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ID: 363

Quem mais influenciou a sua vida?

09/12/2016

 

Leitura do Evangelho de Mateus 11.2-11

Prezada Comunidade:
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam no meio de nós. Amém.

É uma grande alegria estar com vocês nesse culto.

Que pessoa mais influenciou a sua vida?
Um familiar? Um(a) professor(a)? Um pastor(a)? Um amigo(a)?

Essa pergunta pessoal nos introduz na nossa reflexão sobre o Evangelho desse domingo. Qual foi a importância que João Batista teve na vida de Jesus? Em que sentido a mensagem e o movimento de João Batista prepararam o caminho para Jesus e seu movimento? 

Todos sabemos que esse pregador do rio Jordão batizou a Jesus. Mas será que a ação de João Batista se limitou apenas ao batismo de Jesus?

No primeiro século a religião judaica vivia um período de profundo letargo, dominada oficialmente por dois grupos dentro do judaísmo: os fariseus, que eram um partido religioso, e os saduceus, que eram um partido político-religioso.

A situação política opressiva que reinava no país, o cansaço moral pela espera de um Salvador - que não chegava nunca,- a vida escandalosa da classe governante (supostamente representante de Deus) e a degradação dos próprios sacerdotes do templo (mais preocupados com os seus próprios interesses, do que em animar a fé do povo), tudo isso havia esfriado a devoção das pessoas e desanimado a prática religiosa.

Nesse contexto, aparece João, o filho de um sacerdote do templo, chamado Zacarias. Não sabemos bem por que, mas João foi morar no deserto. Levava uma vida austera. Vestia-se com pele de camelo e um cinturão de couro, ao estilo dos velhos profetas,, e se alimentava de insetos e de mel silvestre (Mc 1.6). Com um discurso forte, João Batista enfatizava que ser religioso não significava rezar mais e nem significava fazer mais sacrifícios no templo. Ser religioso para João Batista era ter um compromisso com as pessoas mais pobres, praticando a justiça e a misericórdia. Isso era mais importante do que fazer sacrifícios a Deus.

A sua pregação de João se assemelhava a dos profetas do Antigo Testamento. A novidade de João era que ele anunciava também que o juízo de Deus- o castigo de Deus - e era iminente. Em pouco tempo Deus mesmo viria castigar com fogo a todos que não se arrependessem de seus pecados (Mt.3.7-12). No entanto, havia uma possibilidade de escapar desse castigo de Deus, se a pessoas se arrependessem de seus pecados e se dispusessem a uma mudança de atitude de vida em relação as outras pessoas.

As pessoas que o escutavam, ficaram magnetizados pelo seu discurso. Muitos vinham de longe para ouvir os seus conselhos. Aqueles que aceitavam seus ensinamentos e se dispuseram para essa mudança de vida, João lhes pedia que recebessem o sinal do batismo no rio (Mc 1.4-5). Esse batismo não se limitava a um ritual de purificação como no judaísmo. A novidade era que requeria um arrependimento e uma mudança ética na vida daquela pessoa. Já não bastava com dizer “sou filho de Abraão”. O compromisso do batismo deveria “dar bons frutos” em relação a outras pessoas.

João não pedia nada para ele. O que ele pedia é que cada qual fizesse a sua parte praticando a justiça. A todas as pessoas que ele batizou, ele as enviou de volta a seus lugares, somente pedindo que a partir do batismo fossem justos e realizassem boas obras (Lc 3.8-14).

O êxito desse fervoroso pregador foi extraordinário. Era muito difícil ficar indiferente. Muitos jovens que se haviam afastado da religião, voltaram a comprometer-se com Deus.

Também o jovem Jesus foi atraído pela mensagem de renovação espiritual de João Batista e, por isso, viajou de Nazaré até o vale do rio Jordão para ver e ouvir o profeta. Jesus escutou a mensagem de João Batista que podem ser resumida em três pontos:

a) O mundo (a história) está sob a iminência do juízo de Deus.
b) o povo de Israel se afastou da vontade de Deus, e por isso, corre o risco de ser consumido pelo fogo do juízo de Deus
c) é necessário mudar de atitude – viver praticando a justiça e a misericórdia - e confirmar essa mudança com o batismo.

