“O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade”. (1 Co. 13.6).
Ventos trazem mudanças. Céus escuros trazem ventos fortes. Árvores são sacudidas. Folhas se espalham. O calor da tarde se vai. Ventos frios anunciam o inverno. Árvores perdem seu vigor, seu brilho. Seca-se a grama. Sofre quem não tem com que se agasalhar. Sim, ventos não passam sem mudarem as coisas. Mais ou menos assim age o vento de Deus, Ruah – vento suave, movimento do ar, sopro de vida, alento de vida, vento criativo de Deus.
Na linguagem do profeta Ezequiel 37, o Espírito Divino, quando sopra pelos vales, transforma. Nem mesmo ossos secos resistem à ação vivificadora do vento, quando dos quatro cantos da terra traz a umidade para a humanidade feita túmulo. “Porei respiração dentro de vocês e os farei viver de novo … vocês ficarão sabendo que eu sou o Senhor” (Ez 37. 6b).
O Espírito dos Ventos provoca mudança, desloca tudo do seu lugar. Transforma mentes desanimadas em suaves esperanças. Ergue à insurreição de pessoas amordaçadas, abandonadas, indefesas, desprotegidas. Enquanto o Espírito dos Ventos sopra, agitado ou suave, ressecando ou umedecendo, folhas se deslocam, se viram, se agitam, caem das árvores. Estas folhas e folhinhas que caem ao vento, simples, amareladas, como que no outono da vida, se parecem a comunidades. Sim, nós cristãos, que somos a comunidade de Jesus, diariamente presenciamos o absurdo ao nosso redor. Crueldades que ameaçam a dignidade da vida. Quando o “progresso” promove suas estações malucas, constrói barragens que torturam lindas plantas e animais, quando pedras são colocadas debaixo do viaduto para evitar que pessoas sem casa pudessem se abrigar, o negacionismo à cultura e a ciência, criança acorrentada dentro de um barril, com maus tratos e desnutrida … parece que já não se vê crianças no futuro. O Vento da Vida chama comunidades, grupos, para irem à luta. É assim que são os ventos: transformam. Que em nossas igrejas, comunidades não faltem as folhinhas de outono. Martin Luther King nos lembra: “A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar”. Continuemos na esperança, na resiliência e na confiança do Apóstolo Paulo, que diz: “O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade”. (1 Co. 13.6). Amém.
Oremos: Senhor, vento da vida. Vem a nós e nos inspira a fé e a esperança. Traz ao teu povo sofrido vida e alimenta o nosso amor. Traz consolo, conforto, amparo nestes tempos difíceis. Promove comunhão e entendimento entre os teus filhos e tuas filhas. Anima-nos a construir um mundo melhor e mais justo. Auxilia nos para que tenhamos gestos de acolhimento e tolerância com as mais diversas situações que vivemos no cotidiano. Que sejamos abençoados por ti, em nossa liberdade, em nosso serviço e compromisso com a verdade e a justiça. Em nome de Jesus, amém.
Diácona Telma Merinha Kramer
Gramado