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ID: 363

As pessoas e os símbolos que nos levam até Jesus

27/05/2016

Lucas 7.1-10
(Leitura do Antigo Testamento: 1Reis 8.22-23, 41-43)

A fé é o tema que perpassa as leituras bíblicas deste domingo. O texto de 1Reis fala da necessidade de orar. A oração é um indicativo de nossa fé. Quem ora (ou reza) mantém a proximidade e sintonia com Deus. O texto do Evangelho de Lucas diz algo mais: Para ser fé de verdade, é preciso comprometimento, com Deus e com o semelhante. Não basta estar na igreja, é preciso que a Igreja esteja na pessoa. É preciso confiar em Deus como se tudo dependesse dele, e é preciso agir como se tudo dependesse de nós mesmos. Pedir a Deus orientação, clareza, e deixar que Jesus venha a nós através de outras pessoas e de gestos ou atitudes que apontam para Ele.

Jesus entra em Cafarnaum, cidade de fronteira no nordeste da Galileia. Nas fronteiras existiam destacamentos militares, cuja autoridade máxima era um centurião – o chefe de um grupo de 80 a 100 soldados – que estava à serviço do exército romano. A função do centurião era manter o domínio político de Roma e garantir a cobrança dos impostos por todo o transporte comercial que por ali circulava. Essas autoridades eram conhecidas por praticar abuso de poder, maus tratos aos cidadãos e enriquecimento ilícito (cf. Lc 3.12-14).

O Evangelho de hoje diz que o centurião em Cafanaum possuía um servo (Lucas cita, literalmente, um escravo; João 4. 46 reporta-se a um filho). Este sofria de paralisia, um termo que, no grego, podia indicar vários tipos desta doença. Segundo Mateus 8.6, ele sofria horrivelmente, o que parece combinar com Lucas 7.2, que o caracteriza como estando quase à morte. O centurião, tendo ouvido falar a respeito de Jesus, resolve solicitar a cura. Ele não o faz diretamente, mas solicita que autoridades locais judias (alguns anciãos dos judeus) intercedam por ele. Eles o fazem, apontando a Jesus os méritos do militar: Era um romano diferente, respeitador da religião dos povos sobre quem domina, generoso a ponto de colaborar na construção de uma sinagoga judaica. É alguém que está cercado de amigos, que também o estimam e o consideram muito. É um patrão que trata os empregados com dignidade e estima, e não suporta ver, indiferente, o sofrimento do seu servo, que estava à morte.

Jesus deixa sensibilizar-se pelos anciãos judeus e vai com eles em direção à casa do centurião. Quando o centurião se dá conta que Jesus se dirige à sua casa, se antecipa, e envia outros mensageiros com aquela mensagem admirável: “Não sou digno que entres em minha casa. Basta uma palavra sua…”

Seu respeito ecumênico pela religião de Israel, lhe garantiu amigos para interceder por ele na hora da necessidade. Suas amizades e a afeição por seus empregados sensibilizaram Jesus, que prontamente foi em seu socorro. Sua confiança na Palavra que salva, fez dele, na opinião de Jesus, o maior de todos os fiéis (“nunca encontrei tamanha fé”).

1. A Bíblia conhece vários estágios da fé: há fé firme como no caso do nosso texto (cf. também Mt 15.28), pequena fé (Mt 14.31; 17.20), fé vacilante (Mc 9.24); há também fracos e fortes na fé (Rm 14.1 com 15.1; 1Co 8.9-12), assim como é possível crescer ou decrescer na fé (2 Co 10.15). Quase todos temos experiências com este fato. Quase todos lidamos com períodos de maior e menor proximidade a Deus, de maior e menor confiança em sua presença e ajuda. Isso mostra que não somos donos de nossa fé, mas que a fé é uma dádiva de Deus e precisa ser sempre solicitada ao Espírito;

2. Às vezes, encontramos maior espiritualidade fora do que dentro dos quadros de nossas comunidades e igrejas. O v. 9 destaca a fé do gentio numa comparação com a fé encontrada entre judeus (em Israel). A fé é testemunhada, muitas vezes, de forma surpreendente por pessoas, por igrejas ou mesmo religiões nas quais menos a esperaríamos. Há também lugares/locais onde poucos cristãos esperariam encontrar espiritualidade - e é justamente lá que a solidariedade escreve suas mais bonitas páginas de altruísmo e consideração pelo próximo. Portanto, antes de julgar ou condenar a espiritualidade de outras religiões ou igrejas, devemos nos perguntar se essa espiritualidade aponta para Jesus ou não.

3. Um pressuposto para a fé que agrada a Deus é a constatação de que pouco somos ou valemos diante dele. O homem considerava-se indigno da presença de Jesus. E é justamente nesta hora, quando ele se conscientiza de que nada vale, que pode jogar-se inteiramente nas mãos daquele de quem tudo espera e confia.

