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Celebrações dos 200 anos de Presença Luterana no Brasil se iniciam em Dois Irmãos com palestra de P. Dr. Martin Dreher

Evento deu início às comemorações do bicentenário, que seguem com programação especial até sábado no Centro Evangélico e na Igreja do Relógio

04/07/2024

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Com uma palestra do Pastor, historiador, tradutor e professor Martin Dreher, a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Dois Irmãos deu início, na noite desta terça-feira, às comemorações dos 200 anos da Presença Luterana no Brasil. Até sábado, 06 de julho, outras atividades serão realizadas no Centro Evangélico (Avenida São Miguel, 1136) para contar e celebrar este bicentenário.

Pastor luterano, Martin Dreher é descendente de imigrantes alemães e destacou o papel fundamental dos imigrantes alemães na formação da sociedade brasileira após a independência em 1822. Segundo Dreher, o Brasil precisava de soldados e, “do jeitinho brasileiro”, trouxe estes soldados em meio às famílias de agricultores e artesãos.

“Esses imigrantes vieram ao Rio Grande do Sul em 1824 e criaram aqui um novo tipo de sociedade. Começaram a produzir para a mesa da família, e colocaram no mercado o excedente. Então, produtos básicos da agricultura familiar começaram a ser produzidos no Brasil. Portugal proibia a produção no país, exceto cana de açúcar, café e algodão”, contou.

Como boa parte desses imigrantes eram artesãos, explicou o teólogo, o Brasil teve pela primeira vez profissionais da área de tecelagem, marcenaria, carpintaria, ferragens, sapataria, mudando completamente o rosto do Brasil e dando início à industrialização do Rio Grande do Sul.

Impacto religioso e educacional
Outro aspecto abordado por Dreher foi o impacto religioso da imigração alemã, uma vez que a maioria dos imigrantes (60%) era protestante em uma sociedade predominantemente católica. Isso fez com que, por 40 anos, tivessem que lutar por direitos humanos, como a legalização de seus matrimônios. “O Brasil não estava preparado para recebê-los já que a religião oficial era o catolicismo. Então as pessoas só se casavam na presença de um padre, certidão de nascimento precisava do batismo do padre. Não tinha cemitério para esses imigrantes, então eles tiveram que organizar suas vidas religiosas, onde não se podia ter templos nem uma série de coisas”, contou.

Por fim, o professor destacou o alto índice de alfabetização entre os imigrantes, em contraste com a elevada taxa de analfabetismo no Brasil da época. Essa educação básica obrigatória, uma herança da tradição luterana iniciada pelo reformador Martim Lutero no século XVI na Alemanha, foi fundamental para o desenvolvimento de regiões como a antiga colônia alemã de São Leopoldo, contribuindo para a organização comunitária, o avanço na agricultura familiar e o surgimento de instituições educacionais.

Confira a programação:
● Quarta-feira (3), às 19h30 - Mesa Redonda com Juarez Stein (vice-prefeito, pesquisador e escritor da história local) e Carlos Alberto Klein (Herta).
● Sábado (6), às 19h, na Igreja do Relógio - Recital com destaque para o órgão, instrumento construído na Alemanha em 1860, um dos mais antigos do RS e que ainda está em funcionamento.

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