Mateus 16.13-20
Prezada Comunidade:
Para entender o Evangelho de Mateus, precisamos considerar o tempo em que ele foi escrito. Pesquisadores da Bíblia dizem que ele foi escrito no ano 80 d.C. Nessa época Jerusalém já não existia mais. Ela tinha sido invadida e destruída pelo exército do império romano no ano 70 d.C., portanto 10 anos antes. O país – Israel – foi apagado do mapa pelos romanos. Todas as autoridades políticas e religiosas foram aniquiladas. Até o templo de Jerusalém foi destruído. Só havia cinzas e ruinas.
Essa era a situação quando o Evangelho de Mateus foi escrito. Um ambiente de destruição, de falta de presente e de futuro, de falta de esperança.
Penso que muitas pessoas que me estão ouvindo hoje sabem bem do que estou falando. Pessoas que de repente tiveram o seu mundo destruído. Pessoas perderam o seu emprego, que agora estão angustiados e que ficaram sem rumo na vida. Pessoas que nessa semana ouviram muitas vezes a palavra NÃO. Não estamos contratando, não temos vagas, não... não... não. Pessoas que na sua angústia tiveram que escutar: Quem quer trabalhar não fica parado, não.
Pessoas que estão frustradas pela situação politica atual. Há um pouco mais de um ano atrás se dizia que bastava tirar os corruptos do poder que tudo iria melhorar, que o Brasil voltaria a crescer. A cada noticiário que escutamos podemos comprovar que a roubalheira continua com os que tomaram o poder, que os maus estão se dando bem, embolsando pacotes de dinheiro, carregando malas de dinheiro e não acontece nada. Parece que os pais está cheio politicos de ladrões – cada um só esperando a sua vez. E se por acaso alguém for preso – não tem problema - em menos de um mês tem um juiz que mandará soltar.
Pessoas que estão desaminadas por causa de separações familiares, por causa de uma doença que apareceu, pessoas que estão passando por limitações de toda ordem. Pessoas que sentem os dias muito difíceis, que viram o seu mundo ser destruído, como foi Jerusalém no tempo do evangelista Mateus.
A pergunta que ouvimos no texto é: Quem o povo diz que o Filho do Homem é? Ou melhor: Quem é Jesus para você?
No texto aparecem 3 nomes, para nos falar da presença constante de Deus.
a – João Batista pode ser interpretado como aquele personagem histórico que exige conversão. O batismo era símbolo de morte (afogamento) e renovação de vida (ressurreição): morte de antigos valores (sociais, ideológicos) e renovação para outros valores de vida. Se a realidade nos confronta com a certeza de que este mundo está perdido, então a fé é aquela força que resiste e proclama: Mas um outro mundo é possível! João Batista é aquela característica em Jesus que reverte a situação, primeiro dentro de nós, depois fora de nós, mediante uma práxis evangélica. O mundo novo será possível, se a mudança começar primeiro dentro de nós. É a conversão diária.
b – Elias pode ser interpretado como aquele personagem histórico que exige culto a Deus em detrimento do culto a outras forças que nos rodeiam. No século IX a.C., Elias lutou contra a política de boa vizinhança que permitia o culto a Baal, o deus das estações, do plantio e da colheita. Elias, portanto é aquele profeta que nos pergunta: Você tem ido atrás de outros deuses para resolver os seus problemas? Que forças nos seduzem hoje em dia? Somos servos do deus Mamon? Do deus da beleza – Adônis, Vênus? Somos workaholics? Podemos lembrar as palavras de Martim Lutero: “Onde está o seu coração, lá está seu deus” (Mt 6.21).
c – Jeremias pode ser interpretado como aquele personagem histórico que exige um compromisso persistente. Jeremias lutou para que o povo voltasse a obedecer à aliança feita com Deus antes do desterro babilônico. Infelizmente fracassou. Mesmo diante da impossibilidade de êxito, mesmo frustrado e deprimido, Jeremias sempre se deixou carregar por Deus e por isso mantinha viva a chama da esperança. Denunciar a corrupção político-social e anunciar a concretização do reino de amor e de justiça paulatinamente entre nós, a despeito dos reveses.
Além disso o texto ainda menciona outros profetas. Talvez aqui o Evangelho queira que nós nos lembremos que outras pessoas mais próximas a nós também passaram por momentos muito difíceis. Pode ser um antepassado nosso, um familiar, uma pessoa amiga que passou por uma situação muito difícil e que hoje é uma pessoa diferente. Parece que Jesus nos quer fazer pensar – que ativar a nossa memória – para nos garantir: Deus não esteve somente com João Batista, com Elias ou com Jeremias. Ele continua presente também hoje, com pessoas da nossa história, com pessoas próximas a nós. Por isso, Deus está também comigo, ele está presente na minha angústia, ele não virou as costas para mim.
