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ID: 13

Globalização e Ecumenismo

Artigo

28/08/2003

A divisão da Igreja é um escândalo e um obstáculo para a construção da vida e para a luta contra os poderes e projetos de morte. Não podemos nascer e viver tranqüilamente em igrejas separadas, sem reconhecer, com o apóstolo Paulo, quão grave é o escândalo da separação, porque divide o que é indivisível: o corpo de Cristo. Enquanto igrejas se dividem e até mesmo se agridem, a vida humana vai padecendo..

Desde o início do cristianismo a unidade tem sido definida como um propósito de Deus. Apesar, portanto, da aspiração para a unidade dos cristãos ser antiga, o ecumenismo é conceito recente - foi utilizado pela primeira vez em somente 1919. Muitos caminhos já foram trilhados, muitas igrejas já buscam reunir forças, mas ainda é espalhada entre nós a semente da divisão.

A divisão entre os cristãos impede sua missão profética e a construção dos sinais concretos do reino de Deus em nosso mundo. Eles mesmos divididos perderam a capacidade de reconhecer os problemas que geram divisão em nosso mundo. O mundo globalizado é marcado pela exclusão. A unidade não é alvo da sociedade globalizada.

Uma das principais características da globalização, em nível macroeconômico, é o domínio do mercado pelas grandes multinacionais. Com o avanço das telecomunicações e da informática, as operações desses mercados são realizadas em tempo real.

A globalização aumenta as desigualdades entre os países e, dentro deles, as diferenças esferas sociais. Dilui a soberania das nações e debilita sua economia e sistemas financeiros, fazendo-as dependentes de operações do capital internacional. Esse processo promove uma aproximação territorial das nações e um distanciamento social pela exclusão de milhares de pessoas dos benefícios do mercado mundial. O desemprego em massa passou a ser o grande flagelo de nosso tempo. Nessa realidade, quem está perdendo espaço e vez é a vida humana. Pois, em nome de um sistema mundial, vivemos realidade em que a vida está em decadência.

Como igrejas cristãs somos convidados a sair de nossas ilhas estruturais para dar-nos as mãos a serviço da vida. É fundamental a construção de um ecumenismo marcado pelo propósito da missão da Igreja de Jesus Cristo no mundo: anunciar a vida e viver concretamente a unidade e a libertação. Para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste(Jo 17.21). O aprofundamento do processo de exclusão da imensa maioria da população de qualquer benefício da produção é um dos principais desafios para as igrejas que defendem a vida.

Confessar em comunhão a fé no Deus da vida implica assumir a realidade plural e fragmentada, inserindo-se em projetos que protegem a vida. Não se trata de construir uma nova sociedade, mas, na era globalizada, de marcar o caminho da vida defendendo a inclusão e o resgate da dignidade humana para o que o Evangelho nos desafia.

Sisi Blind
vice-pastora sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
pastora da Paróquia de Curitibanos
em Curitibanos - SC
Jornal ANotícia - 29/08/2003


Autor(a): Sisi Blind
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense
Área: Ecumene
Natureza do Texto: Artigo
ID: 8649

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