Passados 12 anos de serviços prestados à frente da diocese de Joinville, dom Orlando Brandes está se despedindo, neste mês de julho, para assumir novas funções ministeriais na arquidiocese de Londrina, no Paraná. Muitos foram os encontros celebrativos, outros voltados ao diálogo ecumênico, visando à reflexão conjunta, além do convívio fraterno em busca do fortalecimento da espiritualidade. Assim tem sido o panorama desenhado nos anos em que pude conhecer e conviver ecumenicamente com dom Orlando. Nesse tempo de despedida de dom Orlando, sublinho um verso da Bíblia, citado no livro de Josué: Não te deixarei, nem te desampararei.
As Escrituras Sagradas estão repletas de testemunhos e de histórias de pessoas a caminho. Seguem alguns exemplos: Abraão sai da terra-pátria e segue para um novo chão que Deus lhe mostrou. Os profetas vivenciaram a realidade de caminheiros que denunciaram e anunciaram. Moisés, instrumento importante na caminhada de libertação do povo de Deus, teve um caminho a percorrer. Josué, o sucessor de Moisés, experimentou o mesmo desafio. No Novo Testamento, João Batista encontrava-se no caminho de Deus para anunciar a vinda do Salvador e testemunhou: Convém que Ele cresça e que eu diminua. O próprio Cristo não só foi a caminho, mas afirmou: Sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Dom Orlando, caminheiro de jornada, ao lado de muitos irmãos e de muitas irmãs: são os meus bons desejos que o irmão prossiga, a caminho, na confiança e na esperança de que a paz e a bênção de Deus continuem sendo as marcas inconfundíveis de seu ministério especial. Não te deixarei, nem te desampararei. É boa notícia, não é promessa humana; mas revela uma certeza que vem extra nos; ela procede de Deus. É oferta graciosa à família ecumênica.
O ecumenismo assume funções pedagógicas e instrumentaliza a educação em busca da compreensão mútua entre os povos, assim como se empenha no acerto de passos que nos são comuns. Quando da última Semana de Oração pela unidade dos cristãos, fomos lembrados que o exercício ecumênico nos anima a um movimento de arrependimento e nos capacita à autocrítica.
O que o movimento ecumênico não aspira? Seu objetivo não é a criação de uma única e grande nação cristã, de abrangência universal. Em razão da disposição ao diálogo ecumênico, somos parceiros, embora não almejemos algo análogo à experiência do esperanto como língua religiosa uniforme. Somos o sal da terra e a luz do mundo, mantendo a identidade na perspectiva da diversidade confessional reconciliada! Desejo que dom Orlando Brandes prossiga pastoreando o rebanho, sempre no empenho por unidade; é compromisso por causa da verdade do Evangelho.
Agradeço a Deus pela cumplicidade ecumênica. Ela serviu à compreensão mútua e à caminhada harmoniosa colocando passos comuns. Somos Igreja de fato, quando juntos a edificamos para e com as outras pessoas!
Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
Jornal A Notícia - 30/06/2006