Comunidade em Belo Horizonte

Sínodo Sudeste



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ID: 363

Relatório auto-avaliativo

19/11/2017

 

Relatório Avaliativo ano: 2015-2017

Paróquia: Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte(MG)

Ministro/a: Pastor Nilton Giese

1. Descrição do CAM, relacionando as principais atividades ministeriais com o planejamento do CAM. Fazer referência ao que foi alcançado, ao que não foi alcançado e ao que permanece como desafio. Apontar para desafios não contemplados, tendo como referência as ênfases e os eixos transversais do PAMI.

As primeiras famílias alemãs chegaram a Belo Horizonte antes da Primeira Guerra Mundial e eram atendidas através de visitas pastorais da Comunidade de Juiz de Fora(MG). Em 25 de janeiro de 1933, é fundada a Comunidade Evangélica Alemã de Belo Horizonte e Arredores, filiada a Igreja Evangélica da Alemanha que imediatamente enviou o primeiro pastor (Walter J. Schlupp). Comunidade Evangélica Alemã de Belo Horizonte e Arredores construiu uma escola – Associação Escolar Bello Horizonte - que nos finais de semana era usada como templo para os cultos dominicais. Nesse período, a língua oficial da Comunidade era o alemão. A partir de 1942, com a Segunda Guerra Mundial, as atividades sociais e religiosas da comunidade foram praticamente encerradas. A sede social foi requisitada pela polícia e entregue ao exército (jamais foi devolvida à Comunidade). Pastor e grande parte dos alemães ficaram em prisão preventiva.

Somente em 27 de janeiro de 1946, com 50 famílias, a comunidade é refundada agora com o nome de Comunidade Evangélica de Belo Horizonte. A reedificação da comunidade no pós-guerra foi difícil. Os primeiros cultos em português foram realizados em 1950. Sem templo próprio, os cultos eram realizados no templo da Igreja Presbiteriana do Brasil. Em 1961, a Comunidade Evangélica Luterana adquiriu um terreno de 650 m² na Serra e em 16 de setembro 1962, o templo atual foi inaugurado.

A partir dos anos 1980, muitos jovens que vieram de Teófilo Otoni para estudar em Belo Horizonte, ficaram na capital. Outros vieram do estado do Espírito Santo, em sua maioria em busca de empregos na região metropolitana. Essa situação foi transformando a comunidade evangélica de um grupo de alemães para uma comunidade diversa e brasileira.

A partir dos anos1990 a Comunidade desperta para sua vocação diaconal. Inicialmente com a fundação de um Lar para Idosos e depois inserindo-se na realidade difícil de favelas em Belo Horizonte em Ribeirão das Neves para trabalhar com crianças e adolescentes e seus familiares. Para estruturar esse trabalho diaconal, a Comunidade fundou a Instituição Beneficente Martin Lutero (IBML) e instituiu o Biergarten, uma festa beneficente anual em benefício da IBML. O dinamismo na Comunidade teve como motor o Grupo de Casais.

Ao lado dos êxitos dessa Comunidade, os anos 1990 também representam o início de um período com muitos conflitos entre as lideranças e os pastores e pastoras. Isso levou ao rompimento de contrato com os pastores(as) em conflito. Essa situação marcou profundamente a vida comunitária com consequências para a comunhão dos membros ainda hoje. Por isso, o tema da gestão de conflitos ainda permanece um tema pendente a ser trabalhado na Comunidade.

A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte (CECLBH) tem 460 pessoas membros - em sua maioria funcionários, aposentados e pessoas de baixa renda - e estruturalmente tem apenas um templo em Belo Horizonte. Os cultos são realizados todos os domingos às 10h da manhã, com uma média de 70 participantes. No entanto, além da comunidade sede, temos mais 7 pontos de pregação, onde as pessoas se reúnem nas casas de membros (Contagem 25km, Santa Luzia 40km, São José da Lapa 40km, Betim 40km, Sete Lagoas 90km, Divinópolis/ Arcos 240km e Ribeirão das Neves 30km. Para atender as tarefas pastorais, o pastor precisa rodar mensalmente 1.600km somente dentro da área geográfica da Comunidade.

Somos a única Comunidade Luterana da IECLB num raio de 250km ao redor de Belo Horizonte. Estamos a 600km da sede sinodal e a 600km da casa de Retiros Lar Luterano Belém em Campinas, onde acontecem a maioria das atividades sinodais. As outras comunidades da IECLB ao redor de Belo Horizonte são: Juiz de Fora (270km), Funil (350km), Teófilo Otoni (450km).

