Sempre que relacionarmos Igreja ao Poder (governos), seremos lembrados dessa infeliz ligação entre ambos nos últimos dois mil anos. No princípio, os cristãos foram cruelmente perseguidos pelos governos da época, pois estes se sentiam ameaçados pela voz profética da Igreja e pelo diferencial ético que ela representava. Confessar que “Jesus é Senhor!” significava anunciar e praticar o amor de Deus, que torna todos os humanos irmãos e “casa” a paz com a justiça (Salmo 85.10). Diante de tamanha novidade, qualquer governo corrupto e violento começa a tremer. Porém, assim que a Igreja foi incorporada ao Poder e mesma começou a exercer poder, ela perdeu sua voz profética, tornou-se corrupta e perdeu seu referencial: O Evangelho de Jesus Cristo.
Esse “casamento” infeliz entre Igreja e Poder continua acontecendo em nossos dias e é preocupante:
- Em novembro de 2008, o Vaticano e o Governo Brasileiro assinaram sigilosamente um acordo chamado “Concordata”. Este acordo já foi aprovado pela Câmara dos Deputados há poucos dias. A Concordata concede direitos e privilégios especiais à Igreja Católica no Brasil, entre eles, o ensino religioso católico nas escolas públicas, além de reconduzir a mesma, na prática, à condição de Igreja Oficial do país. (nossa constituição declara que o Brasil é um Estado Laico). Tudo isso acontece em detrimento das demais Igrejas e Religiões.
- A Igreja Universal, proprietária da Rede Record, trava uma “guerra” com a Rede Globo pelo primeiro lugar entre as emissoras de televisão. Assim como a própria Globo já instalou e derrubou governos neste país, a Record se sente “a bola da vez” para aspirar ao poder. Se pensarmos na situação do Irã, onde a religião controla o governo e determina o que o cidadão pode ou não pode fazer, ficamos preocupados.
- Corre o boato que uma Igreja Pentecostal cogita fundar um partido político para que seus representantes defendam os interesses da mesma no Congresso. O Executivo não é uma idéia descartada.
Na condição de cristãos evangélico-luteranos, fiéis aos fundamentos do Evangelho e aos princípios da Reforma, não percamos nossa voz profética nem nos deixemos “engessar” pelas seduções do Poder.
Pastor Geraldo Graf