Já ouvi pessoas explicando que tanta violência, desespero e problemas psicológicos decorrem da falta de religião. Mas Belo Horizonte é uma cidade muito religiosa, com inúmeros igrejas católicas, igrejas neo-pentecostais surgindo em cada esquina e colégios religiosos formando a nossa juventude.
Será que tudo isso é só superfície? Será que no fundo esta sociedade sabe muito pouco sobre religião? Será que não só 50% da população – sobretudo os de renda baixa – ficam sem uma educação e formação adequada e quase analfabetos, mas um número maior ainda pode ser descrito como ‘analfabetos religiosos’, independentemente da condição social?
O que é o básico?
Mas se lamentamos sobre analfabetismo religioso, precisamos avaliar o que é o básico que cada pessoa deveria saber. Os dez mandamentos? A liberdade cristã? O Pai Nosso? O catecismo? O credo apostólico? Podemos ter certeza que os jovens que participam da Confirmação no dia 11 de novembro estão muito bem preparados neste sentido e ‘alfabetizados’. E nós mesmos?
Há dez anos, trabalhei para uma empresa prestadora de serviços de informática. O dono desta empresa era meio maluco e um fã do ‘discurso de elevador’. “Ueli”, disse-me ele, “Ueli, imagine que você entra num elevador e encontra um velho amigo do colégio. Ele pergunta onde você trabalha, e você tem no máximo 30 segundos até chegar ao seu andar e para descrever a nossa empresa para ele se tornar um cliente. O que vai dizer?”
“Você tem no máximo 30 segundos.O que vai dizer?”
E se o velho amigo me perguntasse o que é a Igreja Luterana? Se eu recitasse o credo apostólico, o elevador deveria ser muito devagar mesmo, e é pouco provável que o amigo se interessaria por Pôncio Pilatos. Apesar da profunda espiritualidade do texto, é menos provável ainda que este credo, recitado num elevador, desperte interesse para conhecer mais sobre a religião e Igreja Luterana.
Resposta pessoal
A resposta deveria ser muito pessoal. Para cada um de nós, outros aspectos são importantes. Eu pessoalmente gosto muito da música e de uma boa pregação, e até hoje estou muito fascinado pelo conceito da ‘liberdade cristã’. Outros sentem-se realizados envolvendo-se no trabalho social, talvez sem freqüentar os cultos do domingo. E como somos muito diferentes, assim vão ser as respostas.
Eu convido cada um para pegar lápis e papel e preparar o seu próprio discurso de elevador. Não acho possível alfabetizar alguém em 30 segundos. Mas é possível despertar interesse entre o terceiro e o décimo-quinto andar.
Preparem-se! Qual é a razão da sua esperança?
Ueli Sonderegger
Membro da CECLBH