Atualmente a Comunidade mantem grupos regulares como Culto Infantil, Ensino Confirmatório, Grupo de OASE, grupo de Mulheres, grupo Solidariedade (bazar de usados), Estudos bíblicos nas casas em Belo Horizonte, encontro semanal do Grupo Quem somos nós? (para novos membros), acompanhamento pastoral aos funcionários da IBML, através de um encontro mensal para diálogo, espiritualidade e capacitação para o trabalho com as crianças, visita mensal aos 3 projetos diaconais da Instituição Beneficente Martin Lutero (Centro de Integração Martinho, Creche Cantinho Amigo e Lar Luisa Griese), além de visita pastoral aos membros em suas residências.


2. Relacionar o projeto de trabalho ministerial com a missão da IECLB (Art 3º da Constituição, Tema do Ano, Pami, Vai-Vem).

A missão da IECLB é propagar o Evangelho de Jesus Cristo, estimulando a sua vivência pessoal na família e na comunidade e promovendo a paz, a justiça e o amor na sociedade brasileira e no mundo (Art 3º da Constituição).
Dentro do contexto de uma comunidade isolada de outras comunidades da IECLB, com poucos membros que moram muito longe uns dos outros e de um grupo maior de pessoas que moram na terceira maior região metropolitana do Brasil, - isso significa principalmente trânsito complicado e insegurança - a única atividade comunitária maior é o culto dominical. As outras atividades da CECLBH enfocam pequenos grupos, pois no contexto urbano uma das grandes necessidades são espaços de comunhão. Isso significa que – além da formação de lideranças – o trabalho pastoral é bastante intenso para atender os diversos grupos de comunhão.

Para facilitar a comunicação da Comunidade com os membros, criamos em 2016 a RádioWeb Luteranos UAI (www.luteranosuai.com) que pode ser ouvida por internet ou por aplicativo no celular android. A rádioweb é um instrumento de comunicação à serviço da missão e da comunhão com os membros da CECLBH. Temos uma programação diária que ressalta músicas da cultura brasileira e latino-americana com mensagens de fé e de esperança a partir da teologia luterana. A programação também quer informar sobre as atividades da IECLB em outras regiões do Brasil, através do programa Boas Práticas na IECLB. Nos domingos e segundas feiras às 20h temos a retransmissão do culto de domingo pela manhã. No primeiro domingo do mês a Rádio oferece também cultos em alemão e em espanhol.

A CECLBH também tem uma história com a construção de Planejamentos Estratégicos, que deixaram algumas marcas positivas e outras frustrantes. Por isso, há resistências dentro do presbitério quando se menciona a necessidade de um Planejamento Missionário. No entanto, através de muito diálogo conseguimos o apoio da maioria do presbitério para mais uma vez trabalhar juntos na elaboração de um Planejamento Missionário, conforme a nova proposta da IECLB. Nesse planejamento assumimos a missão da IECLB com a visão de Ser reconhecida como Igreja Luterana de comunidade atrativa, inclusiva, missionária e confiável, que atua em fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo, destacando-se pela seriedade no testemunho do amor de Deus, no serviço em favor da dignidade humana e no respeito à criação e que cultiva valores como respeito e acolhimento às diferenças, ética, exercício permanente do amor ao próximo (diaconia), espiritualidade com música e liturgia. A partir disso definimos 4 ações missionárias para 2017: Ação 1: Qualificar e ampliar a formação de membros e lideranças da CECLBH; Ação 2: Promover iniciativas direcionadas a uma maior participação nos cultos e no culto infantil; Ação 3: Promover a diaconia comunitária e institucionalizada e Ação 4: Desafiar e motivar mais pessoas a participar da gestão comunitária e a contribuir financeiramente. As atividades direcionadas a concretização dessas ações estão em andamento.


3. Relacionar a prática ministerial no CAM com a convicção de fé, a confessionalidade e a vocação para o ministério ordenado da Igreja.

Desenvolver-se no ministério eclesial significa primeiro sentir-se vocacionado. Isso significa sentir o chamado de Deus. Não se trata de qualquer chamado. O chamado para o ministério eclesial deve ser o chamado é para servir. Esse chamado não vem de dentro da pessoa, mas vem de Jesus (Mt 4.19; Mc 2.14; Mc 3.13). É Ele quem chama e quer pessoas trabalhando intensivamente na edificação de sinais de seu Reino neste mundo (Mt 28.18-20).

