Certamente, em muitas situações do nosso cotidiano, já sentimos a vontade ou necessidade de aconselhar ou repreender alguém. Em muitas ocasiões também lidamos com a dúvida e o medo de fazê-lo, sendo que muitas pessoas não aceitariam tal atitude. Por outro lado também vemos diariamente pessoas que pouco se importam com o que os outros vão pensar, repreendem, criticam e dão sua opinião com rapidez e sem titubear. Para nós fica sempre a pergunta: quando posso, devo ou é útil que eu me envolva de maneira mais intensa na vida de meu semelhante. Quando posso chegar para um amigo, colega, vizinho ou parente e lhe repreender, aconselhar.
Muitas pessoas respondem a essa pergunta com senso de justiça, dizendo: “sempre que a pessoa ao meu lado estiver errada e precisar voltar ao caminho certo”. Grande parte da população pensa o extremo oposto: “nunca devo me intrometer desse modo na vida de meu semelhante, isso é uma agressão.” Outros são mais sensatos e respondem: “sempre que a pessoa a minha volta pedir minha opinião.”
Na verdade nenhuma das respostas nos capacita para auxiliarmos a outra pessoa. Não posso sair julgando por conta própria o outro e corrigindo todos quando eu achar certo. Não posso me abster de auxiliar alguém que precisa de uma orientação, que está perdido, só por que não quero me meter em sua vida. Não posso agir só quando sou solicitado. Muitas pessoas que não precisam de ajuda pedem socorro e muitas que precisam não pedem. Então, como agir? Sem dúvida temos o dever de auxiliar as pessoas a nossa volta. Devemos buscar ajudar, auxiliar, querer o bem. Mas para que nossos conselhos realmente ajudem é preciso atentar para um caminho que deve ser trilhado antes das palavras.
Nossa primeira ação diante de alguém deve ser ouvir. Muitas pessoas procuram um ouvido atento e não encontram por que todos pensam que só as palavras ajudam. Isso é um equívoco, quem não sabe ouvir com tempo e paciência jamais vai conseguir se comunicar de fato com a outra pessoa, pois não a entenderá. Para aconselhar é preciso ouvir muito antes.
Depois de ouvir, devemos nos colocar a disposição da outra pessoa de forma prática. Deus coloca em nosso caminho inúmeras situações em que somos solicitados a ajudar de forma prática, pequenos serviços são necessários antes de grandes conselhos. O que vemos muito são pessoas repreendendo e criticando, poucas estão parando para ajudar de forma prática. É como a parábola do bom samaritano, precisamos parar e estender a mão antes de falar.
O próximo passo é suportar. Quando ouvimos e ajudamos alguém por algum tempo vamos conhecendo essa pessoa de verdade. Então somos confrontados com suas fraquezas, defeitos, predisposições ao erro (como acontece conosco). Suportar exige muita paciência para superar tudo o que provoca atrito e conflito entre a outra pessoa e eu. Nesse ato carregamos conosco os erros do outro antes de apontá-los com palavras.
Depois de ouvir, servir e suportar estamos aptos a falar, a aconselhar. Então talvez possamos fazer o bem com nossas palavras. Primeiro precisamos fazer o bem com nossos ouvidos, mãos e coração. Quem usa as palavras antes disso não ajuda, mas emite juízo. Não aponta um caminho, mas aponta o erro. Não muda uma vida, mas a desvaloriza e humilha. Isso tudo já aprendemos com Cristo. Não há conselho que edifique se não for dado em amor. Ame o próximo como a ti mesmo, depois podes lhe dirigir tuas palavras. Amém.
P. Jeferson Rusch
Mondaí – SC/