Vivemos dias de muita correria e muitas atividades. Encerramento de grupos na comunidade, na escola e no trabalho. Parece que vão faltar dias no mês de dezembro se levarmos em conta tudo que ainda temos para fazer. Em nossas comunidades, falamos e ouvimos que o tempo de Advento é um tempo de espera, de preparo e de reflexão; porém, não é isso que percebemos ao olhar à nossa volta. Não temos tempo para parar, não temos tempo para esperar e nem sequer refletimos o que isso tudo significa em nossos dias. Como já acontece em todos os anos, o comércio e a mídia saem adiantados e celebram o Natal dos presentes, das festas, dos brindes e, no meio de tantas opções, nem sabemos realmente o que precisamos. Em meio ao ativismo, acabamos esquecendo que nos aproximamos do Natal e talvez já não compreendemos mais o real sentido desta época em nossas vidas.

O que devemos lembrar nesse momento é que o espírito natalino do comércio não é o mesmo que nós como igreja pregamos ou buscamos viver. As intenções são bem diferentes. A igreja não quer fazer as pessoas crerem que são amadas porque recebem presentes ou que valem pela quantidade de cartões de Natal que recebem. Para nós cristãos, Natal é o nascimento de Cristo na história da humanidade. Deus se faz gente e passa a viver no meio das pessoas com a finalidade de transformar nosso coração e nossas vidas por completo, e não apenas para mudar o nosso exterior.

No Antigo Testamento, em Gênesis 11, nós podemos ler a história da Torre de Babel. Esse relato aparece para mostrar que a vaidade do ser humano e o seu orgulho não são recentes, e que o fruto da vaidade e do orgulho é a discórdia, a briga e a destruição. Em Gn 11.4, nós lemos que aquelas pessoas afirmaram o seguinte: “Venham, vamos edificar para nós uma cidade e uma torre, cujo topo chegue até aos céus e tornemos assim o nosso nome conhecido...”. Chegar até o céu, ser como Deus e ter um nome conhecido parece ser um desejo que acompanha o ser humano há muito tempo e não é muito diferente do que enxergamos na atualidade.

Nós sabemos que a construção da torre de Babel acabou em grande confusão e que as pessoas daquela época não chegaram aos céus. Passaram-se os anos, e novas torres foram construídas, grandes prédios que são construídos com a intenção de serem “os maiores” e ter seu nome e marca reconhecidos. Na história da Torre de Babel, na história do ser humano, percebemos uma tentativa de chegar a Deus. Porém, na história de Natal acontece o contrário, ou seja, Jesus vem do céu para a terra, Deus passa a viver no meio das pessoas. Nesse mundo de guerras, nasce o príncipe da paz. Cumpre-se o que nos disse o profeta Isaías: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. (Is. 9.6)

No Advento, nós nos preparamos para isso, para a presença do Senhor Jesus entre nós. É o início de uma nova forma de viver a vida, onde nós continuamente somos transformados em novas pessoas, aprendemos a amar, perdoar a vivermos em comunhão, mesmo sendo tão diferentes uns dos outros. Na realidade, seremos sempre diferentes, nunca seremos iguais. Sempre teremos as diferenças, que deverão ser superadas e transformadas em cooperação para sermos instrumentos de bênção usados pelo Senhor na edificação do Reino de Deus.

Nós precisamos aprender a partir da Palavra do Senhor a sermos transformados em pessoas que têm paz em seu coração e disposição para falar da salvação que recebemos com a vinda do Salvador, o nosso Senhor Jesus Cristo. Nós precisamos parar de ser tão arrogantes e buscar mais os conselhos de Deus; precisamos praticá-los também nos momentos em que o nosso coração está endurecido. A Palavra de Deus, que traz vida eterna, deve ser o que direciona o nosso agir.

Estamos próximos do Natal e, com certeza, para a maioria das pessoas, a correria está muito grande, afinal de contas, há muito o que preparar. Percebemos as casas sendo organizadas, as decorações sendo preparadas, o comércio nota o aumento no movimento. Porém, diante de tudo isso, não devemos permitir que se perca o real sentido dessa festa.

Que nesse tempo de advento, possamos nos preparar não para uma festa sem sentido, mas que possamos celebrar a vinda do nosso Salvador. Através do nascimento de Cristo, recebemos um presente eterno das mãos de Deus. E você, já aceitou e recebeu este presente? É tempo de se relacionar com o Senhor que se fez gente e que veio até nós. É tempo de nos reconciliarmos com nossos familiares e amigos, é tempo de encher o nosso coração de esperança. A Bíblia nos diz que Cristo voltará e que muitos não estarão preparados para recebê-lo. Será que nós estamos?

Deus está ao nosso alcance hoje, não pelas torres que nós construímos, mas pela sua Palavra que vem até nós, que é viva e eficaz. Busquemos viver uma vida de comunhão com Deus e, com certeza, nossa vida será diferente. Pratiquemos a leitura da Bíblia, participemos da vida em comunidade, aproveitemos este tempo de advento, que é sim um tempo de espera para viver um verdadeiro Natal em nossa vida.

Oração: Senhor Deus, obrigado pelo teu imenso amor. Diante de tudo que a humanidade já fez, tu poderias ter desistido de nós, quem sabe até ter feito uma nova criação. Mas nunca deixaste de nos amar e vieste até nós, mesmo sendo pecadores e vivendo contra a tua vontade. Obrigado por que enviaste Jesus Cristo e que nele podemos depositar a nossa confiança e toda a nossa esperança. Obrigado pelas promessas que tens feito a nós, mesmo que por vezes tenhamos dificuldades de acreditar totalmente nisso. Diante disso, pedimos que aumentes a nossa fé. Ajuda-nos a esperarmos com fidelidade e ansiedade pela tua vinda. E, enquanto estamos a caminho, que teu Santo Espírito nos ensine, nos anime e nos conduza. Oramos em nome de Jesus. Amém.

P. Maurício Ronan Nagel
Comunidade Evangélica de Gramado