Convido os leitores e as leitoras desta coluna a seguirmos, em pensamentos, por um mesmo caminho. A inspiração procede do caminho seguido por dois discípulos do grupo de Jesus, após a sua crucificação. Cléopas e seu companheiro se afastam dos trágicos acontecimentos, ocorridos em Jerusalém. Ambos seguem para um vilarejo nas imediações e conhecido como Emaús. A narrativa parte do Evangelho, conforme Lucas, capítulo 24. De forma muito hábil, o evangelista constrói uma trama como se fosse uma novela. Sendo leitores e leitoras, sentimo-nos integrados na trama. Não deixa de ser impressionante o fato de que uma 3ª. pessoa se associa, a caminho: esta pessoa logo não é reconhecida.
A Igreja, nos passos do caminho ecumênico se submete ao mandato do Evangelho e busca a sua inspiração no acontecimento da Páscoa de Jesus Cristo.
Até parece uma proposta em analogia à lei da física, da causa e do efeito.
A vivência de fé no Cristo ressuscitado gera uma causa e o seguimento conjunto das comunidades cristãs, indica ao seu efeito. A Páscoa se identifica como razão maior para a existência da Igreja de Jesus Cristo, na perspectiva ecumênica.
A festa da vitória do poder da vida sobre as múltiplas facetas dos poderes da morte torna-se o manancial para a Igreja da Esperança, em meio ao mundo de tanta desesperança, realidade pontilhada por tantos sinais de morte.
Interpreto a cooperação ecumênica entre o Sínodo Norte Catarinense (IECLB) e a Diocese de Joinville (ICAR), sendo um fruto da experiência e do testemunho da Páscoa. É a Páscoa quer nos inspira a trilharmos caminhos comuns, onde o espírito da convergência remove a enorme pedra das divergências históricas, à entrada do túmulo.
O Evangelho da Páscoa leva à confiança e embala a esperança. As boas notícias a respeito do Cristo, que vive, anunciam que Ele é companheiro fiel, em torno de mesas comuns e de práticas conjuntas onde se concretiza a fé no mesmo Cristo ressuscitado. Em razão da Páscoa, cujo potencial de vida nova é sem comparação, as suspeitas de um “inverno ecumênico” ou as manifestações das sombras das incertezas se tornam relativas. Por que não testemunhar que o Filho de Deus o Senhor vivo, sempre esteve conosco e sempre continuará conosco? Não será o “fôlego ecumênico”, fruto dessa presença?
No espírito ecumênico nos tornamos aprendizes do respeito à diversidade. A Igreja da Esperança não relativiza e não nivela a história e a tradição. É Deus mesmo que inaugura, através da Páscoa do seu querido Filho, a Igreja da Esperança. Graças a Deus a perspectiva da igreja ecumênica não depende tão somente de comissões de diálogo e dos nossos planejamentos. É fruto, oferta, é liberdade decorrente da Páscoa!
Manfredo Siegle
Pastor Sinodal do Sínodo Norte-Catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
Diocese Informa - 05/2009