Ao ler o diálogo entre Jesus e o Mestre da Lei registrado em Lucas 10.25-37, e comparando com as conversas em que hoje, muitas vezes participamos, via de regra, há o entendimento que o meu próximo tem nome, tem documento e tem paradeiro. É o pai, a mãe, o irmão, a irmã, o cônjuge, filho, amigo, vizinho, conhecido, etc. Com esses todos mantemos relações cordiais, amistosas e, muitas vezes, cheias de intimidade e até de amor. A ordem de amar a tais pessoas é “chuva no molhado” que não traz desafio, nem compromisso com a totalidade do Reino de Deus.
E quando aquele cidadão anônimo que se esconde numa cifra de um dado estatístico ou que fica tão-somente pendurado nas ramas mais abundantes de uma percentagem qualquer, é nosso próximo? Ou aquele que, sentado nas calçadas, nos penetra com seus olhos estreitados e aflitos pela miséria, pela fome, pelo desamor, é meu próximo? Ou ainda, aquele que é injustiçado e explorado? Facilmente aparecem os primeiros, “não os conheço.”“Não se vestem como nós”. “Não tomam banho como nós.”“Sequer comem como nós.”“Como é que podem ser nossos próximos?” “Fez suas opções na vida e colhe o que plantou.”
A questão é que Jesus não diferencia distanciamento social. Não considera nada das diferenças entre dois povos rivais mensionados no texto de Lucas, e deixa de levar em conta os grandes perigos de uma estrada mais cheia de ladrões e afins. Jesus, na realidade, só entende uma coisa: do necessitado que precisa do nosso auxílio, do necessitado que sem o nosso auxílio sofrerá muito mais do que já sofre e que poderá até morrer. E é esse necessitado que Jesus chama de próximo.
Quem é o meu próximo?
A pergunta evasiva do Mestre da Lei poderá dar razão à resposta do amor cristão, do amor que tem Jesus como exemplo e constante motivação. Olhemos e pratiquemos a instrução dessa Palavra e assim, cultivemos a nossa fé.