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ID: 363

Cada um de nós deve ser a mudança que ele deseja para o mundo

02/12/2016

Leitura de Mateus 3.1-10

Prezada Comunidade:

Nesse segundo domingo de Advento, o Evangelho deste domingo nos fala da pregação de João Batista. João Batista foi o precursor de Jesus. Foi filho de um pai “mudo” – uma pessoa que perdeu a voz (povo silenciado) e de uma mulher já idosa que nunca teve filhos. Zacarias – o pai de João Batista – era um sacerdote do templo, que renunciou aos privilégios do sacerdócio, ao dar-se conta que a religião era usada para promover a maldade, a divisão entre as pessoas.

João Batista, - talvez influenciado pelas experiências negativas de seu pai com o templo e a religião judaica - decide morar no deserto. Ele quer distância dessa sociedade de sua época. 

João é uma pessoa bastante radical. Ele colocava o dedo na ferida mesmo. Seu chamado ao arrependimento não foi bem aceito pelas pessoas que não queriam mudanças. Por isso, o mataram. O rei Herodes e toda a sua corte não queriam mudanças. Exigir mudança de vida dos poderosos não dá certo.

Quando eles se sentem ameaçados, eles contra-atacam e decidem cortar as cabeças daqueles que os ameaçaram. Ainda hoje, nós vemos que quem se beneficia com uma situação, não quer mudanças.

João Batista nos fala da sua realidade porque ele quer que olhemos para a nossa própria realidade. E as imagens dessa semana que passou certamente ainda estão muito presentes em nossas mentes.

Primeiro, o acidente aéreo com o time da Chapecoense em Colômbia ocorrido na segunda feira à noite. Foram 71 mortos e 6 feridos. A maioria jovens – que além do amor pelo futebol – também representavam a possibilidade de vida melhor para suas famílias. O sonho dos jogadores e das próprias famílias foi interrompido bruscamente. Já existem suposições assustadoras sobre as causas da tragédia. Descobrir as causas é fundamental para que situações como essa não se repitam.

A outra imagem dessa semana vem de Brasília. Enquanto nós brasileiros e os colombianos – que sofreram junto a dor dos familiares dessa tragédia, vimos também que os políticos em Brasília não mudam. Trabalharam toda a madrugada para aproveitar a distração de todos com o luto, para aprovar rapidamente medidas em benefício próprio – que blindassem a eles mesmos de investigação ou condenação por casos de corrupção.

Se o caso do acidente emocionou o mundo inteiro – as notícias nos jornais de outros países falavam que mais uma vez os políticos envergonharam o país.

Para algumas pessoas a solução está na volta do regime militar. Apesar de falar mal de fuzilamentos em outros países, algumas pessoas querem que o exército faça isso aqui no Brasil. Essas pessoas querem justificar o uso de mais violência. Contra a violência prega-se a necessidade de mais armas e de mais violência. Forma-se assim uma cultura de violência reciproca, que vai acabar desintegrando a sociedade humana. Mahatma Gandhi já advertia, que nesse jogo do olho por olho, no final, vamos acabar todos cegos.

A humanidade não se salva com violência sobre violência, mas pelo Espírito de Deus, diriam os profetas como João Batista. E o Espírito de Deus chama as pessoas para que comecem a cultivar novas atitudes na vida.
Isso quer dizer que a salvação para o problema da corrupção e da violência está no pecado social, na grande desigualdade social, política, econômica. A violência não termina com mais repressão, mas com oportunidades de vida digna para as pessoas, com educação, com promoção da paz e da tolerância com quem é diferente.

A mensagem de João Batista chama as pessoas para o arrependimento e a mudança. Ele diz claramente: as coisas não vão mudar na política, no templo, e na sociedade em geral se cada pessoa não mudar primeiro.

Para o profeta João Batista, primeiro é necessário que as mudanças ocorram no interior de cada pessoa. Cada pessoa deve se conscientizar de seu papel particular na transformação do mundo. Cada um de nós deve ser a mudança que ele deseja para o mundo. Se queremos que o mundo tenha mais paz, mais justiça então devemos começar por nós mesmos, a cultivar atitudes de paz e de justiça.

Tem uma história do índio americano sobre os dois lobos que moram dentro de cada pessoa. Esses dois lobos estão em constante luta: - Quem vencerá? pergunta o filho do índio americano. - Aquele que você alimentar mais, responde o pai.

Também na sociedade o bem e o mal estão em permanente luta: Quem vencerá: o bem ou o mal? Aquele que você alimentar mais.
Mudanças de atitudes requerem persistência. E a mudança no Brasil – infelizmente – não vai começar com os políticos em Brasília. Quando João Batista falava dos governantes no seu tempo, ele os chamava de raça de víboras. A mudança começa comigo, contigo, com cada um de nós. Essa mudança deve começar conosco, com nossas atitudes. É para nós que João Batista diz: Arrependei-vos e produzi frutos dignos do vosso arrependimento.

Portanto, se quero um pais melhor, isso deve começar comigo mesmo, com a mudança de minhas atitudes. Ao invés de mais violência, eu deveria colocar-me ao lado da resolução de conflitos e promover o respeito pela vida, de cada vida humana e da própria natureza.

Como igreja, temos um papel importante na mudança da cultura de violência e de destruição ambiental. Como igreja, mesmo contra todas as evidências, Deus nos faz falar de esperança, de promessas que ainda vão se cumprir, de sonhos que ainda vão se concretizar. E conforme João Batista, tudo isso começa com a minha própria mudança. Amém.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 3 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 10
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 40433

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