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ID: 363

Marcos 8.27-38

14/09/2015

Marcos 8.27-38
Prezada Comunidade:
Quem vocês dizem que é Jesus? Como se explica que temos tantas imagens diferentes de Jesus e tantas respostas diferentes sobre quem ele é?
O filosofo alemão Friedrich Nietzsche disse que existem muitas concepções de deus, porque o ser humano, em seu orgulho, criou Deus, a sua imagem e semelhança. Ou seja, que o ser humano quando deixa de participar na comunidade-igreja ele vai criando um deus a sua imagem e ao seu bel prazer.
O problema com as diferentes imagens de Jesus é bem semelhante às imagens que construímos de outras pessoas. Às vezes, pensamos que uma pessoa é uma coisa, quando, na verdade, é bem outra. Como surgem essas imagens distorcidas de outras pessoas? A experiência diz que, quanto menos convivermos com uma pessoa, quanto mais dependermos do que outros acham de uma pessoa, tanto maior será o perigo de fazermos imagens falsas dela. O segredo para sabermos quem uma pessoa verdadeiramente é só é possível quando nós próprios nos aproximarmos dela, convivermos com ela, falarmos com ela. Sem essa proximidade, sem essa comunhão de vida, dificilmente a gente fará um juízo correto de alguém. Aqui está a chave para entendermos o valor da participação na comunidade e nos estudos bíblicos, do seguimento a Jesus. Sem estudar a sua palavra na Biblia corremos sempre o perigo de achar coisas sobre Jesus que ele, no fundo, nem é.
O que a Bíblia nos diz sobre isso?
O apóstolo Paulo disse no Novo Testamento que somente Cristo é o primogênito de toda criatura e imagem perfeita de Deus (Col. 1, 15).
Hoje escutamos a pergunta de Jesus: E vocês? Quem vocês dizem que eu sou?, perguntou Jesus.(Marcos 8.29)
Nesse trecho de Marcos ouvimos que o caminho de Jesus para Jerusalém estava cheio de dificuldades, de incertezas e ambiguidades. Uma dessas dificuldades era a incapacidade do seu grupo de discípulos de reconhecer a identidade de Jesus. Mesmo que Jesus tivesse mostrado várias vezes que o seu interesse não era o poder, mas sim o serviço em todas as suas possibilidades, mesmo assim os seguidores de Jesus se empenhavam por transmitir uma imagem triunfalista do seu Mestre. Jesus precisa então recorrer a duras palavras para colocar em evidencia a falta de visão e entendimento dos seus seguidores. Pedro, Tiago e João – líderes do grupo da Galiléia – continuam presos a uma ideologia sectária e triunfalista, de um líder religioso místico e espetacular e não conseguem ver em Jesus o servo sofredor, que foi anunciado pelo profeta Isaías (Is 50.4-9ª).
Esse é o contexto do Evangelho de Marcos que ouvimos hoje (Marcos 8. 27-39). Jesus diz que um compromisso com o Reino de Deus, vai provocar reação negativa de algumas pessoas poderosas na sociedade e na política.
Jesus quer clarear a mente dos seus seguidores dizendo que uma das consequências do compromisso com o Reino de Deus é a cruz. Seguir a Jesus é comprometer-se com a justiça, a verdade, a prática do bem, a inclusão daqueles que a sociedade e a religião consideram como pessoas inferiores. Seguir os ensinamentos de Jesus vai fazer você começar a questionar a ordem das coisas. Aí, diz Jesus, você vai começar a sentir a resistência e a inconformidade de algumas pessoas.
No meu escritório pastoral na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte eu tenho uma parede cheia de cruzes. Os confirmados já contaram que são 50 cruzes. Eu reuni essas cruzes de diferentes lugares da América Latina. Muitas vezes, ouço comentários dizendo que são cruzes muito bonitas. Isso me dá a oportunidade de falar sobre a teologia da cruz, e a identidade de Jesus.
Martin Lutero repetia que a cruz é o símbolo da Igreja. Por mais diferentes que sejam as igrejas entre si, a cruz é a nossa base comum. Mas a cruz não nos autoriza a justificar nenhum tipo de sofrimento. A cruz não está ai para que exaltemos o sofrimento. A cruz está aí para nos lembrar do amor incondicional de Deus por todos os seres humanos, apesar de nosso pecado. A cruz de Jesus nos faz lembrar que Deus se tornou ser humano, que viveu entre nós e que Deus pode estar com os seres humanos em todas as situações.
No entanto, Jesus superou a cruz com a ressurreição. Por isso, todo sofrimento precisa ser superado. Onde existe sofrimento nesse mundo, os seguidores de Jesus somos chamados a nos empenhar por sua superação. Deus não se alegra com o sofrimento de ninguém. As 50 cruzes que eu tenho lá naquela parede são para me lembrar, dessas duas coisas: O amor incondicional de Deus pelos seres humanos e que todo tipo de sofrimento precisa ser superado.
Mas, o que fazer com os sofrimentos que não podemos superar? O que dizer de pessoas que estão doentes, em fase terminal, ou de pessoas enlutadas que choram a saudade de seus entes queridos?
Nesse caso, Jesus nos diz que jamais podemos deixar que alguém carregue sozinho a sua cruz. Cristo carregou a sua cruz em solidariedade para conosco. Também nós devemos mostrar nossa solidariedade e não permitir que os que sofrem se sintam sozinhos. Portanto, identificar-se com Jesus é lutar contra o sofrimento, mas é também ajudar a carregar a cruz quando não for possível superar o sofrimento. Seja como for, jamais deixar de anunciar que Deus que estar conosco em qualquer das situações.
Lembremo-nos disso nos nossos dias de ansiedade. A maioria das coisas nós podemos melhorar. O que não for possível, devemos simplesmente colocar nas mãos de Deus e confiar. O pastor Martin Luther King Jr disse: Segurei muitas coisas em minhas mãos, e perdi todas. Mas tudo que coloquei nas mãos de Deus eu ainda tenho hoje.

Antes de convidar voces para a confissao de fé, gostaria de compartilhar esse texto como forma de conclusao dessa prédica.

Introdução ao Credo
Creio que nunca estou sozinho, O Pai está comigo.
Mas também entre as pessoas eu não estou só.
Ao meu lado está a grande comunhão da Igreja.
Ela é constituída de gente que o Espírito Santo ama.
É por isso que ela é chamada SANTA.
Ela não existe apenas em minha própria comunidade ou em meu país.
Ela está em todos os lugares, em todos os países do mundo,
Em todas as partes da terra e entre pessoas de todas as raças.
Eu faço parte dela.
E a reconheço no batismo, no sinal da água. Eu a reconheço na ceia do Senhor, no pão e no vinho, nos quais Cristo está presente.
Eu a reconheço quando encontro pessoas que divulgam a sua palavra e a sua vontade.
Creio que nós cristãos estamos bem perto uns dos outros. Apesar de muitas coisas nos separarem.
Creio que aqueles que pertencem ao Espírito Santo são UM ao redor de todo esse planeta, porque Cristo nos mantém unidos.

Convida a tod@s para que confessemos a nossa fé com as palavras do Credo Apostólico.


 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 34835

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