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ID: 363

João 15.18-19

06/05/2015

“ Se o mundo odeia vocês, lembrem que ele me odiou primeiro. Se vocês fossem do mundo, o mundo os amaria por vocês serem dele. Mas eu os escolhi entre as pessoas do mundo, e vocês não são mais dele”.
(Joao 15.18-19)
Os textos do Evangelho de Joao capitulo 15 já nos acompanham desde a semana passada. Nele Jesus nos desafia a amar uns aos outros. Se nós praticássemos essas 4 palavras – amar uns aos outros – provocaríamos uma verdadeira revolução nesse mundo. A maioria dos nossos problemas estariam resolvidos, somente com praticar essas 4 palavras. Portanto, temos aqui um tremendo remédio para curar a maioria de nossos males.
Hoje, continuamos lendo o Capitulo 15, nos quais Jesus fala sobre a razão da existência da igreja.
Assim como acontece hoje, as primeiras comunidades cristãs também viviam em conflitos. Desde o começo a igreja nunca foi um grupo uniforme. Dentro das primeiras comunidades havia gente com pensamentos diferentes e muitas vezes completamente contrários aos pensamentos dos outros. Havia uns que dizia que só os judeus poderiam ser cristãos. Outros, diziam que os estrangeiros eram impuros e por isso, a única maneira de se tornarem cristãos seria que primeiro se convertessem ao judaísmo e ser circuncidados e só depois tornar-se cristão. Havia também o grupo que eram contra a participação das mulheres, outros já falavam em participação política diante dos romanos.
A comunidade de Joao trata de dar uma orientação nesses conflitos. Ele diz claramente que um seguidor de Jesus é reconhecido em qualquer lugar do mundo por seu amor a Deus e por seu amor ao próximo. Para amar ao próximo é necessário permanecer unido a Jesus (assim como o ramo deve permanecer unido ao tronco da videira). Somente quem está unido com Jesus é capaz de amar e de perdoar. É verdade que existe muita gente que faz o bem aos outros e não é cristão. Para o evangelho de Joao isso é possível, mas não dura muito tempo. A pessoa logo se cansa de fazer o bem. As frustrações da vida, vão fazer ela desistir. Somente quem permanece unido a Cristo é perseverante. Somente quem participa ativamente da comunidade consegue resistir. A pessoa que vive em comunidade também sofre com as contradições, também fica frustrado, mas por estar unido a Cristo, ela recebe novas forças.
A influência que seus ensinamentos de Jesus provocaram na comunidade foi tal, que as pessoas, homens, mulheres, acreditaram em seu projeto, vivenciaram-no e formaram a comunidade de fé, refletindo suas palavras, seus atos - durante muito tempo. Eles tinham claro que o mundo é hostil, é mau, perdeu a essência divina. As leis que governam o mundo, as relações entre as pessoas, tudo isso perdeu a essência divina. O que mandava no mundo era a intolerância, a exclusão da maioria e os privilégios para uma pequena minoria, a luta dos ricos contra os pobres.
O movimento de Jesus dizia que no coração do ser humano, ainda podemos encontrar a centelha da essência de Deus. Que o ser humano pode fazer uma diferença nesse mundo. E a maneira de fazer essa diferença era praticar o projeto de Jesus. Esse projeto tinha uma única lei: o amor. Um cristão deve ser reconhecido em qualquer lugar do mundo - se ele pratica o amor a Deus e ao próximo. Esse amor deveria ser visível, com gestos concretos e tinha como objetivo principal os pobres, os doentes, as mulheres, os excluídos. O judaísmo dizia que um judeu se tornava impuro só com tocar nessa gente. O movimento de Jesus dizia que um cristão autêntico, verdadeiro, é aquele que se mistura com essa gente, que ama como Jesus amou, que vive como Jesus viveu.
No entanto,.... com o passar dos anos, a história da igreja mudou muito disso. Com o passar dos anos, Jesus passou a ser identificado com os reis, com os príncipes, com os poderosos. O Jesus de Nazaré foi pintado com roupas finas, coberto com o brilho do ouro, ganhou um rosto angelical e com os olhos e o coração devotado somente a Deus.
E o que aconteceu com o projeto do amor ao próximo, onde Jesus colocava os mais pobres, as crianças e as mulheres no centro? O que aconteceu com o projeto de Jesus que queria transformar o mundo por meio do amor ao próximo? Onde ficou esse Jesus que dizia que amar significa incluir, cuidar, perdoar, dar carinho, dar atenção? Desse projeto de Jesus pediu que os seus discípulos vivessem a solidariedade, a diaconia, o servir uns aos outros?
Com o tempo, a história da igreja colocou esse projeto de Jesus num segundo plano. Esse Jesus radical foi domesticado. As prédicas da igreja transformaram o amor ao próximo como um gesto de piedade, um gesto de alguém que tem para quem não tem. Amar aos pobres significa agora ter pena dos pobres. As igrejas falavam sobre Jesus esse Jesus light, mas não sobre o projeto do Reino.
Ainda hoje escutamos que quando o pastor ou a pastora tem uma proposta/projeto de trabalho, uma proposta que envolve membros da comunidade, que busca refletir a caminhada da comunidade e, principalmente, que busca uma maior inserção na sociedade, sempre dá conflitos. Proposta/projeto de trabalho pressupõe quebra de determinados esquemas, já introjetados n a comunidade. Fazer a igreja refletir sobre o projeto de Jesus para a Comunidade, isso não é uma coisa fácil. Projeto tem o seu preço. Exige tempo, dedicação, perseverança e capacidade de resistência.
Se nós olhássemos o livro de atas das reuniões do presbitério, será que iriamos encontrar ali uma proposta de trabalho para a Comunidade? Um planejamento de atividades?
Portanto, temos diante de nós um grande desafio. Qual é o projeto de Jesus para a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte? O que Jesus espera de nós? Qual a nossa razão de existir? Onde queremos chegar com nossas atividades?
O que vocês acham se pensássemos sobre isso? E se nós marcássemos um encontro para falar sobre isso? Você participaria? Amem.

 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Testamento: Novo / Livro: João / Capitulo: 15 / Versículo Inicial: 18 / Versículo Final: 19
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 33241

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