Alguns estudiosos da Bíblia afirmam que provavelmente este encontro com João Batista impressionou tanto ao Nazareno, ao ponto de ter despertado nele sua vocação posterior. O batismo de Jesus fez com que ele abandonasse sua vida silenciosa, que até então ele levava em Nazaré. Antes de ser batizado por João Batista, Jesus era um desconhecido.

Jesus aceitou a mensagem de João, da mesma forma que muitos outros judeus, e foi batizado por João, como relatam os Evangelhos (Mt 3.13-17; Mc 1.9-11; Lc 3.21-22).

Nesse contexto, o Evangelho desse domingo parece ser uma espécie de prestação de contas de Jesus para João Batista. Voltem e contem a João o que vocês estão ouvindo e vendo. Digam a ele que os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e os pobres recebem o Evangelho. (v. 4-5).

Essa mensagem deve ter sido muito consoladora para João Batista. Jesus havia realmente aplicado em sua vida essa o compromisso assumido no momento do seu batismo. A misericórdia com os mais pobres era marcante na vida de Jesus.

Mas havia uma coisa diferente: “os pobres recebem o Evangelho”(v. 5). Por que isso era algo diferente daquilo que João Batista havia ensinado?

Devemos lembrar que João Batista anunciava que o juízo e o castigo de Deus eram iminentes. Ele chamava as pessoas ao arrependimento e isso os livraria do castigo de Deus. 

A prédica de Jesus, no entanto, não anunciava o castigo de Deus, mas sim a misericórdia e o amor de Deus. Jesus e seus seguidores também mudaram de metodologia. Não continuaram vivendo no deserto, mas percorrem os povoados e cidades. João não ia ao encontro de ninguém. As pessoas é que iam ao encontro dele no deserto. Jesus vai ao encontro das pessoas nos caminhos e nos povoados. Jesus também tem uma atitude de vida e espiritualidade distinta de João. Não promove o jejum, mas sim comunhão de mesa, comendo e bebendo com os pecadores.

Desta forma, Jesus foi motivado, animado, estimulado pela pregação e pelo desafio de João Batista. A sua pregação tirou Jesus do anonimato em Nazaré. E a partir do batismo, Jesus passou a viver o compromisso assumido. Nesse sentido, João Batista preparou o caminho para que Jesus compreendesse a sua missão.

A partir dessa reflexão – cabe a cada um de nós fazer um auto-exame: Como está minha fidelidade aos compromissos que assumi com Deus e com as pessoas?

Também nós somos chamados a preparar o caminho para outras pessoas. Cada um de nós tem sua missão nesse preparar o caminhopara o outro.

Certo dia o fósforo disse para a vela:
- Minha missão é te acender.
- Ah, não, disse a vela. Tu não vês que se me acendes meus dias estarão contados. Não faz uma maldade dessa não.
- Então queres permanecer toda a tua vida assim dura, fria, sem nunca ter brilhado? perguntou o fósforo.
- Mas ter que me queimar?. Isso dói. Consome as minhas forças, murmurrou a vela.
- Tens toda razão, respondeu o fósforo, esse é precisamente o mistério de tua vida. Tu e eu fomos feitos para ser luz. O que eu, como fósforo, posso fazer é muito pouco. Mas se passo a minha chama para ti, cumprirei com o sentido de minha vida. Eu fui feito justamente para isso: para começar o fogo. Tu és vela. Tua missão é brilhar. Toda tua dor, tua energia se transformarão em luz e calor.
Ouvindo isso a vela olhou para o fósforo que já se estava apagando e disse:
- Acende-me, por favor.

Amém
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo do Natal
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 11 / Versículo Inicial: 2 / Versículo Final: 11
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 40554

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