Em meio a tantas dificuldades que surgem no dia a dia, advento é tempo de salvação. Diga sim à vida! Diga não ao descuido, à violência, à destruição e à opressão. Quando alguém sofre, todo corpo sofre, em Cristo Jesus (1 Coríntios 12.26-27).
No tempo de advento, Maria ouviu e compartilhou palavras de salvação (Lucas 1.26-55). O evangelista Lucas diz que um anjo anunciou a ela que o Filho que ela iria ter é o Salvador Jesus, o Messias esperado para libertar o povo do sofrimento. Ao ouvir, Maria se espantou com a informação. Não me espanta seu espanto. Quem não iria se espantar ao se dar conta de que a sua história era parte da história de salvação que Deus oferece ao seu povo?
O evangelista Lucas diz que para que Maria situasse sua história pessoal na história de salvação e de libertação de seu povo, o anjo usou dois argumentos: Primeiro afirmou que o Espírito Santo desceria sobre ela (Lc 1.35) e, em seguida, citou o exemplo de Isabel, que engravidou na velhice, “porque para Deus nada é impossível” (Lc 1.37). Ou seja, não somente a história dela, de José e Jesus, mas também à de Isabel, de Zacarias e de João Batista estavam entrelaçadas na história da salvação.
A presença do anjo, os argumentos que ele trouxe, o conhecimento da palavra e a fé fizeram Maria dizer: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela” (Lc 1.38). Dessa forma, Maria não apenas se reconheceu na história da salvação de seu povo, como também a abraçou de todo o seu coração.
Pela narração do evangelista Lucas, vemos que Maria, logo depois da saída do anjo, foi à casa de Isabel. Juntas viveram o advento de um novo Reino. Seu cântico (Lc 1.46-55) é um testemunho de fé que revela sua compreensão do projeto de salvação e de libertação de Deus para o seu povo.
E, por falar em espanto, lembremo-nos do espanto da comunidade de Nazaré quando Jesus, ao ler as palavrar do profeta Isaias, afirmou que o Espírito do Senhor está sobre ele para anunciar a boa notícia às pessoas pobres, presas, tristes, doentes, com deficiência, oprimidas e às que esperam por justiça (Lc 4.18-9). Naquele contexto, as palavras de Jesus geraram espanto: “Não é este o filho de José?” (Lc 4.22), como se ele não pudesse cumprir sua missão, por ser alguém simples do povo.
Que esse tempo de advento seja para nós o tempo de nos reconhecermos como parte da história da salvação. Com o que Deus tem feito você se espantar neste tempo de Advento e Natal? Qual o sentido da vinda de Jesus e da presença de Deus Espírito Santo, a Ruah (palavra hebraica feminina que se refere a Deus, Espírito Santo) em sua vida e na vida de sua comunidade?
Pa. Dra. Marli Brun
Pastora Voluntária no Sínodo Nordeste Gaúcho