Nesse caminho de mais de dois mil anos trilhado pelas pessoas cristãs em todo mundo, muitos foram os milagres, muitas foram as curas, muitas foram as pessoas salvas, muitas foram as comunidades criadas onde a partilha dos dons e bens de Deus se concretizaram, onde a solidariedade do samaritano realmente aconteceu, onde a paz e a justiça se beijaram! No entanto, reconhecemos também o nosso pecado pela violência, intolerância, quando as pessoas cristãs esqueceram o Cristo e se voltaram contra seus irmãos e irmãs por conta do seu credo, cor, raça ou sexo.
A Reforma do Século XVI e a Igreja Luterana em todo o mundo afirmava e ainda afirma, com muita humildade, que somos salvos e pecadores simultaneamente, conclamando as pessoas cristãs a uma volta ao Evangelho, um retorno à manjedoura, fazendo de Cristo o princípio de nossas vidas, admoestando para que em nossas decisões e ações, não jogássemos o Cristo fora e, da manjedoura, permanecêssemos apenas com a palha. Isso significava e ainda significa que em nossas relações ecumênicas, a liberdade para a qual Cristo nos chamou seja realmente vivida e colocada acima de qualquer fanatismo. A obra para a qual a Igreja Cristã foi convocada, a mais difícil, a mais fundamental, diga-se de passagem, “aquela para a qual todas as outras não passam de mera preparação”, foi o AMOR! Dessa forma, o encontro ecumênico que aconteceu em Lund, na Suécia, com o Papa Francisco e as autoridades da Igreja Luterana, celebrando o dom maior que é presente e está presente em todas as denominações que confessam Cristo como seu Senhor, nos enche de vitalidade para esperançar por uma unidade do testemunho cristão no mundo.
Como podemos pregar o amor e a unidade do corpo de Cristo se não nos aproximamos, se não oramos e nos colocamos à mesa da comunhão com temor e tremor? O grande Mahatma Gandhi, em sua sabedoria, já havia reconhecido isso. Interrogado certa feita por um cristão que indagara sobre a constante citação de palavras de Jesus em seus discursos e, mesmo assim, apesar dessa relação, ainda não havia se convertido ao cristianismo, perguntou: - “Senhor Gandhi, apesar do senhor sempre citar as palavras do Cristo, por que é tão inflexível e sempre rejeita tornar-se seu seguidor? Ao que Gandhi respondeu: - Óh! Eu não rejeito seu Cristo. Eu amo seu Cristo. Apenas creio que muitos de vocês cristãos são bem diferentes do vosso Cristo.”
Agora, iniciando o ano de 2017 no qual comemoramos 500 anos do movimento reformatório, esperançamos por um testemunho que não jogue Cristo fora e fique apenas com a palha. Nos comprometemos em nossas atitudes ser bem mais próximos de Cristo do que fomos no passado! Defendamos, pois, a liberdade religiosa e a unidade das pessoas cristãs em palavras e ações. Isso é motivo de gratidão e alegria e genuíno testemunho cristão!