1Pedro 1.17-23
Prezada Comunidade:
Aprendi uma palavra nova aqui em Minas Gerais. Aliás, é uma expressão bem mineira. A palavra é “piruá”. Você sabe o que é “piruá”?
Pois, aprendi que piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
Ruben Alves nos dizia que a pipoca nos faz lembrar que as grandes transformações na nossa vida acontecem quando passamos pelo fogo (por situações muito difíceis). Quem não passa pelo fogo – fica do mesmo jeito a vida inteira. Algumas pessoas, mesmo passando pelo fogo, não nos transformamos. Apesar de tudo, são pessoas de uma dureza assombrosa, tal qual o piruá.
Na simbologia cristã, a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. A pessoa deixa de ser de um jeito e passa a ser de um novo jeito. Ser discípulo(a) de Jesus é deixar-se transformar, é vencer toda a incredulidade, é vencer a dureza da vida. Por isso, uma igreja de Jesus ressuscitado mantem viva a esperança, não se entrega a fatalidade, não se acomoda com as coisas ruins, mas enfrenta tudo com fé, proclamando que Jesus ressuscitou e, por isso, nada mais é impossível para Deus.
O texto da prédica de hoje enfatiza que Deus aceita-nos por amor, assim como somos. No entanto, Ele não nos deixa assim como somos. Cada pessoa tem o direito de ser transformada e de viver a novidade de vida. O amor e a graça de Deus dignificam o ser humano e dão sentido ao mundo. (Manfredo Siegle)
No Antigo testamento, o povo de Deus era o povo de Israel. Jesus, no entanto, quer formar um novo povo de Deus do qual eu e você e todas as pessoas podem fazer parte. Esse novo povo de Deus nós chamamos de igreja. Portanto, nós somos o povo de Deus.
O que a pessoas veem quando falamos de igreja? Certamente veem muita devoção, oração, missas, cultos. Mas alguns também falarão das divisões entre as igrejas, entre os cristãos, Falarão do bom ou do mau exemplo de muitas igrejas e muitos cristãos. O povo de Deus deveria espelhar a vontade de Deus. As primeiras comunidades cristãs falam dessa preocupação para que não haja mais desigualdades sociais na igreja, para que todos tivessem a mesma dignidade que corresponde aos filh@s de Deus, um lugar onde se pratica a solidariedade e o amor ao próximo. O novo povo de Deus é gente que defende a paz, a justiça, a harmonia, a inclusão. Assim foram as primeiras comunidades cristãs. Com o passar dos anos esses valores foram se perdendo e a igreja foi deixando de ser o povo de Deus. A igreja foi abandonado a Deus e foi se aliando com os reis e os poderosos desse mundo. A mensagem de Jesus foi colocada em segundo plano. Nesse contexto surgiu Martin Lutero. Ele não queria fundar uma nova igreja, mas ele queria reformar a igreja para que ela voltasse a ser o que Jesus desejou que ela fosse. Para uma igreja aliada com os poderosos, Lutero apontou para o Cristo na cruz. Ser seguidor(a) desse Jesus significa praticar a sua vontade e os seus ensinamentos. Essa é a missão da igreja luterana.
O que as pessoas falariam de nossa igreja luterana, da nossa igreja aqui em Belo Horizonte? Será que nos deixamos transformar nossa mentalidade pela palavra de Deus, ou não.
Somos pessoas gratas a Deus pelo cuidado que Deus nos tem dado?
Quando colocamos milho de pipoca no micro-ondas ou na panela, sempre tem alguns milhos que não estouram. São os piruá. E qual o destino dos piruá? São jogados fora.
Deus não deseja que nenhum de nós se perca, mas se não transformamos a nossa mentalidade à luz da Palavra de Deus, então vamos nos distanciado de Deus. E longe de Jesus Cristo, nosso coração vai se tornando cada vez mais duro, mais cruel, mais rancoroso, mais cheio de ódio. Deus não quer que sejamos pessoas cruéis, de coração duro. A comunidade é o lugar onde devemos praticar a comunhão, a reconciliação, o perdão, a gratidão a Deus.
Quando não conseguimos mais fazer isso naturalmente, nesse momento, devemos lembrar das palavras de Martin Lutero: a igreja (luterana) precisa estar em constante reforma ainda hoje. E reformar a igreja (ou reformar a nossa própria fé) é um constante voltar para Jesus Cristo. Sem isso, jamais teremos uma vida plena como Deus deseja.
Como igreja luterana devemos servir e repartir o amor de Deus entre si e com todas as pessoas. Pois, somente viver o exemplo de Jesus Cristo fará esse mundo mais humano e mais fraterno.
Amém.
(com o apoio de Odete Liber Adriano em Proclamar Libertação 35 e de Manfredo Siegle em Proclamar Libertação 41)