Conforme o evangelho de Mateus, capítulo 21, após três anos de atuação ministerial, tendo saído da sua modesta Nazaré, na Galileia, e cruzado todo o país, Jesus chegava – a uma semana da Páscoa judaica – à cidade de Jerusalém, onde, como sabemos, enfrentaria o seu destino derradeiro. Naquele domingo, pessoas que foram se juntando a ele pelo caminho, uniram-se aos seus tradicionais discípulos, promovendo um evento bastante atípico na entrada da Cidade Santa. Conforme o relato bíblico, enquanto Jesus ingressava na cidade montado num jumentinho, as pessoas simples que os acompanhavam iam estendendo suas capas pelo caminho; outras, possivelmente ainda mais pobres do que as primeiras, arrancavam ramos de palmeiras e oliveiras, e também preparavam o caminho por onde, triunfalmente, o Senhor passava. Entusiasmadas, “as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam, clamavam: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas!” (Mt 21.10).
Curiosamente, após menos de uma semana, na Sexta-feira Santa, motivada pelo ódio disseminado pelas autoridades religiosas judaicas, o povo mudara a sua postura. De “HOSANA”, passou a gritar “CRUCIFICA”. De homenageado, Jesus passou a ser humilhado e hostilizado. O que foi que aconteceu? Por que as coisas mudaram tanto?
Ao longo daquela semana, Cristo mostrou ao povo a sua versão mais profética: expulsou os corruptos do Templo; perdoou uma mulher que seria apedrejada, acusada de adultério; e, por assim dizer, colocou as coisas no seu devido lugar. Pode-se dizer que, ao invés de dizer o que as pessoas queriam ouvir, falou aquilo que elas precisavam escutar. Como em vez de promessas e milagres, denunciou injustiças e acolheu pessoas discriminadas, tornou-se inconveniente, de modo que a solução mais prática foi tirá-lo do caminho.
Também hoje, em nossa sociedade contemporânea, se pararmos para pensar, os movimentos religiosos que mais se expandem não são os que nos confrontam com a Escritura, mostrando-nos o que precisamos ver; mas aqueles que nos ludibriam, com discursos individualistas e promessas totalmente desconexas com o Evangelho de Cristo e com a realidade. A partir disso, em vez de servir e amar ao próximo, acabamos alienados, alimentando a nossa própria ganância.
Queridos irmãos, queridas irmãs, ainda estamos no período da Quaresma. Tempo propício para repensar a nossa vida e corrigir, sempre que possível, os nossos rumos. Quanto a Cristo, não importa se você só tem uns simples galhos de árvore para recebê-lo. O que ele quer mesmo é entrar em tua casa, fazer parte da tua vida e ter comunhão contigo (Ap 3.20).
Oração: Querido Deus e Pai, tu que criaste o ser humano à tua imagem e semelhança e, mesmo após sua queda em pecado, não o esqueceste; pelo contrário, enviaste teu filho, Jesus Cristo, para promover a tão necessária reconciliação. Perdoa-nos, Senhor, quando nos afastamos de ti. Permite que, principalmente neste período de quaresma, nossos olhos e ouvidos estejam abertos à tua Palavra. Fortalece-nos, Senhor, na fé. Em nome de Cristo Jesus. Amém!
Catequista Daniel Ricardo da Costa
Ministro na Paróquia de Igrejinha
