Focalizei na última edição o assunto Somos Igreja. O testemunho bíblico e a própria caminhada da Instituição Igreja, durante a história, dão margem e liberdade para a reflexão desta temática. Em analogia a muitos textos da Escritura Sagrada, nos é facultado avaliar o ser igreja. As experiências históricas, a tradição, os serviços diaconais bem como o testemunho oral, o ímpeto missionário, as ações evangelizadoras, tudo isso soma e perfaz, em nosso mundo, o perfil deste instrumento de Deus chamado Igreja.
Pretendo neste número de Diocese dar seqüência à abordagem da mesma temática: Somos Igreja. O apóstolo Paulo, em sua 2ª carta à comunidade de Corinto, no capítulo 12, descreve a grandeza Igreja mediante uma comparação e visualiza a Igreja sendo corpo. O texto acentua: Igreja é Corpo de Cristo, cujos membros são diferentes, mas a cabeça, a orientação, a bússola é uma somente. O Espírito que determina as ações deste Corpo definindo a pregação, o ensino e os seus serviços é único! Um texto poético traduz o conteúdo do ser igreja:
Cristo não tem mãos senão as nossas;
Para fazer a sua obra hoje em dia.
Ele não tem pés, senão os nossos;
Para guiar os homens em seus caminhos;
Ele não tem voz senão a nossa
Para contar aos homens como ele morreu;
Ele só conta com nossa ajuda
Para levar os homens para perto de si.
O espírito de unidade identifica o Corpo de Cristo, cujos membros são diferentes entre si, mas reunidos sob o mesmo Espírito da Reconciliação e da Verdade. Os dons e a criatividade inerentes ao corpo de partes diferentes estão aí e convivem lado a lado, para promover a paz, fortalecer a unidade. Conforme o apóstolo Paulo, para realizar a obra serviçal e missionária neste mundo o dom maior é o amor (1 Co 13).
No Corpo de Cristo ninguém é nada por si mesmo. Todos os membros são conduzidos pelo Evangelho a uma nova relação diante de Deus e do próximo. O mesmo Espírito cria a unidade e nos ajuda a repartir a responsabilidade de formas variadas e distintas. No hinário do Povo de Deus da IECLB, encontramos um texto que diz assim:
Qual íntegra tripulação a igreja deve estar,
pois, desunidos, estarão mui sós em alto mar.
Se cada um em seu lugar cumprir o seu dever,
ao alvo certo irá chegar o barco sem temer.
Viaja a tripulação unida em fé e amor.
Pois sabem-se guiados já por bom navegador.
Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
Diosece Informa - 11/2003