Em abril de 1521, Martim Lutero declarou diante da Assembleia na cidade de Worms: “Não posso, e nem quero anular o que eu disse, a menos que seja convencido de erro por meio da palavra da Bíblia ou por argumentos claros, porque não é aconselhável agir contra a própria consciência. Aqui estou. De outra maneira não posso. Que Deus me ajude.” Diante dessa afirmação, foi proscrito, perdendo toda a proteção da lei para sua segurança pessoal.
Suas 95 teses, fixadas na porta da igreja em Wittenberg, em 31 de outubro de 1517, iniciaram a maior revolução na história da Igreja Cristã: a Reforma Protestante.
Lutero pregou e publicou com ousadia sobre os abusos e erros da igreja romana. Por estas e outras razões, líderes da igreja Católica queriam a sua morte. Ele continuou vivo porque seu amigo, o príncipe Frederico, o manteve no castelo de Wartburg. Ali, traduziu o Novo Testamento para a língua alemã, para que as pessoas pudessem ler e estudar as Escrituras.
Lutero quis ser simplesmente um intérprete da Sagrada Escritura. A tradução da Bíblia tem um lugar central em sua vida. “Deus quer encontrar-se com os seres humanos essencialmente através da palavra pregada”.
Para ele, a Escritura não era um código moral ou doutrinal, contendo um conjunto de preposições que seria necessário aplicar ou compreender de maneira quase mecânica. Lutero aponta para Cristo que está no centro da Escritura, não como legislador, mas como salvador. Como ele mesmo diz: “Se tiras Cristo das Escrituras, que encontrarás nelas ainda?” Deus, em Jesus Cristo, acolhe e valoriza suas criaturas incondicionalmente por seu amor, sua graça e misericórdia.
Se Lutero tinha tanto apreço, respeito e dedicação à Palavra de Deus, porque nós luteranos hoje, herdeiros da reforma, lemos e “usamos” tão pouco a Sagrada Escritura?
Lembro que no 3º artigo da Constituição da nossa Igreja consta que a IECLB tem por fim e missão propagar o Evangelho de Jesus Cristo.
Uma bíblia em cada lar luterano! Talvez comece, ou continue, por aí a Reforma do século 21.
Se quisermos comemorar os 500 anos da Reforma, necessitamos nos instrumentalizar com aquilo que de mais original existe: A Escritura Sagrada.
Tânia Cristina Weimer, pastora sinodal do Sínodo Nordeste Gaúcho