Portanto, o Evangelho de hoje nos chama a atenção para o respeito que devemos ter com a igreja e a religião dos outros. Jesus nos diz que as religiões que ensinam a humildade, a tolerância e o respeito – elas estão no caminho certo para chegar ao coração de Deus (Jo. 14.6)
Domingo passado foi a Festa da Santíssima Trindade e, uma das formas que nos lembra da indivisível Santíssima Trindade é o Sinal da Cruz. Esse gesto litúrgico é visto por muitas pessoas como algo exclusivamente católico. Só os católicos fazem isso. No entanto, fazer o Sinal da Cruz é uma lembrança perpétua de nosso batismo – em que o Sinal da Cruz foi marcado na fronte e no peito –, e de que o batismo tem um significado contínuo todos os dias de nossa vida.

O ato de fazer o sinal da cruz já era praticado pelos cristãos dos primeiros séculos e chegou até nós dos tempos apostólicos. Era um costume comum diário fazer o sinal da cruz, conforme registro de Tertuliano (160-220 d.C.) em De Corona Militis, escrito cerca de 201 d. C.: “Em todas as nossas ocupações – quando entramos num lugar ou ao deixá-lo, antes de nos vestir; antes de nos banhar; quando fazemos nossas refeições, quando acendemos as lâmpadas à noite; antes de repousar durante a noite; quando nos sentamos para ler; antes de cada nova tarefa – marcamos o sinal da cruz em nossas testas”. Santo Agostinho ((354-430 d.C.) fala deste costume cristão em muitos de seus sermões e cartas.

O Sinal da Cruz é um dos costumes conservados por Lutero e pela Igreja Luterana na Reforma do século XIV. Lutero o recomenda no seu Catecismo Menor, sob o título: “Como o chefe de família deve ensinar a orar de manhã e de noite em sua casa”. Ele diz: “De manhã, quando te levantas (À noite, quando te recolhes), benzer-te-ás, dizendo: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém” (Livro de Concórdia 379.1,4). Em seu Catecismo Maior, recomenda que os pais devam ensinar os filhos a fazer o Sinal da Cruz com o propósito de recordar o seu protetor divino em momentos de perigo, assombro e tentação. Assim, o Sinal da Cruz acompanha o cristão em todo o tempo e lugar: ao deitar e ao levantar, ao sair à rua e ao entrar na igreja, à mesa quando damos graças ao Senhor pelo alimento, antes e após as refeições.

O sinal da cruz é feito tocando-se a fronte, o peito e os ombros direito e esquerdo, com os dedos da mão direita, dizendo as palavras: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.”

Ao fazer isso, nós professamos a nossa fé no Deus Uno e Trino e na nossa redenção através de Cristo crucificado. No entanto, é mais do que uma profissão de fé, é uma oração de ação de graças ou uma oração pela bênção de Deus, o Pai, no Espírito Santo, por meio de nosso único mediador, Jesus Cristo.

Os cristãos dos primeiros séculos faziam o sinal da cruz no início e no final de todas as celebrações, bem como nos seguintes momentos do culto:
• Ao final da Absolvição;
• Quando o Evangelho é anunciado (Persignar-se traçando três cruzes pequenas na testa, nos lábios e no peito, significam e expressam a oração a fim de que possamos reter o Evangelho em nossas mentes, proclamá-lo com nossos lábios e recebê-lo em nossos corações);
• Depois de haver recebido a Santa Ceia.

A cruz é o símbolo de nossa salvação. Fomos marcados com ela quando fomos batizados. É o sinal pelo qual a igreja abençoa pessoas e coisas. Podemos fazer o sinal da cruz com frequência e gloriar nela, dizendo com o apóstolo Paulo: “longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (Gálatas 6.14). Portanto, na igreja luterana somos chamados a respeitar a espiritualidade de cada pessoa. Fazer o sinal da cruz não é um gesto católico. É um gesto cristão, Por isso, não tem nada de errado se nós também o fazemos. Lutero ensinava que tudo o que nos aproxima ou aponta para Jesus - é válido fazer.

Portanto, hoje a palavra de Deus nos falou sobre a importância da fé que é viva, solidária, comunitária. Nos disse que nem sempre conseguimos chegar a Jesus sozinhos. Muitas vezes, precisamos de gente (ou de símbolos)- como os anciãos dos judeus ou os amigos do centurião romano, - que nos levem até Jesus ou que tragam Jesus até nós, ou que intercedam por nós junto a Jesus. O centurião romano estava cercado de tais amigos. Nós próprios também podemos fazer esse papel de mediação, de ponte entre Jesus e as pessoas. Um gesto amigo, uma palavra amiga, uma ajuda concreta, tudo isso pode fazer com que pessoas sejam levadas a interessar-se e engajar-se na igreja.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do Espírito Santo permaneça entre nós. Amém.


Apoio exegético de Lucas 7.1-10 em Proclamar Libertação, Volume XXVI, autor Uwe Wegner.


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 7 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 10
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 38104

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