A Igreja que se reúne em nome de Jesus Cristo, o Messias de Deus, o Caminho, a Verdade e a Vida, iniciou o tempo da Quaresma. A lembrança nos leva ao sofrimento de Jesus Cristo até a morte de cruz. O processo foi gradual, passo a passo, de forma obediente à vontade de Deus-Pai, Jesus Cristo vivenciou a paixão até a morte.
Saúdo os leitores e as leitoras com uma palavra do apóstolo Paulo Assim como os sofrimentos de cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo (2 Co 15). Tanto os relatos e testemunhos do Antigo Testamento como o judaísmo no tempo de Jesus, conhecem a realidade do sofrimento. O mundo judaico via no sofrimento um castigo de Deus, uma prova de fidelidade a Deus. Na vida do judeu piedoso o sofrimento não deveria existir. A sua expectativa era de seguir por caminhos retos e planos, isentos de sofrimento.
No Novo Testamento descobrimos uma posição mais favorável e positiva em relação ao sofrimento. O sofrimento da pessoa humana torna-se compreensível a parte do sofrimento do próprio Cristo. Na 1a. Carta de Pedro no capítulo 2, verso 24 lê-se que o próprio Cristo sofreu por vocês e deixou o exemplo para que sigam nos seus passos. E Jesus mesmo alerta que o aluno não é maior do que professor (Mt 10.24). Quem desconhece nas afirmativas do Sermão da Montanha a promessa felizes as pessoas que sofrem perseguições por fazerem a vontade de Deus, pois o Reino do Céu é delas
Aos olhos da fé o sofrer tem um objetivo e uma motivação ao mesmo tempo: sofrer pelo Reino de Deus. O viver de Cristo está oculto no sofrimento dos seus filhos e das suas filhas. O apóstolo Paulo chega a vangloriar-se da sua fraqueza quando ouve a voz de Deus: a minha graça é tudo o que você precisa, porque o meu poder é mais forte quanto você está fraco.
À medida que o cristão convive com a realidade do sofrimento e da própria fragilidade, deixa de colocar a esperança em si mesmo: coloca-a primordialmente em Deus. Fortalecer, consolar, firmar, perdoar, ressuscitar os mortos é dom de Deus.
A qualidade do sofrimento de Cristo tem uma qualidade especial e exclusiva; nisto ela se diferencia do sofrimento humano. O seu sofrimento, na dimensão de resgate do poder do pecado e da morte eterna, tem poder salvador!
O tempo da Quaresma nos liberta da tentação de buscarmos a glorificação própria. Na condição de pessoas sofredoras é consolador sermos presenteados com a Boa Notícia o que sofremos durante a nossa vida não pode ser comparado, de modo algum, com a glória que nos será revelada no futuro (Rm 8.18). desejo à grande família ecumênica um tempo de Paixão abençoado e rico em consolo e paz.
Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
Diocese Informa - 03/2007