Para quem já me conhece algum tempo, certamente deve ter percebido que uma das minhas características é tratar de alguns assuntos de forma bem humorada. Faz parte desta minha característica, brincar com palavras, desmistifica-las e tentar perceber um sentido que costumeiramente não damos a elas. Pessoalmente me desafio, a partir deste novo ponto de vista, à refletir em torno do assunto que esta palavra traz nas suas entrelinhas. Desta vez quero provocar uma reflexão e brincar com a palavra “Desenvolvimento”.
Vejamos: A cada dia estamos mais e mais atarefados e atarefadas com o sustento de nossa família. Corremos atrás dos nossos sonhos e investimos naquilo que consideramos importante. Ou os nossos esforços podem se concentrar em tentar regularizar pendências. E a correria não é pouca. E para nosso estresse ou desespero, ela aumenta a cada novo dia.
Precisamos diariamente dar conta de várias tarefas. E quando acreditamos que damos encaminhamento a uma, outras já estão nos esperando. A sensação é que o dia é curto demais e a semana comprida demais. Demora chegar o fim de semana tão esperado para o descanso. Mesmo assim, não conseguimos dar conta de tudo o que gostaríamos ou precisaríamos. Parece até que estamos numa corrida maluca. Corrida esta que não tem ponto de chegada. Corremos atrás do relógio e da “máquina produtiva”. Passa o dia, passa a noite e começa tudo outra vez. E, apesar das nossas ocupações serem maiores, o dia continua tendo apenas 24 horas. Aqui podemos fazer uma pergunta que vi pintada em um muro: “Quantas horas por dia você vive?”
Pois bem, somos chamados ali e acolá. Cada dia mais e mais oportunidades que fica difícil escolher em qual nos envolvemos. Somos chamados a assistir/participar em cada vez mais atividades. Mais e mais tarefas caem em nosso colo e acreditamos que precisamos dar conta de todas elas. E como seres humanos mortais que somos, estamos desprovidos de superpoderes. Precisamos selecionar algumas atividades e o restante precisamos deixar de lado. Entra aqui uma tarefa difícil: escolher prioridades. Mas quais os critérios que tenho disponível para fazer a seleção?
Além de sermos chamados/as a participar de tantos acontecimentos, acreditamos que conseguimos dar conta ainda de pelo menos uma rede social virtual. Temos ao nosso redor cada vez mais bens e tarefas... Chamamos isso de Desenvolvimento. E por termos tanto a fazer, não raras vezes ficamos apenas superficialmente envolvidos em cada atividade. Como válvula de escape acabamos nos isolando em nossos pequenos refúgios domésticos. E com as questões que dizem respeito à coletividade, cresce a preferência por não se comprometer... temos daí em nossa frente a máxima: “Cada um com os seus próprios problemas.”
A mensagem bíblica e a Reforma Luterana nos convidam para nos envolvermos com os assuntos pertinentes à vida digna para todas as criaturas de Deus. Portanto, Desenvolvimento SIM, mas não às custas do DES-Envolvimento.
