Nos dias atuais é compreensível que a mídia se ocupe em larga escala com o tema da segurança. As tragédias diárias no trânsito brasileiro, especificamente nas rodovias catarinenses, motivam à aplicação de medidas mais rigorosas em favor da proteção de pessoas e de bens materiais.
O meio ambiente sofrendo sob o massacre da exploração egoísta das suas riquezas, clama por maior segurança. A corrida armamentista em escalada constante, defendida pelas nações poderosas, se alimenta de ilusão de que maiores investimentos em instrumentos de guerra possam dissuadir nações emergentes em busca de espaço e autodeterminação de provocarem grandes conflitos mundiais.
Medidas de proteção somadas ao resgate de consolidação da família e da sociedade sugerem atitudes pedagógicas responsáveis e procedimentos relacionais fraternos e democráticos.
No contexto do mundo religioso se consolidam as manifestações clamando por medidas de segurança, zelando por pureza e solidez da paria espiritual. A história da humanidade desenhada e interpretada na Bíblia, desde os primórdios do povo de Israel até as primeiras comunidades cristãs, indica para ameaças que pairavam sobre o povo de Deus e a comunhão dos fiéis.
Por exemplo, Cain elimina Abel. Deus mesmo garante proteção a Cain e a seus descendentes. O dilúvio torna-se uma ameaça universal e sinaliza a fragilidade das políticas de segurança humana. As autoridades de poderosa nação egípcia temem a presença dos filhos de Jacó em suas terras por isto, passam a controla-los. Jesus alerta diante de falsas seguranças. Na parábola do lavrador rico, ele denuncia a decisão do fazendeiro bem sucedido. O produtor investe em silos maiores para estocar a sua grande safra de grãos. Louco, esta noite pedirão a tua alma
Jesus não questiona a decisão administrativa do fazendeiro: aponta no entanto à necessidade prioritária da pessoa humana em levar uma vida rica diante de Deus. Foram vozes proféticas , tanto nas Sagradas Escrituras como no decorrer da história da igreja que denunciaram as tentativas enganosas de edificar vida individual ou vidas coletivas sobre um fundamento arriscado sujeito a corrosão.
Aos olhos da fé há liberdade para apostar numa nova compreensão de segurança. É segurança alicerçada na justiça e no estado de direito, fruto da cooperação e do diálogo. O Conselho mundial de Igrejas, organismo ecumênico cuja última Assembléia Geral aconteceu em Porto Alegre no início de 2006, acatou uma decisão anterior de identificar o presente decênio como período de superação da violência.
Deus nos chamou para edificarmos, no espírito cooperativo e ecumênico, igrejas e uma sociedade toda animada pelo Evangelho depostas ao serviço de paz e reconciliação universal. A vontade de Deus nos leva ao zelo pelo horizonte futuro que tenha nomes consistentes. O mundo espera ansioso que pessoas cristãs saibam proteger valores fundamentais e tesouros sociais sem preço: solidariedade, misericórdia, compaixão e justiça!
Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
Diocese Informa - 11/2007