O salão da Comunidade Luterana de Marcílio Dias ficou pequeno para receber os descendentes e amigos de Else Baukat (in memoriam) no último dia (20). O local escolhido para o lançamento do livro Meandros do Destino, escrito originalmente em alemão por Else, não poderia ser outro, afinal, a família Baukat é uma das precursoras do luteranismo na região e atualmente é uma das mais numerosas da igreja luterana por aqui.
Else veio ao Brasil com o marido Wilhelm Baukat e dois filhos pequenos após a Primeira Guerra Mundial. As memórias, além de resgatarem a história da família, são exemplos ao leitor das lutas diárias vividas por milhares de imigrantes que vieram iludidos tentarem vida nova no Brasil.
Rodolfo Baukat, filho caçula de Else, hoje com 80 anos, foi quem traduziu a obra. O manuscrito de Rodolfo ainda foi digitado e somente depois editado. Foram mais de dois anos de trabalho. Para Rodolfo, o livro, antes de tudo, mostra a história de coragem e determinação de seus pais em vencer inúmeras dificuldades: desde doenças, condições climáticas, de moradia, falta de dinheiro e a responsabilidade em trazer filhos pequenos para um novo país.
O evento reuniu também dezenas de crianças que vão poder saber a história de Else por ela mesma: “eu gostei do livro porque conta a história da bisa”, diz Maria Luíza, 7 anos, bisneta da escritora.
Depois do trabalho de traduzir e editar, a emoção dos familiares foi notória em cada palavra e olhar durante o lançamento: “eu não sei bem definir isso em palavras neste momento. A emoção é muito grande. A satisfação é por ter cumprido uma tarefa que a gente tinha como compromisso com a mãe. A gente conseguiu com colaboração de muitas pessoas e isso é um fator maravilhoso porque sozinho a gente não consegue fazer todas aquelas coisas”, confessa Rodolfo.
Outro filho ainda vivo de Else, Helmuth Baukat, 90 anos, também quase não consegue descrever em palavras a emoção que sentiu dia 20. As recordações dos momentos vividos com os pais – narrados no livro – fizeram as lágrimas escorrerem no rosto. Segundo Helmuth, os valores transmitidos aos filhos foram passados por Else que, resume-se a dizer: “era quem fazia os melhores cuques do mundo”.
Else ficou conhecida em Marcílio Dias pelos quase 500 partos que fez durante sua vida, mas o ofício desenvolveu no Brasil. Else era secretária e o marido sargento da Marinha quando viviam na Alemanha. Os Baukat da terra da manteiga chegaram ao Brasil em um navio com outras 200 famílias no porto de Santos em 1924. Viveram em Timbó/SC por alguns anos, mas depois de terem a casa onde moravam destruída por duas vezes, optaram pela mudança e vieram para Canoinhas.
Créditos foto: PRISCILA NOERNBERG/JORNAL ÓTIMO