Para responder adequadamente a esse chamado de Jesus, é preciso preparação e formação. Essa preparação e formação é uma tarefa que Jesus nos deixou junto com o Batismo: batizar e ensinar. Martin Lutero enfatizava que o Batismo nos dá acesso direto a Deus. Não precisamos de ministros ou ministras e nem mesmo da instituição igreja para ter acesso a Deus. O batismo nos torna sacerdotes/sacerdotisas e por isso temos acesso direto a Deus, por intermédio de Jesus Cristo. Mas a igreja tem a tarefa de preparar as pessoas para servir. A formação na Comunidade tem como objetivo preparar as pessoas para servir.

Para preparar as pessoas para servir é que algumas pessoas são chamadas por Deus para esse serviço especial. Essas pessoas são os ministros e ministras. A preparação dos ministros e ministras acontece de forma especial na faculdade de Teologia. Mas ela continua por todo o ministério. Na formação teológica aprendemos a tomar em sério o conteúdo do Evangelho que vamos anunciar e a necessidade de dar atenção ao contexto onde esse Evangelho será anunciado.

A palavra de Deus quer sempre se encarnar na realidade onde ela é anunciada. Por isso, para ser um bom pregador(a), somos alertados que é preciso ser um bom ouvidor(a). Rubem Alves nos alertava dizendo que as pessoas não precisam tanta de alguém que fala bonito, mas sim de alguém que escuta bonito. A capacidade para ouvir é que possibilita o aprendizado. Saber escutar torna a pessoa sensível para contextualizar o Evangelho. Responder ao chamado de Deus é um constante aprendizado. Aprende-se com as pessoas que se visita. Aprende-se com os grupos com os quais se solidariza. Por isso, somente quem se dispõem ao aprendizado constante pode ter a certeza que foi realmente chamado por Deus. Cito alguns aprendizados importantes para meu ministério:

1. Igreja deve ser um espaço inclusivo. Não basta abrir somente as portas, é preciso desarmar preconceitos.

2. Comunidade que sabe servir vai conseguir membros novos. Membros novos são consequência do servir.

3. A Comunidade deve ser um espaço de alegria para as crianças. A alegria foi o elemento vital e a mola propulsora das primeiras comunidades cristãs. Toda pessoa marcada pela alegria se oferece espontaneamente para ajudar.

4. Igreja se constitui de pequenos grupos. Além da reunião geral que acontece nos cultos, reunindo a todos os grupos para o louvor a Deus e o fortalecimento da fé, é imprescindível o funcionamento de muitos grupos pequenos e diversificados que atendem às necessidades pessoais e espirituais das pessoas. Grupos necessitam lideranças e é importante que haja espírito de equipe entre as lideranças. Onde houver esse espírito, também os mais fracos são amparados e orientados. Uma comunidade é viva se puder contar com a participação de muitos colaboradores. Mas a diversidade desafia a comunhão. Por isso, é necessária muita tolerância e o amor diante das diferenças de opinião.

5. É necessário ter objetivos missionários no pastorado. Esses objetivos missionários ficam mais claros quando a Comunidade se pergunta: Para que Deus nos chamou? Qual a nossa tarefa no lugar e com as pessoas com as quais convivemos? O que Deus quer realizar aqui, através de nós? Os evangelhos não terminam na adoração ao Jesus ressuscitado, mas com o envio missionário dos discípulos. O roteiro de planejamento missionário da IECLB é um valioso instrumento nesse sentido.

6. Muitos membros de nossas Comunidades não participam das atividades da igreja, mas é preciso que também a eles seja levada a mensagem da Palavra de Deus. Por isso, toda Comunidade necessita de uma equipe de comunicação para elaborar e distribuir o Boletim Informativo, fazer os avisos nos cultos e – se for possível – ajudar no programa de rádio e nas redes sociais. Os confirmandos e jovens podem ser desafiados a colaborar nas redes sociais.

7. O espírito ecumênico é fundamental, em dois sentidos: dentro da IECLB para com as linhas teológicas e também fora da IECLB em relação a outras igrejas. Para nós o critério fundamental para a vivência ecumênica é a promoção da vida que Jesus deseja em abundância para todas as pessoas (Jo 10.10). Ali onde se promove o bem-viver, a justiça, a dignidade do ser humano e o respeito à Criação de Deus, ali é também o nosso lugar.

Belo Horizonte (MG), 10 de novembro de 2017


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