No final de novembro, o leste de Santa Catarina foi atingido por chuvas torrenciais. Em 60 horas, choveu em torno de 500 milímetros (em algumas regiões do norte de Minas Gerais, não chove isso durante o ano inteiro). O resultado foi uma das maiores enchentes dos últimos anos, mais de cem mortes, milhares de desabrigados, o desmoronamento de encostas, engolindo casas e pessoas. Um verdadeiro cataclismo.
CATACLISMO? Segundo o dicionário, cataclismo é uma grande inundação que provoca uma revolução geológica, modificando a superfície da terra. A palavra cataclismo é usada em Mateus 24.38, Lucas 17.27 e 2Pedro 2.5 (texto grego), referindo-se ao Dilúvio (Gênesis 7-9). Os textos bíblicos apontam para a responsabilidade do ser humano por grande parte do desequilíbrio da natureza. Há um descontrole, não se tendo mais noção das estações do ano, quando começa um e termina outra. O planeta vem sendo assolado – a intervalos cada vez menores – por terremotos, tsunamis, furacões, degelo polar, aumento do calor e do efeito estufa, entre outros. O ser humano é responsável por vários desses distúrbios por causa de sua cobiça, mesquinhez e desejo de riqueza e poder.
Sempre que um cataclismo atinge a terra, surge a pergunta existencial: é o fim do mundo?
As grandes tragédias que ceifam muitas vidas obrigam o ser humano a rever suas atitudes e comportamentos. Ele é lembrado que é parte da Criação e responsável pelos seus atos diante do Criador. É alertado de que não é permanente e eterno aqui na terra.
O próprio globo terrestre é um corpo vivo, que agoniza e reage sempre quando agredido no seu equilíbrio. Desde que o mundo existe, cataclismos acontecem (destacamos como exemplos o próprio Dilúvio; a erupção do vulcão Vesúvio, na Itália, matou 3.400 pessoas em Pompéia, no ano de 79 depois de Cristo; o vulcão Tambora matou 92.000 pessoas na Indonésia em 1815; o vulcão Cracatoa, matou 36.400 pessoas na Indonésia em 1883; a Tsunami matou 300 mil pessoas na Ásia no dia 26 de dezembro de 2004; o furacão Katrina matou 1.339 pessoas em Nova Orleans, EUA, no dia 29 de agosto de 2005). Eles nos lembram da nossa transitoriedade e da necessidade de obedecermos aos mandamentos divinos. Cada cataclismo é uma lembrança do fim do mundo. Nada do que aqui existe e como existe permanecerá eternamente.
Oxalá todos os que têm poder e condições para direcionar as ações humanas possam estar conscientes disso e agir para que não mais se poluam as águas, que não se destruam as florestas, que não se derrubem as montanhas. O preço é sempre muito alto e sofrido.
Pastor Geraldo Graf
Publicado na edição 80 do Informativo dos Luteranos - janeiro/2009