Por mais que não pareça, um dos lugares mais importantes dentro da vivência da fé cristã é o cemitério. Não apenas por ser o lugar em que deixamos nossos entes queridos, onde pranteamos a sua ausência e levamos nossas homenagens e cuidados pós-morte, mas também por ser um lugar de esperança, consolo, fortalecimento e vivência da fé.
Na cultura popular, o cemitério é um lugar triste, assustador, pesaroso e até uma fonte para histórias. Há uma parte especial da imaginação popular voltada para esse lugar que às vezes nos causa tanta tristeza, mas que não é considerada da forma como deveria.
Martim Lutero chama este lugar especial de “jardim de Deus”, onde estão entregues ao descanso as pessoas que fizeram parte de nossa vida, da comunidade de fé e que aguardam pela ressurreição.
É claro que ali nós choramos, oramos, conversamos, levamos flores e mantemos sempre bem cuidado o lugar que é a última morada da pessoa aqui na terra. Mas muito além disso, ali temos o maior lugar de esperança no mundo, pois deste lugar todos sairão e, pela fé verdadeira em Jesus Cristo, receberão a recompensa da vida eterna, de terem servido e amado ao seu Senhor e Salvador, tendo a certeza de um reencontro real.
A frase-título desta meditação foi escrita pelo poeta francês Paul Marie Verlaine, e está entalhada em um dos túmulos do cemitério luterano da comunidade de São José do Hortêncio, trazendo por tradução o seguinte: “A fé conforta onde o amor chora”.
Ao ler essa frase, sempre me lembro do elo que existe entre fé, esperança e amor, pois a fé permite que nos acheguemos a Cristo para pedir e receber perdão sincero e real e sermos conduzidos em meio aos nossos dias; a esperança permite que pensemos e nos firmemos naquilo que ainda está por vir; e o amor permite que possamos ser auxiliados por nosso Senhor em tempos de necessidade, mas que também fortaleçamos e carreguemos os que necessitam entre nós, para que sejam animados pela esperança que nos vêm do Pai, por meio do seu Espírito Santo.
Lembro-me também da promessa que traz o versículo 58 de 1 Co 15: “Portanto, meus amados irmãos, sejam firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor,sabendo que, no Senhor, o trabalho de vocês não é vão”. Ser firme, inabalável e dedicado ao Senhor permite que sejamos lembrados de que aquilo que fazemos aos outros, em conforto, consolo e auxílio não é em vão, embora choremos juntos volta e meia, e nos alivia os fardos desta vida.
Que o Senhor possa manter firmes a nossa esperança e a fé. Amém!
Oração: Bondoso Pai, graças te dou por poder ser cuidado por ti em meio à saudade, à dor e ao luto pela pessoa querida que partiu. Permita que eu também possa confortar e consolar. Em nome de Jesus. Amém.
P. Adelar Ragazzon Appelt
Paróquia Evangélica de São José do Hortêncio
