da IECLB. Esta realidade pede pelas nossas orações, pelo nosso engajamento em favor da justiça e por sinais concretos de solidariedade.
Por isso expressamos a nossa esperança e a nossa gratidão a este Deus carinhoso e justo que, na sua misericórdia, nos trouxe até aqui, enriquecendo-nos com os diferentes jeitos de ser e de expressar a fé. Conclamamos, por fim, a todas as paróquias e comunidades para colocarem “Mãos à Obra” nos dias 7 e 8 de dezembro, no assim chamado, Dia Mãos à Obra. E, ao mesmo tempo, convidamos a todos os obreiros, obreiras e membros das comunidades para confessarem e afirmarem junto conosco que o Nosso mundo tem Salvação. Somos chamados a engajar-nos na superação de toda violência, injustiça e sofrimento, motivados e confiantes na promessa de que em seu reino o próprio “Deus enxugará dos olhos toda lágrima”. (Ap. 21. 4)
Os conciliares - Santa Maria de Jetibá, 19 de outubro de 2002