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A guerra que o Bush criou

02/09/2008

Estamos sob a batuta de uma nova determinação, a inconsequente e absurda Doutrina Bush, que almeja impor o domínio militar e político no mundo a partir de atitudes hostis a nações que pretendam rebelar-se contra os interesses da Casa Branca. Essa é a ideologia de governo defendida por simpatizantes ao redor do presidente Bush.

Mesmo com todo o aparato tecnológico que permite manipular a opinião pública e incutir o medo de ataques terroristas nas pessoas, é preciso perguntar por que os Estados Unidos escolheram muitos países da Ásia e da África? Para libertar estes países de ditadores responsáveis por sucessivos massacres aos seus opositores? Em outras épocas os Estados Unidos também apoiaram regimes sanguinários ao redor do mundo. Saddam Hussein e Osama Bin Laden, no passado eram aliados e detinham o apoio bélico e político dos americanos.

Se observarmos a história passada, veremos que as intervenções feitas pelos Estados Unidos nunca foram garantia para o surgimento de democracias em países que haviam sido atacados.

Não é preciso ser sábio para perceber que todo o empenho e determinação do governo Bush estava direcionado para uma única decisão: a necessidade do ataque a todas as nações que pudessem questionar os paradigmas políticos e econômicos impostos pelo modelo norte americano.

Por outro lado, uma guerra não pode ser vista apenas pelas suas nuances de destruição e prejuízos materiais. Guerra também é lucro. Com seus gastos absurdos, ela reforça a economia e serve de vitrine comercial ao exibir armamentos de última geração. É essa tecnologia militar incomparável que consegue intimidar qualquer ação contrária pelo mundo inteiro. O governo Bush outorgou-se o direito de ressuscitar um ideal que sugere os Estados Unidos como responsáveis por difundir uma ação messiânica pelo mundo afora. É uma cruzada para fazer valer e impor a ideologia americana a quem quer que seja.

Conseqüências ...

A diversidade no mundo árabe é tão grande quanto seu desconhecimento no ocidente. Não existe homogeneidade de caráter econômico, religioso e étnico. Se existe muita diversidade, há também um sistema de identidade que os une, uma história e uma religião preponderante, o islamismo. É essa afinidade que vem provocando a revolta de árabes em vários países. O repúdio dos povos à invasão americana não significa adesão ao regime de ditadores sanguinários. O povo não aceita a forma como as forças anglo-americanas estão conduzindo todo o processo. Não há simpatia pelas ditaduras, mas repúdio à arrogância e a ingerência de um país que desconhece a história e as singularidades destes povos oprimidos. É nessa perspectiva que o sentimento anti-americano vai ficando cada vez mais forte. O resultado será cada vez mais movimentos fundamentalistas buscando uma nova ordem através de ataques terroristas.

Dificuldades ...

As guerras e sanções econômicas redundam em dificuldades imensas aos países atingidos. A questão mais dramática é a queda da qualidade de vida infantil. De cada 8 crianças, pelo menos 2 morrem antes de completar 5 anos. Uma das maiores taxas de mortalidade infantil em pleno século XXI. Se os investimentos tivessem continuado, somente entre 1990 e 2000, mais de 5 milhões de crianças teriam vivido no Afeganistão, no Iraque e em outros países espalhados pela África Central.

Outro grupo que sofre as conseqüências do embargo econômico, é o das mulheres. Aproximadamente 60% delas são anêmicas. Os bombardeios trazem a interrupção no fornecimento de água e comida. Com isso, proliferam as doenças.

A guerra não faz apenas vítimas imediatas. Incontáveis são as incidências de câncer devido a toneladas de urânio despejadas nos ataques. A leucemia tornou-se uma doença comum. O seu tratamento não acontece em grande parte pela falta de medicamentos fornecidos pelos países do assim chamado – primeiro mundo.

As conseqüências de uma guerra são imprevisíveis. Contudo, são as minorias que física e emocionalmente são mais vulneráveis. Todas possuem uma tendência a sofrer distúrbios comportamentais como, por exemplo, a depressão.

Justificativas e motivações para fazer valer a guerra, podem ser construídas. A imposição contra os países mais pobres é parte de um ambicioso projeto de ocupação mundial, que pretende moldar o mundo aos interesses de grupos que possuem em G.W.Bush o seu porta voz e articulador. Os Estados Unidos não precisam mais do consentimento de ninguém. É a lei do mais forte que legitima qualquer princípio, razão ou ideologia.

 

Pastor Celso Gabatz
Paróquia Evangélica da Paz em Santa Rosa


Autor(a): Celso Gabatz
Âmbito: IECLB / Sinodo: Noroeste Riograndense
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8227

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