Comunidade em Belo Horizonte

Sínodo Sudeste



Rua Dona Salvadora , 37 - Serra
CEP 30220-230 - Belo Horizonte /MG - Brasil
Telefone(s): (31) 3281-1988 | (31) 9980-30286
belohorizonte@luteranos.com.br
ID: 363

A ascensão na arte e a controvérsia sobre o dia da Ascensão

11/05/2015

Ascensão na arte
A ascensão tem sido um tema frequente na arte e na literatura cristã. Já pelo século VI, a iconografia da ascensão tinha se estabelecido e, no século IX, as cenas da ascensão passaram a ser representadas nas cúpulas das igrejas . Os Evangelhos de Rabbula (ca. 586) incluem algumas das mais antigas imagens da ascensão.
Muitas cenas da ascensão têm duas partes, uma superior (celeste) e uma inferior (terrena). Cristo ascendendo aparece por vezes levando uma faixa ou fazendo um sinal de benção com a mão direita . O gesto significa que Cristo, com sua mão direita apontada para as pessoas abaixo dele, estaria dizendo: “Daqui para frente a tarefa será de vocês”. Na mão esquerda, ele aparece por vezes carregando um evangelho ou um rolo, reforçando seu papel de professor e pregador.
A representação da Igreja Ortodoxa da ascensão é uma grande metáfora para a natureza mística da igreja. Em muitos ícones orientais, a Virgem Maria aparece no centro da cena na parte terrena da representação, com as mãos elevadas e geralmente acompanhada pelos vários apóstolos.

40 dias depois da ressurreição
Para os 4 evangelhos estava claro que a ascensão de Jesus aconteceu no mesmo dia de sua ressurreição.
O evangelista Marcos diz que Jesus subiu aos céus no domingo de Pascoa (Mc 16.19). Também o evangelista Lucas diz que a ressurreição de Jesus (24.3), a aparição aos discípulos de Emaús (v. 13), a todos os apóstolos (v.36), a despedida (v.44) e a ascensão (v.51) tudo isso aconteceu no domingo de Páscoa. Inclusive no relato dos discípulos de Emaús se menciona que o Messias entrou em sua glória (vv.24 e 26).
Também o evangelista Mateus dá a entender que Jesus subiu aos céus depois das palavras: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra: Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo e ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (28.18-19).
O Evangelista João ao descrever a aparição a Maria Madalena no domingo de Páscoa, Jesus diz a ela: “Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (20.17).
Jesus subiu aos céus no mesmo dia que ressuscitou. Essa foi a compreensão da igreja até o século IV depois de Cristo. Muitos autores como Tertuliano, Eusébio, Hipólito, Ambrósio e Jerônimo afirmavam que a ascensão de Jesus aconteceu no mesmo dia de sua ressurreição. Por isso se dizia que domingo era o dia do Senhor, o dia que Jesus ressuscitou e subiu vitorioso para junto do Pai.
Se isso foi assim, porque Atos dos Apóstolos (escrito pelo evangelista Lucas) mudou de ideia? Porque no Evangelho de Lucas a ascensão aconteceu no mesmo dia da ressurreição e no livro de Atos dos Apóstolos a ascensão só aconteceu 40 dias depois da ressurreição?

Na verdade, o número 40 é bastante simbólico na Bíblia. Geralmente ele é usado na Bíblia para destacar uma profunda mudança de um período para o outro. O fim de uma geração e o começo de outra.
Lucas escreveu o livro de Atos dos Apóstolos uns 10 anos depois do Evangelho. Quando ele escreveu Atos dos Apóstolos ele tratou de responder a um grave problema que acontecia nas comunidades cristas.
As frequentes narrativas de que Jesus havia aparecido a uns e a outros, havia instalado nas comunidades cristas a sensação que a segunda vinda de Jesus já havia acontecido. Assim como Jesus mesmo havia prometido: Ouvistes que eu vos disse: Vou, e venho para vós. (João 14:28), Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós (João 14:18), Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará.(Joao 16.22).
Com as noticias sobre as frequentes aparições de Jesus, muitas comunidades cristãs deixaram de se preocupar e creram que Jesus já havia regressado e que somente era necessário esperar para que Jesus estabelecesse o seu Reino da terra. Essa ideia paralisou a muitas comunidades cristas, que passaram a esperar – sem querer fazer nada mais:
“Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também. Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs. A esses tais, porém, mandamos, e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão. (2 Tessalonicenses 3:10-12).
Se Jesus já estava por ai, entao bastava com invocar a sua presenca e ele se encarregava de todas as necessidades da sua comunidade.
Lucas então percebeu o quão perigoso se havia tornado a concepção que Jesus aparecia em todas as partes. Mas por outro lado, ele também não podia negar as aparições de Jesus. Por isso, resolveu estabelecer um fim para elas. Por isso, contou em Atos dos Apóstolos que era verdade que Jesus aparecia em diferentes lugares durante um tempo (40 dias depois da ressurreicao), mas que esse tempo acabou. Agora cabe a comunidade atuar como Jesus no mundo. Jesus havia terminado seu ciclo, sua presença física na terra e agora começava um novo ciclo com mais protagonismo para as comunidades cristãs.
E para dar mais realismo a esse novo ciclo, Lucas descreve a Ascensão como um fato histórico, isto é, como se Jesus realmente tivesse subido aos céus a partir de um lugar específico (Monte das Oliveiras) e de um modo bem determinado (subindo no ar, até ser encoberto por uma nuvem). Essa ideia de ascensão Lucas tomou da tradição judaica, que relata que vários personagens importantes do Antigo Testamento haviam subido aos céus em carne e osso, como por exemplo Enoc (Gn 5.24), Elias (2Rs 2.1-13), Esdras e Baruque (mencionado nos livros apócrifos).
Com essa cena da ascensão de Jesus, Lucas quis deixar bem claro que o ciclo de aparições de Jesus havia terminado. Por isso, as comunidades cristãs deveriam agora começar a construir esse Reino de Deus anunciado por Jesus. Já não dava mais para ficar esperando as coisas caírem do céus: Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? (Atos 1:11). Jesus desapareceu desse mundo, agora deveria fazer-se visivel no mundo a sua igreja. As comunidades cristas deveriam fazer agora o mesmo que Jesus fez: trabalhar pela justica, apoiar aos mais fracos. Promover aos pobres, curar aos doentes, lutar pela paz.
O relato da Ascensão de Jesus nos quer dizer que já não é possível continuar olhando para as nuvens e esperar que as coisas se resolvam como por milagre, por intervenção direta de Deus. Lucas em Atos do Apóstolos quer dizer as comunidades cristãs que a partir de agora a igreja de Jesus Cristo precisa trabalhar, com muito esforço e sacrifício, em meio a dores e alegrias, para dar continuidade ao Reino que Jesus começou. E que algum dia esse Jesus voltará para ver o que nós temos feito.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Testamento: Novo / Livro: Atos / Capitulo: 1 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 11
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 33282

AÇÃO CONJUNTA
+
tema
vai_vem
pami
fe pecc

A intenção real de Deus é, portanto, que não permitamos venha qualquer pessoa sofrer dano e que, ao contrário, demonstremos todo o bem e o amor.
Martim Lutero
EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTÍNUA
+

REDE DE RECURSOS
+
Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros.
Filipenses 2.4
© Copyright 2024 - Todos os Direitos Reservados - IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - Portal Luteranos - www.luteranos.com.br