Sínodo Noroeste Riograndense



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ID: 12

A transformação da vida

30/03/2010


Qual o significado da Páscoa em nossa atualidade? E será que o significado que nós temos da Páscoa, é o mesmo significado que Jesus Cristo revelou?

Podemos pensar na Páscoa com um feriadão legal, bom pra reunir-se com a família, para freqüentar a igreja, pois Páscoa ainda tem a ver com fé e com Igreja. Comer peixe, ir ao culto e reunir a família, de repente até assistir um filme sobre Jesus Cristo e achar bem bonito. Um ótimo programa familiar.

Mas será que a Páscoa é isso?

A Páscoa nos aponta para Jesus, e ele nos revela que o amor de Deus está na vida, no encontro das pessoas, e principalmente na proteção e no cuidado da vida.

Jesus não quis instituir outro movimento religioso com regras, tarefas e um montão de coisas a ser cumpridas para agradar e se achegar a Deus. Jesus revelou que Deus está na vida das pessoas, no encontro, na comunhão, na solidariedade, na defesa dos injustiçados, na inclusão dos excluídos, no perdão e reconciliação dos inimigos, na partilha aos necessitados, ou seja, na vivência do amor entre as pessoas. Este amor entre as pessoas faz a Igreja, que é a presença de Deus no mundo, onde e com quem nós estamos.

Jesus quando falava de igreja, de povo de Deus, de reino dos céus, sempre relacionava a um jeito de viver, a um estilo de vida. E não como um lugar geográfico, uma instituição. A Igreja para Jesus não representava o templo apenas, pois Deus está onde duas ou três pessoas estão reunidas. Assim, a Igreja é a nossa casa, o nosso trabalho, a nossa escola, a nossa vida. Jesus revela que ninguém pode servir dois senhores, desta maneira, ou somos igreja plenamente, ou não somos.

A Páscoa nos fala justamente isso ser Igreja integralmente, morrer o velho para ressuscitar o novo. Infelizmente ainda perdura o modelo Judaico da fé, em que Deus morra no templo, e que vamos visitá-lo de vez em quando, para acalmar a ira de Deus. Necessitamos vivenciar a Igreja como movimento de transformação da vida, e que, a Igreja não está em um lugar específico, mas ela está onde nós estamos, ou seja, nós somos a Igreja.

Jesus revelou Deus como Pai, as pessoas como irmãs, valorizou a participação das mulheres, a sabedoria dos idosos, a importância das crianças e que não existe nada mais importante do que a convivência e o amor que brota e que é mantido pelo encontro e pela partilha. Por isso, ele deixou como sua presença uma refeição, a Ceia do Senhor: “façam isso em memória de mim” 1Co 11.25. Continuem se encontrando, partilhando suas vidas e aprendendo o amor que brota do encontro e da partilha.

Será que a Páscoa para nós fala de família, de uma grande família chamada comunidade, sociedade e humanidade, de encontro entre as pessoas, de valorização e cuidado da vida? Jesus foi crucificado não para impor novas cruzes, mas para que o amor pudesse ser maior que as cruzes, e, que o cuidado libertasse a vida dos sofrimentos impostos.

Nas nossas comunidades as pessoas se cuidam? Elas se encontram no amor que acolhe, no perdão que aproxima, na solidariedade que partilha? A nossa vida é o nosso ser Igreja, ou vivemos a Igreja apenas quando vamos ao templo, quando nos reunimos nos grupos, mas quando voltamos para casa tudo é diferente...

Jesus nos convida a viver a Páscoa em liberdade e alegria, como um jeito de viver a vida. Valorizando os encontros que temos com a nossa família, através dos momentos de diálogo, de partilha, de oração de cuidado entre os membros que morram juntos e tem vinculo sanguíneo. Valorizando os encontros com nossos vizinhos, colegas de trabalho e de escola, com as pessoas que convivemos diariamente, que acompanham a nossa vida diária e que necessitam de cuidado, de diálogo, de perdão e comunhão. Valorizando os encontros que a nossa comunidade oferece para celebrar a fé, para estudar a Palavra de Deus, para confessar os pecados, para praticar a solidariedade e a diaconia, e com isso, fortalecer a comunhão na presença de Deus. E principalmente valorizar e criar encontros com as pessoas que estão abandonadas sem encontros familiares, a margem da sociedade, sem trabalho, sem estudo, abandonadas. Desta maneira, elas seguem sendo crucificadas inocentemente, assim como Cristo foi. Nosso ser igreja precisa viver esses encontros que transformam a vida.

Encontros no templo, no salão comunitário, nas casas, nas estradas, no trabalho, na escola, e principalmente em nossa vida. Vida que mesmo sendo singular sempre é plural, pois, vida que é vida, só acontece no encontro e na partilha.

“Façam isso em memória de mim”... “E eu estou com vocês todos os dias...”

Olmiro Ribeiro Junior pastorado Escolar CFJL e
Universitário FAHOR. Horizontina


Autor(a): Olmiro Ribeiro Júnior
Âmbito: IECLB / Sinodo: Noroeste Riograndense
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7918

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