Iniciamos a semana lembrando da instituição de um sinal exemplar, o Dia Mundial do Meio Ambiente. A sociedade humana carece de referenciais que a motivem em busca de novas estratégias visando à preservação e aos cuidados do jardim de Deus. O universo é nossa casa de convivência comum. Agraciados por causa da misericórdia divina, lançamos o olhar sobre o universo exaltando a grandiosidade do Deus-criador.
A amplitude do universo e a diversidade observada no mundo criado trazem surpresas. O livro dos Salmos apresenta, num dos seus textos mais belos, a vivência de comunidades agradecidas. Surpreso, o povo de Deus enxerga, sente e anuncia com alegria: Senhor nosso Deus, a tua presença irrompe por toda parte. O universo inteiro canta a tua glória. Quando nos extasiamos a olhar o céu estrelado e contemplamos as noites de luar e pensamos que foste Tu seu criador, nos perguntamos: que valor imenso não deve ter o homem, para estar sempre na tua lembrança?
É verdade, a natureza surpreende e revela o Evangelho de Deus. Ao retornar, em data recente de uma viagem, o carro seguia por uma rodovia no Planalto Norte catarinense. Percorria trajeto onde a paisagem permitia descortinar um sem-número de araucárias nativas, o pinheiro. Trata-se de uma espécie de árvore-símbolo, típica dos campos; belo exemplar de árvore, uma criação majestosa que, em tempos passados, dominou as paisagens campeiras do planalto. Seu fruto, o pinhão, servia de alimento ao homem do campo, aos animais correndo soltos nas pastagens, assim como alimentava as gralhas-azuis, o pássaro responsável pela preservação natural das araucárias.
O pinheiro, árvore robusta e exuberante, quando madura, impressiona por suas dimensões, o diâmetro, a altura e, de modo especial, sua copa larga e de aspecto generoso. Tem razão aquele observador da paisagem campeira ao afirmar que o visual do pinheiro é comparável ao ser humano determinado pelo jeito firme e que impressiona pela figura dos braços estendidos e abertos, como se estivessem presentes para dialogar e abraçar o mundo.
Agradeço ao Criador pela bela natureza no chão brasileiro; obrigado ao pinheiro exuberante e por seu visual indivisível. Graças a Deus por suas raízes firmes, que são como fios encravados em solo fértil. As raízes firmes e fortes trazem consistência e segurança. A linguagem em metáforas é preciosa e está a serviço da comunicação que todas as pessoas compreendem. A presença do Deus-criador pode estar materializada nas raízes, no tronco e na copa de uma araucária vigorosa. Andar de olhos abertos neste mundo de Deus é sinal de sabedoria. Nada é comparável à oferta do Evangelho que se presta como alimento para uma vida construída sobre alicerce firme. À semelhança da árvore do campo, que para crescer e tornar-se árvore madura precisa de raízes sólidas e bem nutridas, o ser humano amadurece e produz bons frutos a partir da fé fundamentada no Evangelho.
Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
Jornal A Notícia - 09/06/2006