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ID: 363

Fé com prática

05/06/2016

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus o Pai e a comunhão do Espírito Santo permaneçam no meio de nós. Amém.

Introdução ao texto:
Copos de diferente qualidade e tamanho. Uma jarra de água. Conversar um momento sobre isso: que tipo de copos são? Qual é o tipo mais caro? Qual é o melhor? Quando estamos com sede, o que é mais importante - o copo ou a água?
Nesse momento, colocar água nos copos.
Quando a gente coloca água num copo, geralmente é porque queremos usar essa água para alguma coisa. Ou vamos bebê-la ou vamos usá-la para regar uma planta, etc. Se o copo é pequeno ou grande não importa muito. Ele pode ser usado diversas vezes para a mesma finalidade.
Vamos imaginar agora que o copo somos nós e a água é o amor de Deus. O copo é apenas um meio, um instrumento feito para uma finalidade. O amor de Deus tem uma finalidade?

Os dois textos de leitura deste domingo (l Rs 17.17-24 e Lc 7.11-17) tem como tema a ressurreição de filhos de viúvas. Crianças e viúvas são pessoas vulneráveis na Bíblia. Na sociedade dos tempos bíblicos, o filho era a única chance de dignidade e respeito social para uma viúva. A morte do filho era também a sua morte na sociedade. Nos dois textos, ressalta-se o desespero das viúvas por cauda da morte de seus filhos e da situação na qual essas viúvas estarão condenadas no futuro. Diante desse duplo desespero, Deus aparece como o Deus da vida. Ele garante a possibilidade de vida concreta para os filhos e para as suas mães viúvas. A ressurreição dos filhos representa a salvação emocional e social daquelas viúvas. É assim que age o amor de Deus; agindo em favor da vida, e vida com dignidade.

A carta do apóstolo Paulo aos Gálatas enfatiza a vocação e o compromisso que a prática do Evangelho. Paulo enfatiza que ele não tem sido somente religioso, mas também praticante. Somente dizer que a pessoa acredita em Deus não basta, é preciso também viver a vontade de Deus. É fé com prática. Essa é a mensagem do Evangelho revelado por Jesus.

Algumas pessoas dizem que os pastores e pastoras falamos muito bem sobre o fundamento e o porquê de nossa fé em Deus, mas falamos pouco ou quase nada da praticidade da fé. Não consideramos suficientemente a realidade que nos cerca, e por isso deixamos de lançar o desafio para que as pessoas demonstrem a sua fé em atos de amor. Falar da justificação pela fé - sem falar do viver pela fé - esvazia a pregação. Falar sobre o que Deus espera de mim concretamente, deve ser tema das prédicas.

Aqui me lembro de Martim Lutero e do sacerdócio universal de todos os crentes. Muitas vezes pensamos que sacerdócio universal de todos os crentes se refere apenas à participação em algum trabalho na comunidade. Creio que Lutero pensava muito mais no que hoje chamamos de sociedade civil do que na comunidade/igreja, quando vislumbrava onde o sacerdócio universal seria aplicado. Deus nos quer como seus instrumentos dentro da sociedade. Por isso, é na sociedade que devemos viver como sacerdotes/sacerdotisas à serviço de Deus. Concretamente isso quer dizer: Estou apoiando e/ou participando de alguma obra solidária? (Gl 5.6; 6.2). Tenho demonstrado interesse na melhoria do meu bairro ou da escola dos meus filhos? Tenho apoiado um trabalho social ou uma organização? Tenho defendido os movimentos sociais que defendem melhores condições de vida? Minha contribuição financeira para a Comunidade é uma demonstração do quanto sou agradecido a Deus? E a questão ecológica?

A justificação pela fé me chama a um propósito. Ela me diz que Deus se importa com cada um de nós, e esse interesse de Deus por nós é somente por causa do seu amor, porque ele nos quer como seus filhos e suas filhas. Não é por causa de nossas qualidades. Mas Deus também tem um projeto que se chama Reino de Deus. Jesus viveu de acordo com esse projeto. E Jesus quer que cada um de nós participe desse projeto de Deus. Em outras palavras, Deus quer que vivamos num mundo melhor, Deus quer transformar a maldade, a intolerância, o ódio, a violência nesse mundo, com a ação/colaboração de cada um de nós.

Dar um bom testemunho de vida significa participar do projeto de Deus. Participar do projeto do Reino é estar atento na sociedade, defendendo e/ou nela participando com seus dons pessoais, a fim de que o amor de Deus dado a mim produza obras de justiça para todos/as. Afinal, essa é a diferença entre a lei e a justificação por graça e fé. A lei apenas denuncia o pecado e a injustiça. Ela serve para condenar. A justificação por graça e fé – o amor de Deus - quer mobilizar as pessoas para a prática do bem.

Jesus nos ensinou isso. Deus não quer que nos preocupemos com a nossa salvação. Jesus já se preocupou com isso por nós. Agora ele quer que nos preocupemos com a transformação do mundo.

Por isso, uma das coisas importantes na igreja hoje é ajudar as pessoas a viver a sua fé diante dos novos contextos. Compreender como a sociedade funciona, por que gênero, etnia, raça, religião, orientação sexual e até o idioma tem sido usados para excluir pessoas. O que a economia e o desenvolvimento de um pais tem a ver com a ecologia, ou com a Criação de Deus? Não podemos fechar os olhos diante do que acontece no mundo. É importante deixar claro que se reconhecemos o grande amor de Deus por nós, devemos também ter atitudes éticas renovadas. Já não podemos difundir mensagens ou imagens que eu recebemos por internet e que nem mesmo sabemos se são verdadeiras. Pessoalmente acho que a internet é um tremendo instrumento para praticar o bem. Podemos receber e enviar mensagens e sentir-nos muito próximos uns dos outros. No entanto, ela é muito mal-usada.

Atualmente ela parece mas afastar do que unir as pessoas. Está cheia de mentiras e de ódio. Viver pela fé é colocar as minhas atitudes à serviço do Reino de Deus e por isso, antes de dar o clic para compartilhar ou curtir, eu deveria me perguntar: Esta minha atitude vai contribuir para a edificação das pessoas, o que vou compartilhar é algo verdadeiro e é realmente necessário? Além disso, ... eu tenho quase certeza que Deus também tem internet e ele já me aceitou como seu amigo, portanto Ele recebe tudo e vê tudo o que eu publico ou compartilho.

Jesus não pede que sejamos santos. Ele também não pede de nós coisas impossíveis. O que ele pede são coisas bem humanas como: boa vontade, solidariedade, humildade, coragem, alegria, choro, luta...

Jesus pede que demonstremos a nossa fé através de valores éticos coerentes com o que Ele ensinou no seu Evangelho. É disso que o apostolo Paulo fala aos Gálatas. Deus nos chamou e nos escolheu porque Ele tem uma tarefa para nós. Nós somos o copo, com o qual ele quer alcançar e aliviar a sede de alguém. Por isso, não deixemos de orar: Mostra-nos, Senhor, o teu caminho.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus o Pai e a comunhão do Espírito Santo permaneçam no meio de nós. Amém.

Apoio exegético de Gálatas 1.11-24 em Proclamar Libertação, Volume 23, autor Nilton Giese
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Testamento: Novo / Livro: Gálatas / Capitulo: 1 / Versículo Inicial: 11 / Versículo Final: 24
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 38229

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Cristo, juntamente com todos os santos, assume a nossa forma pelo seu amor, luta ao nosso lado contra o pecado, a morte e todo o mal. Em consequência, inflamados de amor, nós assumimos a sua forma, confiamos em sua justiça, vida e bem-aventurança.
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