Nessa situação o evangelho de Mateus nos diz hoje que há uma resposta para cada uma de nossas desesperanças. A resposta é a fé em Jesus Cristo como Filho do Deus vivo (v. 16). Com esses exemplos – Jesus nos mostra que Deus guia as pessoas de diferentes formas – que a mão de Deus é poderosa e que não abandona aqueles que só veem destruição e frustração ao seu redor.
Muitas vezes a nossa fé precisa de um elemento concreto que nos traga à memória essa certeza de que Deus está presente. Algumas vezes acendemos uma vela – para afirmar nossos sentidos – de que Deus é a verdadeira luz. Que a luz de Deus iluminará as nossas trevas, que a luz de Deus iluminará o nosso caminho. Portanto, ao acender uma vela – faça-o com a seguinte oração: Que a luz de Deus ilumine o meu caminho (ou o caminho de outra pessoa) e que seja feita a vontade de Deus.
Martim Lutero também falava de outros elementos visíveis que encontramos na igreja. Uma delas é a pia batismal. Ele deve estar sempre presente na igreja e deve ser sempre visível para que as pessoas nunca se esqueçam que nós somos filhos e filhas de Deus. Que Deus é o nosso Pai e que no dia em que fomos batizados(as) Deus nos disse; “Não tenha medo, pois eu te salvarei, eu te chamei pelo seu nome, e você é meu..... Quando você atravessar águas profundas, eu estarei ao seu lado e você não se afogará. Quando passares pelo meio do fogo, as chamas não te queimarão. Pois eu sou o Senhor, seu Deus” (Is 43.1-2).
Outro elemento visível é a Santa Ceia, que nos dá a certeza da presença de Jesus. Através do seu corpo e do seu sangue, Jesus quer nos acompanhar quando sairmos da igreja, para enfrentar as dificuldades com confiança que Jesus sempre estará presente conosco.
A fé em Deus faz uma grande diferença em nossa vida.
Era uma vez um escritor que morava em uma tranqüila praia, próxima de uma colônia de pescadores. Todas as manhãs ele caminhava à beira do mar para se inspirar, e à tarde ficava em casa escrevendo.
Certo dia, caminhando pela praia, ele viu um vulto que parecia dançar. Ao chegar perto do vulto, ele reparou que se tratava de um jovem que recolhia estrelas-do-mar da areia para, uma por uma, jogá-las novamente de volta ao oceano.
– Por que está fazendo isso? – perguntou o escritor.
– Você não vê? – explicou o jovem – A maré está baixa e o Sol está brilhando. Elas vão secar e morrer se ficarem aqui na areia.
O escritor espantou-se:
– Meu jovem, existem milhares de quilômetros de praias por este mundo afora e centenas de milhares de estrelas-do-mar espalhadas pela praia. Que diferença faz? Você joga umas poucas de volta ao oceano. A maioria vai perecer de qualquer forma.
O jovem pegou mais uma estrela na praia, jogou de volta ao oceano e olhou para o escritor.
– Para essa, eu fiz a diferença.
Naquela noite o escritor não conseguiu dormir, nem sequer conseguiu escrever. Pela manhã, voltou à praia, uniu-se ao jovem e, juntos, começaram a jogar estrelas-do-mar de volta ao oceano.
Assim Deus também pode fazer uma diferença em nossa vida. Deus nos chama a confiança. É isso que nos disse a palavra de Deus hoje:
Romanos 12.1
Portanto, meus irmãos e irmãs, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus. (Rm 12.1).
Isaías 51.3
“Eu o Senhor terei compaixão de todas as casas que estão em ruinas. Eu farei que as suas terras secas virem um jardim, como o jardim que plantei na região do Éden. Ali haverá alegria e felicidade, haverá música e cânticos de louvor. (Is 51.3).
Mateus 16.15
Jesus perguntou aos seus discípulos:
- E vocês? Quem vocês dizem que eu sou?
Simão Pedro respondeu:
- O senhor é o Messias, o Filho do Deus vivo.
Tenhamos confiança. Revisemos nossa vida, revisemos nossos valores, pois Deus está conosco e sua presença não nos desamparará.
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam nomeio de nós. Amém.