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ID: 20

VISITA HOSPITALAR

Cuidar de Quem está Doente

15/10/2015

Estimado Leitor (a)
Meu nome é Leonardo Dannenhauer. Sou filho de Levino e Romalda Dannenhauer, membros da comunidade de Nova Estrela. “Deus nos Ama e Deus nos chama.” Essa frase me esguio nos anos de 2008 a 2012, pois era o lema da faculdade EST, na época. E que por vezes me inspirou a observar o Deus que ama toda sua criação!

Algo se moveu em mim, e me chamou para seguir o discipulado de Cristo. Sim, algo me chamou a ser quem sabe um dia um Pastor da IECLB. Muito tempo se passou e com o tempo, vieram às experiências e as vivencias acadêmicas e comunitárias. Diante de livros, dissertações e teses refletindo sobre a teologia sistemática, teologia pratica algo se movia em mim e me transformava. Esse ‘algo’ podemos dizer que é a fé, a espiritualidade. Fé que move e transforma. Não raras vezes encontrou-me perdido e confuso. Entrei na famosa crise teológica. Contudo sempre tive bons professores que me conduziram. Em 2014 algo maravilhoso aconteceu. Durante cinco meses realizei meu estagio curricular no Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre. E, é sobre essa experiência que quero escrever.

Realizei meu estágio curricular em uma instituição particular na ênfase pastoral hospitalar. Com a experiência que tive durante sete meses na comunidade Martin Luther de Portão Rio Grande do Sul, me desafiei em outra área em uma nova experiência. O Serviço Pastoral Ecumênico (SP) da Associação Hospitalar Moinhos de Vento (HMV) está atrelado à história, tradição e aos valores desta instituição hospitalar.

Em um breve revoar histórico podemos dizer que o Hospital Moinhos de Vento, atualmente Associação Hospitalar Moinhos de Vento, teve seu início em 21 de junho de 1914 com o lançamento da pedra fundamental que marcava o surgimento do “Hospital Alemão”. A construção foi interrompida ainda em 1914 devido a Primeira Guerra Mundial. As obras reiniciaram em 1924 e o Hospital foi inaugurado em 2 de outubro de 1927. (1)

Nos cinco meses de estágio nesse hospital, acompanhei de segundas a sextas-feiras, das 08h00min as 16h00min a Unidade C2, com aproximadamente 37 leitos.

A partir do segundo mês, assumi plantões de finais de semana e de feriados quando ficava responsável pela assistência pastoral, sobretudo, nos CTI´s adulto e pediátrico e no setor de hemodiálise, assim como sobre chamados dos diversos setores.

Celebrei momentos litúrgicos e meditações na capela ecumênica, nas reuniões internas da pastoral e junto aos leitos hospitalares. Acompanhei pessoas em situações de conflito, crise e sofrimento. Assisti pastoralmente o processo de óbito de inúmeras pessoas.

Ao acompanhar pessoas de diversas crenças e religiões, e algumas, sem nenhuma religião,o que foi algo totalmente novo. Acompanhar Judeus, Católicos, Espiritas ou até umbandistas foi de fato algo novo e de grande valor para minha caminhada acadêmica e pessoal e, sobretudo, na minha atividade pastoral.

Estar ao lado sem frases prontas, sem preconceitos, sem querer impor ideias e credos. Simplesmente saber ‘ouvir’ com os ouvidos e olhos e acima de tudo com o coração aberto.

O amor à compreensão, o silenciar ao escutar; o cuidar; essas palavras são apenas alguns adjetivos no trabalho espiritual hospitalar. Ao entrar em um hospital sofremos abalo emocional e espiritual. Por vezes, a doença desestabiliza nossa existência. Portanto a Pastoral hospitalar é repartir a atitude do bom samaritano: ver, ter compaixão, aproximar-se, acolher e servir aquele que sofre, vendo nele à pessoa do próprio Cristo, que disse: Estive enfermo e me visitaste (Mt; 25: 36-49). (2)

Momentos bons e ruis são enfrentados pelo agente de pastoral (3). Neste contexto é que há a luta entre a vida e a morte. A pastoral escuta e acolhe as vozes do sofrimento. A pastoral é instrumento da graça de Deus com seus gestos e palavras, cada qual com sua postura representam o amor e a graça de Deus e estes tem efeitos sobre o paciente. (4)

O amor ao próximo, segundo a tradição cristã, é um dom divino. Através dele, revela-se em nós a generosidade de fazer o bem com liberdade e convicção.  Segundo Tomás de Aquino (1225-1274), “O amor é a presença do bem em mim. O falar em línguas, profetizar, operar prodígios, tudo, tudo é superado por um simples ato de cuidar e amar”

A pastoral hospitalar propõe-se a desenvolver um companheirismo de jugo. Nem sempre o/a doente pode libertar-se do jugo de sua doença. Mas sempre é possível ajuda-lo a carregar o seu jugo com dignidade. Se o sofrimento é inevitável, é possível evitar que a pessoa sofra sozinha. Uma das expressões mais comuns no contexto hospitalar é colocar-se ao lado, caminhar junto com o paciente. O senhor é o guia que o precede no caminho (Dt 1.33). Conduz em águas tranquilas e verdes pastagens (Sl 23.2). Está presente também no vale das sombras (Sl 23.4). Como no caminho de Emaús, o Senhor ajuda a interpretar a experiência à luz da Palavra (Lc24. 13-29).

Que a graça de Deus nos movimente em responsabilidade e amor ao nosso próximo, não só para  aquele que esta bem fisicamente e espiritualmente, mas para aquele que sofre. Que o Deus do amor e da misericórdia nos acompanhe em nossa vida. Amém.

1 - Mais informações estão disponíveis em: http://www.hospitalmoinhos.org.br/

2 - DANNENHAUER. Leonardo; “A bênção no contexto Hospitalar”. 2015, p 15
3- LICHTENFELS. Ivo (Org). Top ser humano: Clinica Pastoral Ecumênica do Hospital Moinhos de Vento. Ensaio. Porto Alegre, 2005
4- DANNENHAUER, Leonardo; “A bênção no contexto Hospitalar”. 2015, p 20


Autor(a): Estudante de Teologia Leonardo Dannenhauer
Âmbito: IECLB / Sinodo: Uruguai
Área: Missão / Nível: Missão - Acompanhamento e consolação
Natureza do Texto: Artigo
ID: 35408

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