O que o dia do Pastor e da Pastora tem a ver com o dia dos Namorados e das Namoradas? A rigor nada, a não ser a proximidade das datas. Mesmo assim me aventuro a buscar por pontos em comum que possam ajudar a refletir sobre estas datas do mês de junho.
Pensando bem, pastores e pastoras são eternos namorados. Nada menos se espera das demais pessoas que abraçaram o matrimônio. Há amor envolvido no Ministério e há amor envolvido no matrimônio. Tanto um quanto o outro precisam ser nutridos, zelados, encorajados, reorientados, cultivados, fortalecidos, enfim, inspirados por Deus. Ambos são construídos sobre fidelidade, transparência, cumplicidade, verdade e comprometimento com a causa abraçada. Estes são ingredientes que nos faltam nas relações humana atualmente. Nos desumanizamos quando procuramos por pessoas e relações idealizadas, como se já não fôssemos mais pessoas pecadoras e falhas, carentes da graça e do perdão de Deus.
No Ministério nos comprometemos com Deus e o anúncio de sua Palavra. Se espera coerência entre o falar e o agir, o discurso e a prática, a palavra anunciada e a vivida. A fidelidade no ministério precisa ser ao Senhor do Ministério: Jesus Cristo. Somos servidores da Palavra e a ela fiéis acima de nossos próprios interesses e aspirações. Muito menos podemos abrandar a Mensagem do Evangelho de forma que ela esteja a serviço de algum grupo com a finalidade de continuar mantendo o fosso social que separa as pessoas, mantendo-as na indignidade e desumanidade. A alegria do Ministro e da Ministra está intimamente ligada a alegria de Deus quando vê sua palavra criando corpo entre as pessoas em suas comunidades.
O matrimônio é alimentado pelo amor que cuida mais da felicidade do outro do que da sua própria. Ou seja, se a outra pessoa é feliz eu também alcanço a felicidade. A minha satisfação está ligada com a satisfação da outra pessoa. No matrimônio saudável não há felicidade individual. As pessoas têm o mau hábito de só valorizar sentimentos quando sentem que estão prestes a perde-las. Exemplo claro é a saúde que recebe atenção especial depois de uma ameaça de enfarto ou de um câncer. Nesta situação muitas pessoas começam a valorizar hábitos saudáveis como caminhadas, param de fumar, diminuem o consumo de bebida alcoólica e o ritmo de trabalho...
Tanto no Matrimônio quanto no Ministério não há alegria somente de um lado, de uma parte. Deus se alegra com Ministros e Ministras que anunciam sua Palavra e a vivem alegremente, mesmo que isto tenha algum custo, como abrir mão de desejos e aspirações pessoais. Deus não nos deixa sós em momentos de conflitos e dúvidas. Ele se empenha para que respostas sejam encontradas e para isso lança mão dos mais variados recursos, tais como a pregação do Evangelho, oração, testemunho, comunhão, fé, ação do Espírito Santo...
Na vida matrimonial não é diferente. Um psicólogo observou em seu consultório que pessoas que se amam muito têm dificuldade porque seus objetivos e aspirações são diferentes. Uma quer fazer viagens o outro não; uma quer ter filhos agora e o outro mais tarde; uma é muito econômica o outro já tem a mão mais aberta. Tudo isso durante o namoro não representa maiores dificuldades. Para o matrimônio onde prometemos ficar juntos “até que a morte nos separa” é necessário sentar, alinhar nossos objetivos e expectativas para a sanidade e a longevidade da relação.
Em ambos, Matrimônio e Ministério, podemos desenvolver relações doentias que não edificam nem são benéficas para ninguém. No Ministério o poder não é nosso, mas de Deus. No Ministério colocamos em prática o dom que recebemos de Deus, mas continuamos sendo pessoas com tudo o que isso implica. No matrimônio não somos donos dos cônjuges nem são nossa propriedade. Precisamos amar sem prejudicar nem ofender a dignidade de quem estamos amando. Tudo o que é demais se torna um problema. Com o amor no matrimônio e o fervor no Ministério não é diferente.
Podem não ter nada (ou tudo) a ver, Ministério e o Matrimônio, mas o amor sadio é necessário tanto num quanto no outro. Relações equilibradas onde o respeito, a honestidade, o carinho e a fidelidade desempenham papel importante são, sem sombra de dúvida, a vontade e a alegria de Deus, nosso Criador. Jo 10.10