Hoje nossa história de Dons a serviço da vida vem de Vale Real. É a história de Anelise Tempass, que desde bem pequena via seus pais envolvidos na Igreja e na Comunidade. Seu pai Agnelo Lamb foi presidente da Comunidade e sua mãe Dulce Lamb frequentava assiduamente a OASE e cantava no coral.
Anelise lembra que naquela época ela nem sabia ver as horas. A solução que seu pai achou para lhe ensinar a que horas deveria tocar o sino quando eles iam na roça, foi lhe mostrar onde os ponteiros do relógio deveriam estar para mostrar quando era hora de anunciar que o meio dia estava perto. Isto era às 11h30. De manhã o badalar dos sinos acordava o povo quando clareava o dia e de noite o horário era anunciado ao escurecer.
O pai Agnelo levantava de manhã para tomar chimarrão e chamava um dos três filhos (Anelise, Anisia e Adenir) um de cada vez e deixava a mãe dormir um pouco mais por que o dia não seria fácil. Os anos foram passando e Agnelo adoeceu e faleceu com 39 anos vitimado por um câncer. Esse óbito foi um abalo para a família. Para um apoio os avós maternos vieram residir ao lado. Anelise lembra que eram muito pobres e receberam muita ajuda da comunidade e parentes. Mas com alegria continuaram a tocar os sinos.
Mais tarde as irmãs Anelise e Anisia foram trabalhar na Reichert Calçados, mas um tio continuou com o legado de puxar os sinos. Na empresa Anelise conheceu Osmar Luiz Tempass e estão casados há 36 anos. Com o falecimento deste tio o tocar dos sinos passou para a família novamente pois não havia ninguém que quisesse assumir este compromisso.
O exemplo familiar de servir estava enraizado em Anelise. Ela foi a primeira mulher a se tornar presidente da Comunidade de Bananal e também da Sociedade local. Anelise sempre foi atuante participando do coral, fazendo parte do presbitério, tendo frequentado a OASE e Clube de Mães.
Anelise conta que “Na época que fui presidente tivemos a ideia de colocar sinos automatizados, o que seria um investimento muito grande, mas com o passar dos anos se faria necessário pois com certeza haveria dificuldade para achar quem desse continuidade a este serviço. Conseguimos fazer a automatização dos sinos. Com gratidão e alegria ainda programo os sinos de maneira voluntária. Em minhas orações peço a Deus que sempre haja pessoas gratas que se disponham a servir em suas comunidades.”
Com certeza o exemplo de servir passou a seus filhos, Dionéia e Henrique que também ajudaram a tocar os sinos. Agora ela tem a companhia do neto Brayan quando vai programar o badalar os sinos.
